Recentemente, o executivo municipal tem priorizado a mera auscultação das necessidades dos jovens, com a aposta em inquéritos morosos e em breves reuniões anuais com presidentes das associações de estudantes e com delegados de turma dos vários estabelecimentos de ensino do concelho.
Por outro lado, os jovens gondomarenses não encontram, junto do seu município, programas municipais verdadeiramente capazes de apoiar a sua saúde mental, de promover a sua literacia financeira na adolescência, ou de fomentar o seu gosto por política de forma a combater a abstenção eleitoral que se tem verificado nos últimos anos, numa altura em que as suas necessidades e reivindicações são conhecidas.
Também o município não dispõe de quaisquer programas que visem a atribuição de bolsas de estudo a alunos gondomarenses do Ensino Superior, e não é conhecida qualquer iniciativa para a construção de residências estudantis no concelho, dada a proximidade do mesmo ao Pólo Universitário da Asprela.
Estes encontram, no município, o Festival da Juventude – que nada mais, nada menos é, do que uma semana dedicada ao seu lazer e entretenimento, com um variado leque de atividades e um cartaz de concertos atrativo.
Sendo manifestamente insuficiente o leque de oportunidades conferidas aos jovens gondomarenses para que estes participem na política local, o executivo resiste à implementação da Assembleia Municipal Jovem de Gondomar, considerando que as políticas por este implementadas são suficientes.
Ora, não sendo este executivo capaz de providenciar uma séria e sólida oportunidade aos seus jovens para que estes contactem com a política local e que, por sua vez, vejam melhoradas as políticas de juventude adotadas, não se concebe esta resistência à implementação do órgão sugerido, seguindo a tendência de vários outros municípios, nem a resistência à implementação de outros programas municipais, como os atrás elencados.
Questiono-me, portanto, se existe alguma visão política para a juventude, e se sim, se a mesma não estará, de certa forma, deturpada em função da militância política.
Por Paulo Gandra