Se há fenómenos que já não nos surpreendem, nomeadamente a falta de sentido institucional, evidenciada pela ausência de qualquer comunicação, às forças políticas do concelho, quanto à visita do Sr. Primeiro-Ministro (o que permite até levantar legitimamente a questão sobre a qualidade em que veio a intervir Luís Montenegro numa cerimónia oficial da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim: se na qualidade de Primeiro-Ministro, ou na qualidade de presidente do PSD…); há depois epifenómenos incompreensíveis, como a afirmação do Sr. Presidente de Câmara que Cavaco Silva teria sido o último Primeiro-Ministro a visitar a cidade da Póvoa de Varzim, no ido ano de 1989.
Mesmo que se ignore o disparate institucional de tal afirmação e se entenda que possa fazer sentido, para o PSD local, tentar fazer esquecer as visitas de José Sócrates e de António Costa, enquanto primeiros-ministros, à Póvoa de Varzim; já o obliterar das visitas do Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho à nossa pólis é totalmente incompreensível.
Já dizia Fernando Pessoa, no Livro do Desassossego: “Todos temos por onde sermos desprezíveis. Cada um de nós traz consigo um crime feito ou o crime que a alma lhe pede para fazer.”
A verdade é que, talvez imbuído pelo espírito de São Pedro, dado o aproximar das festividades, resolveu o Sr. Presidente de Câmara imitar o apóstolo e, por três vezes, “negar” Pedro Passos Coelho, a saber:
– Inauguração do Hospital do Bonfim em 2014;
– Visita à Agro Semana em Setembro de 2015; e
– Arruada, em campanha, na Rua da Junqueira, na companhia do Vice-Primeiro Ministro, Paulo Portas, também em 2015.
Enquanto membro de um gabinete do XIX Governo, acompanhei o Sr. Primeiro-Ministro, à data, nas duas visitas oficiais e na terceira, a título pessoal, em campanha.
É estranho, mas sobretudo infeliz e injusto, o oportunismo deste esquecimento, principalmente se atendermos que foi, provavelmente, o Primeiro-Ministro que mais vezes visitou a Póvoa de Varzim, em apenas 4 anos de mandato.
Os anos de 2011 a 2015 deveriam ser de enorme orgulho, de reconhecimento do sentido de missão e de dever cumprido. Ignorá-los é desrespeitar não apenas o esforço deste homem, mas também de todos os que contribuíram para uma missão difícil e, sobretudo, ingrata.
Assim, não podia deixar de fazer esta nota de reparo, em memória de um Primeiro-Ministro e de um Governo, que tudo fez, e conseguiu, para resgatar o país da Troika e devolver a soberania a Portugal, e que, por isso mesmo, deve ser celebrado e recordado sempre, principalmente por aqueles a quem chama “seus”!
Foi tão flagrante e ostensivo que só faltou mesmo o galo cantar!”
Por José Carmo