Após um ano de governo minoritário da AD – um governo que estava a governar bem – a oposição decidiu unir-se. Um “caso” com a empresa familiar do primeiro-ministro parecia a tempestade perfeita para dar o empurrão que tanto Pedro Nuno como André Ventura muito ambicionavam.
Esperar mais um ano poderia significar ver a governação dar ainda mais frutos. E isso não interessava. Mas se há um ano os resultados foram quase um empate entre os dois do costume, agora o povo decidiu falar mais alto. E o que disse foi simples: “Deixem a AD e o Luís governar.” Um recado claro, quase paternal, como quem diz:“Agora portem-se bem.”
O resultado eleitoral disse-nos outra coisa – o eleitor está descontente com os partidos de esquerda. A radicalização do Partido Socialista secou os partidos à sua esquerda e, não fosse o eleitorado fiel ao Partido Socialista, o resultado teria sido ainda pior. De norte a sul do país, o Partido Socialista perdeu votos em todos — todos — os municípios. Em sentido inverso, a AD e o Chega conquistaram eleitores em quase todos os municípios.
Este é um resultado nacional do qual se podem fazer radiografias locais? Não, não é. Este é um resultado nacional do qual não se podem fazer radiografias locais; no entanto, há municípios onde é impossível não fazê-lo. E um desses municípios é Paredes. Um município governado pelo Partido Socialista, que lidera 14 das 18 juntas de freguesia e com um deputado recandidato.
Serão estas condições insuficientes para o Partido Socialista contrariar a tendência? Ou serão estas condições um espelho de um partido que está iludido com o exercício do poder, entretido com guerras internas e que tenta emendar a mão a tempo das autárquicas?
O resultado eleitoral em Paredes só foi surpreendente para quem anda de costas voltadas para a realidade. Quem anda na rua, quem ouve e conversa com as pessoas e sente o pulsar da sociedade, já percebia há muito o que aí vinha. O desgaste do PS é tão evidente que já não são precisas lupas nem sondagens. O que se passou nas urnas foi quase uma dança de cadeiras: os votos que a AD ganhou face a 2024 foram praticamente os mesmos que o PS perdeu. Um equilíbrio quase poético – se não fosse trágico para quem ainda se agarra ao poder com unhas e dentes, mesmo quando as unhas já estão gastas e os dentes sorriem cada vez menos.
No espaço de um ano, o PS perdeu em Paredes todas as eleições que disputou. Todas. Talvez a culpa seja dos astros, do tempo, dos colaboradores do município (quem nunca?) ou de um qualquer karma político. Mas talvez – só talvez – a culpa seja de um certo alheamento da realidade, de uma liderança que já não lidera e de um deputado (à rasca, mas deputado) que, apesar de ser “da nação”, padece de níveis de popularidade baixíssimos. Nem na sua própria freguesia consegue vencer uma eleição. Preocupante para ele e para as suas ambições.
Por outro lado, em Gandra, que apresentava Sandra Martins como candidata pela AD à Assembleia da República, a coligação obteve mais do dobro dos votos do Partido Socialista. Coincidência? Claro que não. O eleitor, imbuído de uma dinâmica de vitória nacional, também decidiu recompensar a coligação que apresentou uma candidata da terra, com um vasto currículo de trabalho pela freguesia e com uma marca que a distingue dos demais: competência. Diria mesmo que Sandra Martins é hoje um dos ativos mais importantes do PSD em Paredes e a prova de que, em política, é possível crescer a pulso e por competência.
Mas, em pleno período pré-autárquico, para que servem estas análises? A resposta é simples: servem para deixar claro que, tal como está, o Partido Socialista em Paredes parece mais preocupado em sobreviver do que em vencer, ficando cada vez mais difícil emendar a mão. As obras eleitoralistas estão mesmo aí. Prometem-se obras de saneamento, pavimentações, parques urbanos, campos de futebol e, sobretudo, a promessa de que “para o ano é que vai ser”. Os eleitores, inteligentes como só eles sabem ser, tendem a não recompensar a mera sobrevivência.
Por outro lado, forte, unido, mobilizado, com pensamento crítico e próximo das pessoas, o PSD vai fazendo o seu caminho. Conquistando voto a voto. Com uma liderança forte, que sorri, que envolve todos e não deixa ninguém para trás. E, sobretudo, com o candidato Mário Rocha, que colhe a simpatia dos paredenses e demonstra, dia após dia, como é que se vai Viver melhor em Paredes.
As autárquicas começaram em maio!
Jorge Oliveira
Dirigente da Comissão Política do PSD/Paredes