Apagão testou resposta da Proteção Civil no Marco de Canaveses

bruno monteiro
O recente apagão que deixou Portugal às escuras durante várias horas representou um verdadeiro teste de resistência aos sistemas de resposta de emergência, incluindo no Marco de Canaveses. Bruno Monteiro, coordenador da Proteção Civil local, descreve os momentos críticos e as decisões que foram tomadas no terreno para minimizar o impacto junto da população e dos serviços essenciais.    

“A falha generalizada nas comunicações foi, sem dúvida, o maior desafio. Muitas das linhas fixas e móveis deixaram de funcionar, o que dificultou a articulação entre os vários serviços e instituições”, começou por relatar. Para além da quebra de energia, o risco de colapso das redes de comunicação quase comprometeu a coordenação entre equipas de emergência e entidades locais.

Apesar disso, a resposta foi célere. “Logo após o início do apagão, ativámos os procedimentos previstos nos planos de contingência/emergência do Município. Reunimos de imediato com os dirigentes dos serviços municipais e definimos prioridades claras de intervenção”, explicou. Um dos focos prioritários foi o apoio a instituições críticas. “Destacaria o apoio ao Centro de Saúde do Marco, para onde mobilizámos um gerador de forma a garantir a conservação segura de vacinas e medicamentos”, referiu.

Além disso, a Proteção Civil reforçou reservas de combustível e garantiu energia para a bomba do depósito municipal. “Assim assegurámos o abastecimento de viaturas de emergência, caso fosse necessário”, acrescentou Bruno Monteiro.

Com a situação controlada, a prioridade agora é aprender com o ocorrido. “Esta emergência civil deve ser entendida como um exercício real de proteção civil, cujo teste foi extensivo a toda a sociedade portuguesa”, afirma. Para o responsável, o episódio provou a importância de reforçar a resiliência das infraestruturas: “ficou claro que é essencial termos redundância nos sistemas críticos, quer em termos de energia, quer de comunicações.”

A nível local, a experiência evidenciou a necessidade de manter reservas estratégicas, ter geradores próprios e assegurar contactos diretos com instituições vulneráveis. A nível nacional, considera essencial “continuar a investir em redes energéticas e de comunicações mais resilientes e eficazes, para que se consiga, no mínimo, disparar um SMS para as populações com indicações simples do que está a acontecer e como proceder”.

No que diz respeito à atuação futura, Bruno Monteiro destaca a importância da proximidade institucional. “A capacidade de resposta foi mais eficaz porque já existia um conhecimento prévio das necessidades e das vulnerabilidades de cada entidade”.

Por fim, deixa um conselho à população. “Para qualquer situação de emergência prolongada, de origem natural ou antrópica, a nossa recomendação é que as famílias tenham em casa um kit básico de emergência — com lanterna, rádio com pilhas, água e uma fonte de energia alternativa para carregar telemóveis”. E conclui com um apelo: “manter a serenidade, evitar deslocações desnecessárias e seguir sempre as orientações oficiais. E, acima de tudo, manter o espírito de entreajuda, cooperação e solidariedade.”

O apagão que apanhou o país de surpresa serviu, no Marco de Canaveses, como um alerta e, simultaneamente, uma prova de resistência. A resposta da Proteção Civil demonstrou a importância da preparação local e da cooperação entre entidades. Mas, como sublinha Bruno Monteiro, “em proteção civil, todos somos convocados”. Num cenário em que as emergências podem surgir a qualquer momento, a prevenção e a organização coletiva continuam a ser as ferramentas mais eficazes para garantir a segurança de todos.