Face aos crescentes esforços para restringir livros e aqueles que os escrevem, publicam ou disponibilizam aos leitores, cinco organizações representantes de autores, editores, livreiros e bibliotecas de todo o mundo emitiram uma declaração conjunta.
Sublinhando a natureza essencial e interconectada da liberdade de expressão e das liberdades de ler e de publicar, esta declaração insta os “governos e os cidadãos a garantirem que essas liberdades sejam respeitadas, tanto na lei quanto na prática”.
Autores individuais, editores, livreiros e bibliotecários são encorajados a assinar a declaração, que será apresentada em diversos eventos internacionais do setor de livros ao longo do ano.
O primeiro evento ocorreu ontem, 14 de março, na Feira do Livro de Londres.
Citado em comunicado, Pedro Sobral, presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) destacou que a liberdade de expressão, de publicação e de leitura são liberdades fundamentais para que as sociedades livres.
“A APEL, como associada e com assento no comité executivo da IPA e da EIBF, é também signatária desde o primeiro momento desta declaração que, nos tempos que correm, reveste-se de uma importância extrema. Todos nós estamos conscientes de como a falta de liberdade de escrita, de edição e leitura, corrói as fundações dos sistemas democráticos e do Estado de Direito”, disse.
“São liberdades fundamentais para que as sociedades livres consigam cumprir o bem-estar comum, a nível económico, social, cultural e humano. E enganam-se aqueles que acreditam que só em sociedades totalitárias ou autoritárias estes direitos estão em causa. Temos assistido a movimentos, muitas vezes inorgânicos, que apelam ao cancelamento e à proibição de livros, escritores, escritoras, editores e livreiros”, acrescentou.
Pedro Sobral declarou que “nunca esta declaração foi tão importante”.
“Nunca os editores e livreiros estiveram, em conjunto, tão comprometidos em proteger e potenciar a liberdade de ler, editar, publicar e vender livros”, manifestou o presidente da APEL.
Karine Pansa, presidente da IPA, num comentário sobre a declaração, afirmou que “é tão importante que o setor de livros esteja unido”.
“Os editores precisam de autores que se sintam livres para escrever e precisamos de livreiros e bibliotecários que possam defender os livros que publicamos e ajudar a encontrar-lhes leitores”, frisou.
Já Romana Cacchioli, diretora executiva do PEN International reafirmou o seu “compromisso com a liberdade de expressão, publicação e leitura”.
“Nas sociedades onde essas liberdades prosperam, vozes diversas podem contribuir livremente para o discurso público, fomentando debates informados, pensamento crítico e engajamento cívico. Vamos permanecer unidos na preservação dessas liberdades essenciais, pois são o sangue vital das nossas democracias”, referiu.
Vicki McDonald, presidente da IFLA, acrescentou: “As bibliotecas globalmente defendem a liberdade de leitura, não apenas como um objetivo em si, mas também como um impulsionador chave de um mundo de pessoas informadas e capacitadas. Também entregamos isso todos os dias, a todos os membros das nossas comunidades”.
“Mas essa liberdade só pode acontecer se houver também liberdade de expressão e a liberdade para que os editores apoiem a criação e disseminação de novas ideias. Portanto, estamos felizes por nos juntarmos aos nossos amigos da IPA, EIBF, IAF e PEN International na apresentação desta declaração”, sustentou.
Citado, também, em comunicado, o copresidente da EIBF, Jean-Luc Treutenaere, afirmou que a instituição está “orgulhosa por coassinar esta importante e oportuna declaração em nome do setor internacional de livrarias e por estar ao lado de autores, editores e bibliotecas”.
“ Num momento em que a censura está em ascensão, o setor do livro deve permanecer firme e unido na sua missão de proporcionar acesso a todos os tipos de livros para o benefício final dos leitores”, precisou.
(Fotografia: DR/foto ilustrativa)