Com a maioria da família a residir no concelho de Paredes, Ângela Moreira confessa que tenta superar a ausência, fazendo desta quadra um momento especial.
“Estou num país onde a maioria dos habitantes são protestantes e há cerca de seis milhões de católicos. A Páscoa em Inglaterra é celebrada de forma diferente, há a missa Pascal para quem quiser frequentar a igreja, mas não há a tradição da visita da cruz (ou o compasso)”, refere, salientando que opta por viver esta quadra festiva em casa ou junto de amigos.
Falando ainda deste período que para os cristãos tem um significado acrescido, Ângela Moreira salienta que “há um misto de tradições”, sendo que o “Easter Eggs hunt” (caça aos ovos da Páscoa), é um dos momentos mais vividos e celebrados em Inglaterra.
“A manhã começa com a tal caça ao ovo da Páscoa e depois fazemos o tradicional almoço de Páscoa, onde, por vezes, celebramos os três ou com amigos também emigrados aqui no país”, refere.
“Como aqui não há as amêndoas da Páscoa a tradição é a oferta do ovo de chocolate”, adianta, frisando que quando se viaja para outro país e a família fica para trás há sempre um “vazio que se torna difícil de preencher”.
Referindo-se, ainda, àquilo que são as tradições da Páscoa em Inglaterra, mais especificamente à doçaria, Ângela Moreira, confessa que neste país estas não têm a dimensão nem a visibilidade que têm em Portugal, em que os doces estão associados a esta época festiva e em cada agregado familiar existe o pão de ló, o folar, e outras iguarias.
“Com o passar dos anos e idas a Portugal fui trazendo os utensílios que não conseguia encontrar aqui e a forma para fazer o pão de ló e do pudim e fui pondo as mãos na massa, como se costuma dizer, e faço o pão de ló”, frisou.
“O pudim francês e a mousse de chocolate não faltam na mesa. O folar da Páscoa não é muito do nosso agrado. Já não comíamos em Portugal”, adiantou, sublinhando que apesar das diferenças entre um e outro país, as famílias optam por se juntarem nesta altura do ano para concelebrar esta época festiva.
Ângela Moreira realçou, ainda, que as novas tecnologias vieram encurtar distâncias, tornando o contacto com as famílias e com os entes queridos mais fácil, minimizando as distâncias e permitindo, de alguma forma, colocar a conversa em dia e matar saudades.
“Em 2004, quando cheguei a Inglaterra tinha que me deslocar a uma livraria pública para fazer uma chamada por Skype para a família. Não era nada fácil falar com a família nesses dias pois a livraria pública encontrava-se fechada. Agora, isso já não acontece. Apesar de longe conseguimos conviver um bocadinho uns com os outros, não só em épocas especiais, mas mantemos contacto diariamente”, acrescentou, recordando que faz 20 anos a 27 de junho de 2024 que se encontra em Inglaterra.
A falta de trabalho e a procura de uma vida melhor levaram Ângela Moreira a procurar outro país para residir e ganhar a vida.