O secretariado nacional da Fenprof, num comunicado que partilhou no seu site oficial, datado de 5 de abril, destaca que “os professores de informática e, em algumas escolas, docentes de outras disciplinas, irão fazer greve à manutenção dos equipamentos tecnológicos e ao suporte técnico de provas digitais, a partir de 8 de abril”, salientando que esta greve incidirá sobre “tarefas que, à falta de técnicos para as executar, estão a ser atribuídas aos docentes”.

O secretariado recorda que a “manutenção de equipamentos das escolas, sejam computadores de alunos, professores ou de atividade geral da escola/agrupamento está a ser atribuída aos docentes em horas da sua componente não letiva de estabelecimento”, sublinhando que tal situação deve-se ao facto de “não haver empresas ou técnicos que se candidatem a esse trabalho, provavelmente devido ao baixo valor que é proposto pelo ministério da educação”.

A Fenprof avança que “segundo os professores de informática, em média, as escolas terão acima de 30 computadores avariados, número que, dada a fraca qualidade dos equipamentos, poderá duplicar até ao início do próximo ano letivo”.

“O trabalho que está a ser entregue aos professores irá ser ainda mais exigente pelo facto de estarem a terminar os períodos de garantia dos equipamentos”, afirma a Fenprof.

A Fenprof afirma, ainda, que a verba de “6,5 milhões de euros”, anunciada pelo anterior governo, destina-se à “compra de novos equipamentos”, quando, segundo o próprio ministério, essa verba será “apenas para adquirir equipamentos de substituição de computadores perdidos ou inutilizados, não para reparar avarias”.

“Tal verba permitirá, em média, a aquisição 20 equipamentos por escola/agrupamento, o que fica muito aquém das necessidades e não resolve o problema que os professores de Informática vêm colocando”, alude a Fenprof.

“Professores contestam o facto de lhes serem atribuídas tarefas que não fazem parte do conteúdo funcional da profissão”

“Ademais, estes docentes são dos que têm um maior número de turmas atribuídas e, como tal, de alunos que chegam a atingir as quatro e cinco centenas. Esta realidade leva a que a sua componente não letiva esteja completamente preenchida com reuniões e outra atividade inerente à função docente. Independentemente disso, os professores contestam o facto de lhes serem atribuídas tarefas que não fazem parte do conteúdo funcional da profissão docente estabelecido no Estatuto da Carreira Docente (ECD)”, acrescenta a Fenprof.

A Federação Nacional dos Professores reforça, ainda, na publicação que partilhou no seu site, que em relação ao “suporte técnico à realização de provas em meio digital, o problema resolve-se, pelo menos de imediato, se as provas se realizarem em papel”.

“Esta opção será a mais adequada não apenas pelo problema técnico, mas também porque a sua realização em formato digital é fator acrescido de desigualdade entre alunos, o que é reprovável”, sublinha a Fenprof que relembra que a “greve não incide sobre atividade letiva e junta-se a outras três que continuam em curso: greve ao sobre trabalho; greve às horas extraordinárias; greve à componente não letiva de estabelecimento. Espera-se que a próxima equipa ministerial tenha abertura para resolver os problemas que estão na origem destas greves”.

(Fotografia de destaque: DR/foto ilustrativa)