Já lá vão os tempos em que a indústria predominava no concelho, com especial destaque para os setores metalúrgico, metalomecânico e têxtil. Hoje, Gondomar dispõe de algumas zonas industriais parcialmente vazias, fruto dos elevados preços por metro quadrado dos terrenos para construção, e da política fiscal pouco convidativa adotada pelo Município. As taxas de IMI, IRS e de Derrama praticadas pelo Município de Gondomar, quando comparadas com as praticadas noutros municípios, desincentivam à instalação de empresas no mesmo, e protela o desenvolvimento do setor industrial no concelho.
Uma maior ambição, traduzida na redução da carga fiscal sobre as empresas, poderia resultar na captação de um maior tecido empresarial e industrial para o concelho de Gondomar e, por conseguinte, na captação de maior receita para o Município e na criação de mais postos de trabalho para os gondomarenses.
A redução da carga fiscal pode e deve ser alargada às famílias, nomeadamente, a taxa de IMI Familiar, tendo em conta que o atual executivo não logrou possível reduzir a fatura da água dos gondomarenses – uma das mais caras do país –, nem mesmo um acordo que permitisse cobrir a totalidade da despesa acrescida daqueles que combateram, com meios próprios, os incêndios que deflagraram no concelho.
Também noutros tempos, a construção de habitações sociais era prolífera em Gondomar. Hoje, a aposta na habitação social é concentrada na recuperação das
existentes, pelo que a construção de novas parece ter sido relegada para segundo plano, logo numa altura em que é bastante reivindicada pelos partidos da oposição e pelos gondomarenses no geral.
Só aumentando a oferta o Município de Gondomar poderá acompanhar a crescente procura na habitação – tal será possível com um investimento na construção de Habitações a Custos Controlados (HCC) em zonas estratégicas do concelho, após finalizar a revisão do Plano Diretor Municipal (PDM), sem olvidar o sentido de oportunidade existente na construção de residências universitárias nas freguesias de Rio Tinto e Baguim do Monte, dada a respetiva proximidade ao Pólo Universitário da Asprela, beneficiada pelos meios de transporte público aí existentes.
Relativamente ao turismo em Gondomar, defendo que a beneficiação das praias fluviais existentes no concelho deveria ter sido acompanhada por outros projetos estruturantes no alto concelho – os lugares de Covelo e Ferreirinha, privilegiados pela proximidade aos rios Sousa e Ferreira, clamam por uma aposta decidida no ecoturismo, e a União de Freguesias de Melres e Medas beneficiaria enormemente da construção de um parque aquático ou de um complexo de piscinas municipais ao ar livre. Também o maior equipamento municipal, o Pavilhão Multiusos de Gondomar, beneficiaria imenso de uma infraestrutura hoteleira de baixo custo na sua proximidade, mas para que tal aconteça, a carga fiscal sobre as empresas terá de ser reduzida, e o PDM terá de ser revisto, como referi acima.
Aproveitar o potencial de Gondomar vai muito para além de construir meia dúzia de Parques Urbanos – embora sejam os verdadeiros “marcos” dos socialistas nos últimos onze anos de mandato, estes equipamentos, para além de bastante dispendiosos, são pontualmente procurados e vandalizados, pelo que merecerão a devida manutenção e instalação de sistema de videovigilância. É urgente uma mudança de paradigma na gestão municipal, para que Gondomar deixe de ser um concelho com potencial desperdiçado.
Paulo Gandra
Presidente da JP Gondomar