Artigo de Opinião | As Autárquicas Começaram em Maio

Jorge Oliveira
No passado dia 18 de maio, como quem cumpre um ritual democrático mais por obrigação do que por entusiasmo, lá fomos todos votar. Sim, todos. Ou, vá, todos menos uns quantos abstencionistas.

Após um ano de governo minoritário da AD – um governo que estava a governar bem – a oposição decidiu unir-se. Um “caso” com a empresa familiar do primeiro-ministro parecia a tempestade perfeita para dar o empurrão que tanto Pedro Nuno como André Ventura muito ambicionavam.

Esperar mais um ano poderia significar ver a governação dar ainda mais frutos. E isso não interessava. Mas se há um ano os resultados foram quase um empate entre os dois do costume, agora o povo decidiu falar mais alto. E o que disse foi simples: “Deixem a AD e o Luís governar.” Um recado claro, quase paternal, como quem diz:“Agora portem-se bem.”

O resultado eleitoral disse-nos outra coisa – o eleitor está descontente com os partidos de esquerda. A radicalização do Partido Socialista secou os partidos à sua esquerda e, não fosse o eleitorado fiel ao Partido Socialista, o resultado teria sido ainda pior. De norte a sul do país, o Partido Socialista perdeu votos em todos — todos — os municípios. Em sentido inverso, a AD e o Chega conquistaram eleitores em quase todos os municípios.

Este é um resultado nacional do qual se podem fazer radiografias locais? Não, não é. Este é um resultado nacional do qual não se podem fazer radiografias locais; no entanto, há municípios onde é impossível não fazê-lo. E um desses municípios é Paredes. Um município governado pelo Partido Socialista, que lidera 14 das 18 juntas de freguesia e com um deputado recandidato.

Serão estas condições insuficientes para o Partido Socialista contrariar a tendência? Ou serão estas condições um espelho de um partido que está iludido com o exercício do poder, entretido com guerras internas e que tenta emendar a mão a tempo das autárquicas?

O resultado eleitoral em Paredes só foi surpreendente para quem anda de costas voltadas para a realidade. Quem anda na rua, quem ouve e conversa com as pessoas e sente o pulsar da sociedade, já percebia há muito o que aí vinha. O desgaste do PS é tão evidente que já não são precisas lupas nem sondagens. O que se passou nas urnas foi quase uma dança de cadeiras: os votos que a AD ganhou face a 2024 foram praticamente os mesmos que o PS perdeu. Um equilíbrio quase poético – se não fosse trágico para quem ainda se agarra ao poder com unhas e dentes, mesmo quando as unhas já estão gastas e os dentes sorriem cada vez menos.

No espaço de um ano, o PS perdeu em Paredes todas as eleições que disputou. Todas. Talvez a culpa seja dos astros, do tempo, dos colaboradores do município (quem nunca?) ou de um qualquer karma político. Mas talvez – só talvez – a culpa seja de um certo alheamento da realidade, de uma liderança que já não lidera e de um deputado (à rasca, mas deputado) que, apesar de ser “da nação”, padece de níveis de popularidade baixíssimos. Nem na sua própria freguesia consegue vencer uma eleição. Preocupante para ele e para as suas ambições.

Por outro lado, em Gandra, que apresentava Sandra Martins como candidata pela AD à Assembleia da República, a coligação obteve mais do dobro dos votos do Partido Socialista. Coincidência? Claro que não. O eleitor, imbuído de uma dinâmica de vitória nacional, também decidiu recompensar a coligação que apresentou uma candidata da terra, com um vasto currículo de trabalho pela freguesia e com uma marca que a distingue dos demais: competência. Diria mesmo que Sandra Martins é hoje um dos ativos mais importantes do PSD em Paredes e a prova de que, em política, é possível crescer a pulso e por competência.

Mas, em pleno período pré-autárquico, para que servem estas análises? A resposta é simples: servem para deixar claro que, tal como está, o Partido Socialista em Paredes parece mais preocupado em sobreviver do que em vencer, ficando cada vez mais difícil emendar a mão. As obras eleitoralistas estão mesmo aí. Prometem-se obras de saneamento, pavimentações, parques urbanos, campos de futebol e, sobretudo, a promessa de que “para o ano é que vai ser”. Os eleitores, inteligentes como só eles sabem ser, tendem a não recompensar a mera sobrevivência.

Por outro lado, forte, unido, mobilizado, com pensamento crítico e próximo das pessoas, o PSD vai fazendo o seu caminho. Conquistando voto a voto. Com uma liderança forte, que sorri, que envolve todos e não deixa ninguém para trás. E, sobretudo, com o candidato Mário Rocha, que colhe a simpatia dos paredenses e demonstra, dia após dia, como é que se vai Viver melhor em Paredes.

As autárquicas começaram em maio!

Jorge Oliveira 

Dirigente da Comissão Política do PSD/Paredes