Sendo tais necessidades a verdadeira “pedra angular” da atividade política autárquica, as propostas a apresentar, bem como as eventuais análises à atividade desenvolvida pelos executivos, deverão ser revestidas de uma particular imparcialidade e sensatez, na medida em que o suprimento das referidas necessidades prevalece, em grau de importância e prioridade, sobre quaisquer divergências ideológico-partidárias.
O que dizer, portanto, sobre uma opinião alheia, provinda de alguém filiado no mesmo partido político dos membros do seu executivo municipal, que classificou a generalidade das políticas de juventude levadas a cabo por aquele município como um exemplo inspirador, bem sabendo que tais se poderão resumir a jornadas de entretenimento e lazer, inquéritos da mais variada génese e programas de apoio ao estudo?
Será admissível, sequer, considerar como inspirador um município que limita o papel dos jovens no poder local a escassas reuniões de Conselho Municipal de Juventude e a meros programas de auscultação avulsa que os complementam – onde a amostra, em cada um deles, é reduzida, e não traduz, com rigor, as necessidades dos jovens daquele município?
Na minha modesta opinião, os verdadeiros exemplos inspiradores são provindos de municípios que implementaram programas de promoção de literacia financeira e política, que atribuem bolsas de estudo em prol da justiça social, e claro, em que neles se encontra presente o mecanismo que, por excelência, permite aos jovens participar no poder local, e fomentar o conhecimento e o gosto pela política – a Assembleia Municipal Jovem.
Pergunto-me se o município por outrem elogiado quererá, efetivamente, ser um exemplo no que concerne a políticas de juventude, bem sabendo que o caminho para tal se pauta pela inspiração em quem, efetivamente, o dá.
Por: Paulo Gandra