No programa “À Tarde no Novum”, programa conduzido por Catarina Barros, a jovem mãe, com dois filhos e um neto, partilhou a sua história de vida, num discurso impregnado de realismo, vivo e eivado de emoções, que traduz e a vontade de continuar a lutar contra esta doença, depois de lhe ter sido diagnosticado recentemente um cancro na mama.
Convencida de que vai conseguir superar mais esta adversidade na sua vida, Sónia Barbosa destacou que teve, numa fase inicial, de passar por várias dificuldades até conhecer um diagnóstico.
“Em julho apareceu-me um cancro. Fiz uma mamografia e ecografia urgente no privado e disseram-me que era um quisto. Entretanto, o peito foi modificando, o bico da mama foi recolhendo. A minha filha casava em setembro, deixei passar o casamento e o meu namorado falou com a minha filha e disse-lhe que algo não estava bem. Fui, então, para o São João e a médica fez-me uma biopsia, mas como não pertencia a esta área de residência, fui para o Pedro Hispano. Fui para ginecologia”, disse, salientando que todo este processo foi moroso, tendo passado por várias fases até lhe ser confirmado que tinha um cancro.
“O processo iniciou em julho e só dia 10 de outubro tive conhecimento que tinha cancro. Foram vários meses. Tive de fazer tudo à minha conta, fui fazer biopsias, ressonâncias para descobrir o que tinha e logo na primeira mamografia e à na biopsia descobri que estava com cancro”, afirmou, recordando que já a sua mãe teve, também, um cancro, que devido ao diagnóstico tardio, acabou por se disseminar e tirar-lhe a vida.
“Em três meses perdi a minha mãe”, disse, admitindo que a sua mãe continua a servi-lhe de fonte de motivação, uma figura, confessa, a quem recorre inúmeras vezes para superar os momentos difíceis que a doença, também, provoca.
“Lidei bem com o processo da minha mãe e estou a lidar bem com meu processo para vencer a doença. A minha mãe sempre foi uma resistente e acredito que irei vencer por mim e pela minha mãe. Sabia que tinha um cancro, que era para mim e recebi a notícia com os braços abertos”, afirmou, salientando que neste processo o apoio da família e dos amigos tem sido determinante.
“A minha filha inicialmente sofreu, mas sabe que tem uma mãe resiliente. Toda a minha família sabe que estou a reagir bem e tem-me apoiado”, frisou, sublinhando que é na sua mãe, no seu exemplo e na sua resistência que vai buscar forças para se focar no que é mais importante: a vontade de continuar a lutar e superar esta doença.
“Fui sempre assim na vida, sempre vi o lado positivo das coisas. É evidente que há momentos em que vamos abaixo, mas procuro dar a volta e enfrentar novos desafios porque a vida é cheia de desafios. Sempre fui uma pessoa que procurou vencer os desafios e nunca baixei os braços a nada”, asseverou, confirmando que procura transmitir essa força de viver, a resiliência e o foco de melhorar a quem consigo partilha os tratamentos.
“Sempre que vou à quimioterapia encontro pessoas mais velhos, mas houve uma terça-feira que encontrei muitos jovens e queria abraçá-los. Obviamente que não podemos fazer isso, mas quando estiver bem vou dar-lhes um abraço. Quero transmitir-lhe a minha força”, anuiu.
É com um sorriso nos lábios e um simplicidade comovente que Sónia Barbosa afirma ser uma “mulher linda” e não ter complexos em abordar a sua doença, mesmo quando esta não é percecionada nem entendida pelos outros.
“Acho-me linda, maravilhosa, mas infelizmente verifico que existem, ainda, muitos olhares. As pessoas passam por mim e não evitam olhar pelo fato de ter cortado o cabelo e andar sem peruca. Apesar de tudo, sinto-me bem. Vou para todo o lado sem peruca. Logo, na minha primeira sessão de quimioterapia rapei o cabelo, por opção. Foi uma decisão que foi bem aceite pelos membros da minha família”, confirmou, sustentando que mesmo o seu neto já se habituou a ver a avó sem peruca.
“O meu neto, de cinco anos, a primeira vez que me viu sem cabelo, não queria olhar para mim, mas depois de uma conversa que tive com ele acabou por entender”, referiu.
Falando, ainda, nos tratamentos, Sónia Barbosa enfatizou a importância da prevenção e do diagnóstico precoce.
“Estou no segundo ciclo de quimioterapia, faltam mais sete sessões, depois vou fazer exames, retirar o peito, fazer a mastectomia. Quando tirar a mama vou festejar porque significa que consegui vencer a quimioterapia”, acrescentou, advertindo para a necessidade de ao mínimo sinal procurar ajuda.
“Quando sentirem qualquer coisa procurem ajuda, uma segunda opinião, quanto mais cedo melhor. Corram atrás de um diagnóstico”, manifestou, reiterando estar confiante que irá completar o seu processo de cura.