A autarquia destaca que este importante “elemento cultural, uma referência do património baionense, que esteve em silêncio durante longos anos, voltou a ecoar com a sua sonoridade distintiva, proporcionando uma experiência sensorial inesquecível, que assinalou este evento histórico para o concelho de Baião e, mais concretamente, para a freguesia zezerense”.
Após a renovação da Igreja Matriz, classificada como Monumento de Interesse Público, esta iniciativa de conservação e restauro, com fundos comunitários e municipais, incluiu “o património integrado, artístico e musical deste monumento, destacando-se o órgão histórico de 1793, obra do mestre organeiro bracarense José António de Sousa”.
O município adianta que “os concertos inaugurais tiveram Nuno Mimoso como intérprete principal no órgão de tubos, com a participação especial dos músicos Diogo Carvalho (trombone), Sara Costa (clarinete), Bruno Rocha (trompete) e Bernardo Cruz (carrilhão)”.
Refira-se que o D. Vitorino Soares, bispo auxiliar do Porto, procedeu à bênção do órgão de tubos, enquanto Nuno Mimoso dava início à celebração.
O concerto teve “duas récitas e, em formato pedagógico, foi pontuado por comentários musicológicos narrados, que elucidaram o público sobre os compositores das obras e as sonoridades escutadas”.
Este programa de música sacra portuguesa incluiu, ainda, a estreia do arranjo do “Hino de Santa Marinha” para órgão, trio de sopros e sinos.
Nuno Mimoso, fez uma contextualização para demonstrar a importância histórica e social deste instrumento musical, referindo que “o órgão foi consignado na história da música, como o ‘Rei dos Reis’ por ser o mais complexo e dispendioso de todos os instrumentos”.
“Neste, podemos, inclusivamente, observar que está coroado com dois ramos de folhas de louro, tal como os imperadores. Não é por acaso, pois simbolicamente demonstra a importância de Santa Marinha do Zêzere e da sua população, ao longo da história e toda a sua importância para a região”, refere.
Citado em comunicado, o presidente da Câmara Paulo Pereira, manifestou a sua “satisfação pessoal por, mais do que uma obra realizada ou um compromisso executado, é ver mais um sonho realizado, pois hoje é o culminar de um trabalho que deve deixar satisfeitos todos que intervieram de formas diversas, para que fosse possível chegarmos aqui.”
O autarca referiu ainda António Ponte, que no início deste projeto era diretor da Direção Geral de Cultura do Norte e hoje é diretor do Museu Nacional Soares dos Reis, “que tem permitido ‘pontes’ muito interessantes para o concelho de Baião e a quem eu um dia desafiei a vir a Santa Marinha do Zêzere, para ter a perceção, no terreno, do potencial que aqui existia, pois muita das coisas que conseguimos como autarcas é por lidarmos com pessoas como ele, que sentem isto como nós e se empenham para que se possam encontrar soluções.”
Paulo Pereira destacou ainda a “Banda Musical da Casa do Povo, pelo apoio logístico que proporcionou, mas acima de tudo por quilo que representa para o concelho, bem como os Bombeiros Voluntários por fazerem parte da solução, pois permitiram que se realizasse a Eucaristia nas suas instalações, enquanto decorriam as obras.”
O edil baionense, deixou ainda palavras de agradecimento ao movimento associativo baionense em geral e ao zezerense em particular, não esquecendo “o Mestre organeiro Pedro Guimarães e a sua equipa pelo excelente trabalho realizado.”
O responsável do executivo de Baião agradeceu ainda à “Associação de Municípios do Douro e Tâmega (AMDT) e à entidade pública empresarial Museus e Monumentos de Portugal, tal como aos colaboradores da Câmara Municipal e ao pároco Filipe Azevedo “pelo seu empenho e acompanhamento constante dos trabalhos.”
Nuno Mimoso, “reputado especialista que abraçou este projeto desde a primeira hora”, bem como os músicos que atuaram no concerto inaugural, foram também alvo de palavras elogiosas por parte de Paulo Pereira.
