Nas eleições legislativas de 2019, o Partido Socialista ganhou as eleições com 36,35 % dos votos e nesse ano aconteceu o aparecimento de três novos partidos representados no Parlamento: CHEGA, Iniciativa Liberal e Livre, cada um elegendo 1 deputado. No ano de 2025, aconteceu um “terremoto” eleitoral, que provocou um queda abismal das forças de esquerda, sendo o PS um dos maiores derrotados, quer a nível nacional, quer no concelho de Paredes.
De facto, a coligação PSD/CDS-PP venceu com uma grande diferença em Paredes, obtendo 39,16 % (20836 votos). O CHEGA alcançou um extraordinário segundo lugar com 24,07 %,(12806 votos), ultrapassando o PS, que ficou em terceiro com 20,03 % (10806 votos). O PS tinha obtido nas eleições legislativas do ano de 2022, 44,19% dos votos, tendo perdido drasticamente 24 pontos percentuais em 2025. A coligação PSD/CDS-PP, cresceu de 35 % para 39 %, tendo vencido de forma clara no Concelho de Paredes. Contudo, o Chega, subiu de cerca de 5 % para 24 %, tornando-se a segunda força política no concelho.
As próximas eleições autárquicas decorrerão num contexto político rigorosamente diferente do anterior, pois a ascensão do CHEGA, e mesmo da Iniciativa Liberal, originou uma clara fragmentação dos votos e uma crescente diversificação política. A volatilidade do voto é uma realidade inegável, e se os novos partidos forem capazes de apresentar candidatos credíveis, o panorama político em Paredes poderá mudar de uma forma avassaladora.
Alexandre Almeida (PS), atual presidente da Câmara eleito em 2017 e reeleito em 2021, lançou-se já para o seu terceiro e último mandato. O PSD apresentou como cabeça de lista o empresário e ex-vereador, Mário Rocha, no sentido de tentar capitalizar o impulso nacional da Aliança Democrática. O grande ponto de interrogação, é se o CHEGA será capaz de apresentar um candidato que capitalize o resultado eleitoral do partido.
Entretanto, as redes sociais são o “palco” político mais utilizado, com os “influenciadores digitais” a tentarem esconder a força da realidade dos números. O que dantes parecia um claro passeio para os atuais dirigentes políticos, que dirigem os destinos do concelho, tornou-se num grande desafio, quer pelo novo contexto político, quer pelos inúmeros erros cometidos, quer pelo aparecimento do candidato da Aliança Democrática, Mário Rocha, que fruto da experiência adquirida, ao nível empresarial, social e político, é um potencial vencedor das próximas eleições autárquicas em Paredes.
O importante é que o processo seja democrático e transparente, onde sejam discutidos os principais temas para o desenvolvimento do concelho. Só é pena que a tentação do “Lápis Azul” agir sobre alguém que ouse discordar, ainda seja uma realidade, 50 anos depois do 25 de Abril. Essa tentativa de criar uma determinada perceção, que os números desmentem, manifesta-se também pela existência de influenciadores digitais, que tentam denegrir quem tem a coragem de se apresentar como candidato, ou quem apresenta publicamente a sua visão.
As redes sociais são o palco preferido e existe uma comunicação direta com o eleitor, o que aliado a um novo “xadrez político”, e ao aparecimento de candidatos credíveis, tornam imprevisíveis as próximas eleições autárquicas em Paredes.
Faustino Sousa
Professor