Todos os intervenientes reiteram na sua intervenção a necessidade de continuar a defender e afirmar os valores de abril, combater as desigualdades sociais, continuar a promover o ensino, valores como a cultura, mas, também, o acesso à educação e à justiça e igualdade social e económica.
Os problemas da habitação, a falta condigna de casas e os problemas do parque habitacional, que continuam a afetar inúmeros jovens e famílias estiveram, também, presentes na intervenção de alguns dos representantes políticos.
O presidente da Câmara de Penafiel, Antonino de Sousa, no seu discurso, destacou que a Revolução dos Cravos constitui uma oportunidade para o poder local democrático.
“O poder local democrático foi uma das grandes conquistas de abril, trouxe algumas das maiores mudanças no território, os autarcas passaram a ser eleitos pelos cidadãos e o grande desenvolvimento começou a acontecer. As escolas, as estradas, as pontes, os equipamentos desportivos e socias foram consequência do trabalho dos autarcas”, disse, salientando que, à data, os orçamentos municipais eram reduzidos e não se comparavam com os montantes que hoje Portugal recebe dos fundos comunitários.
“O sentido de missão dos autarcas fez com que as infraestruturas básicas estejam disponíveis para todos”, partilhou, sustentado que temos de restar gratos aos autarcas pelo esforço e entrega evidenciada ao longos dos últimos anos.
O chefe do executivo penafidelense elencou ainda, na sua intervenção o trabalho que o seu executivo tem realizado no sentido de criar mais condições de vida aos cidadãos.
“Deu o exemplo da rede de creches que estamos a inaugurar e que vai permitir aumentar a resposta nesta área, na área da saúde, com o cartão de saúde sénior para quem tenha o complemento solidário de idoso, iremos executar dois novos centros de saúde e requalificar todos os demais para criar melhores condições de acesso à saúde e para os seus profissionais”, disse.
O presidente da Assembleia Municipal de Penafiel, Alberto Santos, na sua intervenção, recordou as conquistas de abril e alertou para novas ameaças que poderão colocar em causa os valores e princípios de abril.
Alberto Santos recordou que existe uma antinomia entre aquilo que é a liberdade de escolha dos governantes locais e nacionais face ao alheamento dos portugueses através da abstenção.
O responsável da Assembleia Municipal declarou, ainda, que vivemos numa era de revolução digital que leva a que muitos que sofrem de iliteracia digital sejam condicionados, moldados pelas notícias falsas, pela alteração das narrativas que mudam a verdade.
“Temos de estar cada vez mais atentos para o que é verdade e não é a verdade”, declarou, aludindo ainda para os perigos da inteligência artificial.
“A inteligência artificial não tem ética, se for mal utilizada pode condicionar as nossas escolhas políticas, económicas e estilos de vida”, expressou, mostrando-se preocupado com a tentativa ideológica de alguns que procuram fazer uma reescrita da história.
Alberto Santos chamou, ainda, a atenção para o inverno demográfico.
“Estamos confrontados com a redução da população, e isso exige uma atenção maior do Estado para inverter esta situação e permitir que a democracia continua a vigorar em Portugal”, asseverou, criticando as guerras e as tiranias pelos riscos que representam.
“Esta é uma situação preocupante na medida em que vemos no nosso país algumas pessoas que sentem um apelo ideológica a esses temas. São questões que nos devem fazer pensar”, precisou, referindo-se, também, à necessidade de consolidar o sistema nacional de saúde, a escola pública, e fomentar o acesso à justiça.
“Continuamos a assistir a uma espécie de doença democrática porque todas essas realizações não estão ainda atingidas na plenitude. Existe uma incompletude democrática que importa continuar a cumprir”, atalhou.
No âmbito dos 50 anos das comemorações do 25 de abril decorreu, também, a abertura da exposição “Celebrar Abril, Sempre!”.