O autarca afirmou ainda que “hoje fomos duplamente privilegiados por podermos ouvir este magnífico instrumento com mais de 230 anos, calado há tanto tempo, porque assistimos ao vivo, e porque ficará eternamente gravado apenas na nossa memória”
Paulo Pereira terminou a sua intervenção, apelando à “comunidade que usufrua deste espaço e que aproveite todas as potencialidades que o mesmo possibilita”.
O presidente da junta de Santa Marinha do Zêzere, Manuel Pereira, relevou a importância da freguesia dispor de uma igreja e órgão requalificados e da comunidade ter assistido a um “esplêndido concerto”
O autarca de freguesia, deixou palavras de gratidão para quem contribuiu para este desiderato, nomeadamente “a todos os envolvidos na obra, desde a empresa executora, aos técnicos da Câmara Municipal”, reconhecendo ainda “o excecional trabalho do professor Nuno Mimoso, que supervisionou o restauro do órgão e dirigiu artisticamente este concerto, bem como aos músicos, que com ele colaboraram neste espetáculo e à Oficina do Mestre Pedro Guimarães pela recuperação completa do órgão.”
Por se tratar de uma intervenção com recurso, em parte, a fundos comunitários, Manuel Pereira agradeceu “o apoio da CCDR-N, em particular do seu vice-presidente Jorge Sobrado, tal como à Câmara Municipal, mas também ao presidente Paulo Pereira, que merece um agradecimento especial pela persistência e empenho ao longo de todo o processo e pelo seu trabalho consistente no cumprimento dos compromissos assumidos com a nossa população que, neste caso, nos permitiu garantir o financiamento necessário com a colaboração da Direção Geral da Cultura do Norte.”
Jorge Sobrado, vice-presidente da CCDR-N, declarou-se como “um apaixonado por Baião” e elogiou a autarquia e o seu presidente por “valorizar este instrumento centenário, pondo-o ao serviço da comunidade”
O projeto de inauguração e dinamização cultural do órgão histórico de Santa Marinha do Zêzere, sob a direção artística do “maestro, organista, musicólogo e professor Nuno Mimoso, inclui diversas atividades com forte componente educativa e envolvimento da comunidade local”.
Com o objetivo principal de criar uma “oportunidade para o desenvolvimento cultural e social da comunidade, este projeto cultural prevê uma programação centrada no órgão de tubos, através de um conjunto de atividades educativas e culturais, interligadas entre si, a serem implementadas regularmente a partir da inauguração do órgão restaurado”.
São consideradas três tipologias complementares de atividades: “Concertos Didáticos, Visitas Musicais, e Oficinas de Órgão”.
Os concertos didáticos incluirão breves comentários “musicológicos para esclarecer o público sobre as obras, compositores e sonoridades do órgão”.
Destacar-se-á o repertório português do “Renascimento ao Clássico e arranjos em conjunto com instrumentos da banda, interpretados por jovens músicos da Banda de Música da Casa do Povo de Santa Marinha, promovendo a ligação da comunidade local ao seu património”.
As visitas musicais, uma importante ação de mediação cultural, serão organizadas para grupos até 20 pessoas.
“Participarão instituições educativas e sociais da freguesia de Santa Marinha do Zêzere, como a Banda Musical, a Escola de Música, os Bombeiros Voluntários, a Associação Vale do Zêzere, o Jardim de Infância, o Centro Social e Paroquial, o Lar da Santa Casa da Misericórdia e as escolas locais, entre outras possibilidades”, refere o comunicado que nos foi enviado.
“As Oficinas de Órgão, destinadas a crianças e jovens interessados em aprender este instrumento, terão quatro sessões: duas para alunos da Escola de Música e duas para jovens do concelho com conhecimentos musicais”, acrescenta o mesmo comunicado que salienta que as “sessões introduzirão o “rei dos instrumentos”, as suas características técnicas, as funções como solista e acompanhante e os requisitos para a sua aprendizagem”.
Esta iniciativa visa descobrir “jovens talentos, de modo a formar futuros organistas locais em articulação com entidades baionenses que manifestem interesse”.