“Em dezembro de 2023, a bancada do PSD questionou a presidente de Junta de Freguesia de Gandra, Sílvia Sá Pinto, sobre o assunto do tratamento da água, nomeadamente as razões da contratação e cessão do contrato celebrado entre a Junta de Freguesia de Gandra e a sociedade denominada “Laboratório Regional de Trás-os-Montes – LRTM”, interrompendo o contrato anterior e afastando a prestadora de serviços à data”, refere a bancada do PSD na Assembleia de Freguesia de Gandra.
A mesma bancada recorda que o “assunto foi suscitado com base num contexto de várias notícias que circulavam e circulam na comunicação social sobre essa sociedade e alegadas falsificações de resultados de análises”, salientado os sociais-democratas estarem “preocupados sobre a qualidade da água distribuída à população, uma vez que a sociedade responsável pelas colheitas e análises era uma empresa referenciada numa operação judicial conhecida por “Gota de Água””.
A bancada social-democrata na Assembleia de Freguesia de Gandra informa que nessa assembleia, a “presidente de Junta afirmou que desconhecia por completo o assunto e que apenas se tratou de contratar uma sociedade que presta o mesmo serviço por um preço mais baixo, que se desconhece pois, apesar de ter sido pedido cópia dos contratos de fornecimentos de serviços, nunca nos foram entregues”.
“ Apesar de ter afirmado publicamente que desconhecia o assunto, sabia que existiam problemas na recolha das amostras e eventual falsificação das análises. A senhora presidente Sílvia Sá Pinto faltou à verdade à população de Gandra”, lê-se na nota informativa que nos foi enviada.
Ainda de acordo com a bancada do PSD Gandra a “7 de abril de 2022 foi remetido pelo Eng. Bruno Viana, trabalhador da freguesia, a essa prestadora de serviço, com o conhecimento da presidente da junta e do restante executivo à data onde alertava para o facto de não estarem a ser cumpridas as normas previstas para a colheita da água, podendo, tal facto, provocar a contaminação da amostra”.
O PSD Gandra destaca entre os factos denunciados pelo Eng. Bruno Viana, “que esse laboratório “não estava a cumprir as contra-análises”; “que esse laboratório “não fazia medição do cloro” (há dois meses)”; “que o técnico da LRTM “aferia o cloro a olho” e “que foi realizada uma contra-análise no centro escolar de Gandra devido a uma contaminação microbiológica detetada pela delegação de saúde que “apareceu milagrosamente o resultado da mesma sem nunca se ter realizado colheita no respetivo local””.
A bancada do PSD na Assembleia de Freguesia de Gandra destaca, ainda, que “tinha sido informado pelo vogal da junta de freguesia de Gandra – Sr. José Luís Silva – que “podia contar com a colaboração do “LRTM” para alterar os locais de amostragem” e assim “não cumprir o PCQA,” e que “em caso de incumprimento, a amostragem poderia ser “feita noutro local diferente daquele em que ocorreu o incumprimento””.

O PSD Gandra garante, também, que nesse e-mail, o Eng. Bruno Viana advertiu a “extrema gravidade” e a existência de “más práticas”, tendo avançado com a “sua demissão”.
“Como se pode verificar, pelo endereço eletrónico do correio trocado, do Eng. Bruno Viana, deu conhecimento dos factos que indiciam a falsificação das colheitas de água à Presidente de Junta, Sílvia Sá Pinto, ao Sr. Armando Leal (secretário), à Sra. Sandra Nogueira (vogal), Sr. José Luís Silva (vogal), que é o responsável pelo sistema de abastecimento de água da freguesia, ao Sr. Presidente de Junta, à altura dos factos denunciados, Sr. José Mota, e ao funcionário do município de Paredes Sr. João Costa”, avança a bancada da Assembleia de Freguesia do PSD.
“Ao que se saiba nenhum dos membros do executivo reagiu, ninguém quis saber. Ninguém fez nada de modo a acautelar a saúde pública”, acrescenta o PSD Gandra.
A bancada do PSD avança, ainda, que “perante os factos apresentados na última assembleia de freguesia de 26 de abril de 2024, a presidente da Junta deu o dito por não dito, e reconheceu ser conhecedora do referido e-mail, bem como, do seu conteúdo”.
Para a bancada do PSD pode estar aqui em causa, alegadamente, “factos que indiciam a possível existência da prática dos crimes de abuso de poder, falsificação de documento agravada, prevaricação e propagação de doença e falsificação de receituário, pelos membros que compõem o executivo da freguesia de Gandra, e bem como os trabalhadores/ dirigentes do LRTM Carla Silva (responsável técnica) e a senhora diretora Toniette Cruz”, conforme destacado pelo comunicado.
A bancada do PSD informou que participaria ao Ministério Público os factos relatados, tendo dado um prazo de 30 dias, salientando, ainda, que a “presidente da Junta de Freguesia de Gandra comprometeu-se a participar os factos invocados ao Ministério Público, reconhecendo o seu envolvimento e a sua gravidade”.
Contactado pelo Novum Canal, fonte do executivo da Junta de Freguesia de Gandra destacou que abriu um processo de averiguações internas e só depois de reunir a documentação e apurar os fatos é que se pronunciará sobre os mesmos.
Este é um assunto que o Novum Canal irá continuar a acompanhar.
(Fotografia: DR/foto ilustrativa)