Mas não é a sua taxonomia que chama à atenção, é sim o seu modo de sobrevivência. Afinal são plantas que vivem em terrenos pantanosos. Terrenos difíceis muitas vezes hostis com toda uma diversidade biológica que pode influenciar o seu modo de vida. Inclusivamente nós, humanos, usamos os nenúfares desde tempos remotos para consumo próprio, e, hoje em dia, é amplamente usado para produtos de cosmética e beleza. Incrível como um produto tão natural consegue mascarar de tal forma que torna tudo artificial. E o cerne da questão encontra-se aqui mesmo. Agora que estamos a entrar na fase final da campanha, o povo torna-se um autêntico nenúfar na mão daqueles que fazem política e dos que brincam à política. Senão façamos juntos o seguinte exercício de reflexão. Reparem que também o povo tem alma e resiliência de um nenúfar, possui a sua beleza natural de ser elemento fundamental para a criação de uma sociedade unida, mobilizadora e trabalhadora, mas vive hoje em dia em terrenos pantanosos do qual não consegue sair. Mais do que isso, vive para mascarar a falsidade de alguns que se aproveitam para usar o povo apenas para, aqui e ali, ganhar um ou outro concurso de beleza política. E isso resulta? Em plena campanha diria que sim, o problema surge quando o efeito cosmético termina e quando chegam aos postos de governação. Chegando aqui acabam por fazer o que sempre foi feito, manter o país um verdadeiro pântano sem luz, asfixiando a fauna à sua volta e impedindo o florescimento do povo para que, assim, apenas eles beneficiem de todos os nutrientes que cada um produz.
Da esquerda à direita, o que mais existe, são pessoas que tentam aproveitar a asfixia que todos vivemos nos últimos 8 anos para conseguir que, dia 10 de Março, tenham o melhor resultado possível. Uns porque querem que se reeditem geringonças, outros porque não aceitam um “não” da direita democrática como resposta. Mascaram a sua doutrina e ideologia politica apenas para conseguir o lugar ao sol no hemiciclo português. Mas não nos podemos deixar enganar por máscaras, até porque foi neste baile de entradas e saídas, que o governo foi sendo gerido nos últimos 2 anos e que nos levou, em última instância, ao ponto onde nos encontramos hoje, à porta de eleições, sem poder de compra e carregados de greves e insatisfação social. É no meio desta revolta que hoje o povo se encontra. Asfixiado por problemas tão transversais como saúde, habitação, educação e segurança. E é deste sufoco que procuramos sair, pois corremos o sério risco de, em breve, sermos uma verdadeira Espanha com eleições constantes e sem soluções governativas que se considerem estáveis para que possamos viver novos tempos dourados como foram os nossos anos 90.
Acredito verdadeiramente que esta será a nossa última oportunidade. Será a última chance de o nosso país se distinguir positivamente dos demais. Ainda assim, apenas daqui a 4 anos, ficaremos a saber se essa distinção será positiva, com a resolução dos nossos problemas e aproximação à riqueza que tantas vezes a nós foi associada, ou se, pelo contrário, seremos ultrapassados pelos países que faziam parte do bloco de leste e que se apresentam hoje com fortíssimo crescimento económico e como verdadeiros paraísos para o investimento estrangeiro.
Assim, é verdade que somos todos nenúfares, mas apesar de termos a nossa beleza estamos cansados de pântanos e de aproveitamentos. Queremos ser flor aberta ao sol com uma beleza ímpar mas sem a necessidade de termos de constantemente lutar pela sobrevivência.
Por: Tiago Miguel Rodrigues