Desde o início da obra, a gestão camarária demonstrou uma falta de cuidado e previsibilidade ao não antecipar a presença dos sobreiros na área de construção. A descoberta(!) tardia destas árvores protegidas resultou numa série de processos burocráticos que incluíram a obtenção de uma Declaração de Imprescindível Utilidade Pública (DIUP) e a dispensa da Avaliação de Impacte Ambiental (AIA). Todo este processo poderia ter sido evitado ou, pelo menos, mitigado com um planeamento mais rigoroso e uma análise prévia mais detalhada. A decisão de abater os sobreiros foi controversa, com os vereadores da CDU e do PSD a votarem contra e a criticarem a forma como o processo foi gerido, desde o início e em que a Câmara de Gondomar defendeu que todas as medidas processuais foram cumpridas e que a decisão de abater os sobreiros foi necessária para avançar com a obra.
Os 4 milhões de euros que resultaram do atraso na execução da obra são um exemplo claro de como a ineficiência na gestão pública pode ter um impacto financeiro direto e significativo. Este valor poderia ter sido canalizado para iniciativas muito mais urgentes e necessárias, como o apoio social às famílias mais desfavorecidas de Gondomar ou a construção de habitação social. Em vez disso, foi gasto na correção de um erro que poderia e deveria ter sido evitado.
A Câmara de Gondomar tem a responsabilidade de gerir os recursos públicos de maneira eficiente e transparente. Os 4 milhões de euros desperdiçados poderiam ter proporcionado um alívio significativo para muitas famílias que lutam diariamente para sobreviver. Poderiam ter sido usados para criar programas de apoio alimentar, subsídios para o pagamento de rendas ou até para a construção de novas habitações sociais, uma necessidade sentida a nível concelhio em particular e do país, em geral.
Embora a construção da Via Nordeste seja essencial para melhorar a infraestrutura rodoviária de Gondomar, os custos e os atrasos associados a esta obra destacam a necessidade urgente de uma melhor gestão e planeamento, em projetos futuros. A população de Gondomar merece que o Executivo não só planeie de forma eficiente, como também se antecipe aos desafios, minimizando desperdícios e focando-se no bem-estar da comunidade.
Os gondomarenses têm o direito de exigir uma explicação para este desperdício e, mais importante, garantias de que tais erros não se repetirão. Afinal, a eficiência no uso dos recursos públicos não é apenas uma questão de responsabilidade, mas de respeito pelos cidadãos que financiam estes projetos através dos seus impostos. Gondomar teria saído a ganhar.
Urbano Marques
Presidente da Concelhia do CDS de Gondomar