Celso Ferreira, ex-presidente da Câmara Municipal de Paredes, foi uma figura que durante anos dividiu opiniões, passando quase uma década a lutar na justiça para limpar o seu nome. Acusado de beneficiar empresas na adjudicação de obras para a construção de 15 centros escolares, Celso Ferreira enfrentou uma batalha judicial que lhe custou muito mais do que tempo e dinheiro. A acusação baseava-se na alegada divisão das empreitadas em pequenos lotes para fugir aos concursos públicos e favorecer ajustes diretos, um esquema que, segundo os críticos, teria sido minuciosamente planeado para beneficiar empresas específicas. No entanto, o Tribunal da Relação, assim como o Tribunal de Penafiel em duas instâncias anteriores, foi peremptório: não havia provas de que o ex-autarca tivesse cometido qualquer crime.
Em entrevista ao Novum Canal, Celso Ferreira expressou alívio e uma sensação de justiça finalmente restaurada: “Foram 12 juízes, em diferentes fases do processo, que me consideraram livre de qualquer responsabilidade criminal. E isso enche-me de orgulho, porque sou uma pessoa séria. Todos conhecem o meu percurso”, disse.
A transformação educativa de Paredes
Quando Celso Ferreira assumiu a presidência da Câmara de Paredes, em 2005, o concelho ocupava um dos piores lugares nos rankings nacionais de educação. “Era o nono pior do país em indicadores educativos. Hoje, Paredes está entre os trinta melhores concelhos”, relembra o ex-autarca, defendendo que as suas políticas foram as responsáveis por essa viragem. A sua intenção de melhorar a educação local levou à criação de uma carta educativa e de outros projetos que pôs em prática, desde o combate ao abandono escolar até à promoção de atividades extracurriculares.
Esse progresso, no entanto, não veio sem custos. Para Celso Ferreira, o preço que pagou foi alto: “Fui alvo de uma perseguição política e pessoal, conduzida por pessoas que hoje estão à frente da Câmara Municipal de Paredes, associadas ao Partido Socialista. A vida política tem isso: Quando se mexe com interesses transversais sofre-se. Esta foi a minha quota parte de sofrimento, resta-me saber que valeu a pena”, afirmou com convicção.
Em 2017, Celso Ferreira, a cumprir o seu último ano de mandato e sem possibilidade de concorrer de novo ao cargo de presidente, viu-se forçado a afastar-se. Desde então, o ex-autarca revela que as suas prioridades mudaram: “Decidi seguir um caminho diferente, e hoje sou um empresário de sucesso. A vida é feita de desafios, e quem sabe trabalhar consegue fazê-lo em qualquer setor”, disse, sem esconder o orgulho pela sua nova trajetória.
Celso Ferreira denuncia gestão desastrosa do PS em Paredes
Após ser absolvido das acusações de prevaricação e ainda que tenha encerrado o capítulo da política ativa, o paredense não esconde o descontentamento com o estado atual da gestão do seu concelho. Crítico feroz do executivo socialista que o sucedeu, afirma que o concelho está à beira do colapso financeiro: “O PS herdou uma câmara que pagava as suas dívidas em 53 dias. Hoje, a câmara leva mais de um ano a pagar. A responsabilidade é deste executivo desastroso”, atirou, acusando os atuais autarcas de serem responsáveis pela “falência” do município.
O ex-autarca não poupa críticas ao atual executivo de Paredes, liderado pelo PS. Na sua análise, a gestão do concelho está à beira do colapso, com decisões que classificou de “desastrosas e irresponsáveis”. Celso afirma que “não é difícil fazer melhor” do que a atual administração, que, segundo ele, foca-se mais em “colher simpatia em cima de camiões da SIC ao lado de artistas famosos” do que em resolver os problemas reais do concelho.
Sustentando ainda, que enquanto o executivo atual se distrai com aparências, o futuro de Paredes está a ser hipotecado, com erros financeiros graves a surgirem à superfície: “O que se passa em Paredes é grave e não se pode esconder eternamente. Quando os sinais começam a aparecer, é porque algo de muito grave se passa”. Para o ex-autarca, a verdade sobre a má gestão financeira será inevitável e pública em breve, o que só reafirma o seu descontentamento com a direção tomada pelo concelho nos últimos anos. “A câmara municipal está falida pela responsabilidade ou pela irresponsabilidade dos atuais autarcas e já se vêm sinais de fuga. Quando as coisas começam a correr mal alguns começam a fugir, o primeiro já fugiu a semana passada e outros com certeza fugirão no futuro”, alerta.
O futuro de Paredes e o desafio do PSD
Apesar de afastado da política ativa, Celso Ferreira não descarta a possibilidade de apoiar uma candidatura nas próximas eleições autárquicas, desde que seja da sua área política. “Participação ativa, não. Esse é um ciclo que fechei e não quero reabrir. Mas apoiar, claro. Sou um cidadão no pleno gozo dos meus direitos políticos, e se aparecer um candidato do PSD com um projeto sério, estarei disponível para ajudar”, declarou.
Para Celso Ferreira, o futuro de Paredes está inevitavelmente ligado a uma governação do PSD. Ele acredita que o concelho precisa de um novo líder, alguém capaz de reverter o que chama de “desastre total” da atual gestão socialista. “O PSD precisa de encontrar um candidato ou candidata com um projeto que faça diferente, e melhor, do que este executivo.
“A vida política é isto. Sonhei que Paredes podia ser um dos melhores concelhos do país. Isso foi conseguido. E valeu a pena”. Para Celso Ferreira, a política pode ter ficado para trás, mas o amor por Paredes e o desejo de ver o concelho prosperar permanecem tão fortes quanto sempre foram.