Ao longo dos últimos anos, nomeadamente desde 2012 – ano em que desapareceu, poucas foram as vezes que passei para o papel algo sobre esta personagem Lousadense que tão bem conhecemos. Porventura mais por achar que as homenagens mais sentidas são aquelas que são feitas em vida e por quem demonstra este eterno agradecimento e reconhecimento quando a pessoa pode sentir esse afeto e a justiça dessas palavras, ao invés de alguma hipocrisia que reina nesta sociedade em que se diz ou faz “cobras e lagartos” de ou sobre alguém e depois são esses os primeiros a quererem dar o seu testemunho elogioso sobre a personalidade já desaparecida, quando esses elogios seriam certamente recusados pelo visado.
O Agrupamento de Escolas Dr. Mário Fonseca promoveu na passada sexta-feira um excelente Sarau de Poesia com pequenas obras deste nosso amigo, mas também ouvindo pessoas que privaram de perto e acompanharam-no ao longo da vida, como foi o exemplo do Dr. Jorge Magalhães e do Prof. Luís Angelo Fernandes. Palavras verdadeiramente sentidas, num contexto intimista, mas também com testemunhos aleatórios do verdadeiro povo que sentiu a bondade deste cidadão, quer em contexto profissional, quer em contexto de pura amizade.
Para conseguirmos imaginar o alcance deste seu impacto na vida dos Lousadenses, ainda hoje é o dia em que não encontro uma única pessoa que me diga que o Dr. Mário Fonseca cobrou dinheiro por uma consulta.
Eu próprio constato que das múltiplas vezes que me dirigi ao seu consultório, em que a sala de espera ainda está no imaginário de muitos face à decoração curiosa dos azulejos, grande parte da sua consulta, para além da vertente médica, era destinada a falar sobre Lousada, com um ainda jovem adolescente. Não só sobre o desenvolvimento de Lousada, mas também do Hóquei em Campo, a «nossa» Associação Desportiva de Lousada e o report das viagens que fazia nomeadamente à Europa Central para disputar a Liga dos Campeões de Hóquei.
Não havia destino que Mário Fonseca não conhecesse e não nos dissesse alguma curiosidade sobre esse país ou cidade! E por fim, claro está, mais uma das nossas paixões, o Benfica (que naquela altura não estava nada bem…).
O mais interessante é que todas as pessoas têm alguma história que gostam de recordar com ele e por esse motivo a grandiosidade desta pessoa que partiu demasiado cedo, vítima de uma doença que merece toda a nossa atenção, é reconhecida por todo o povo.
Hoje, no dia em que faria 70 anos, recordo-o com saudade. Mais do que a vertente política, a vertente como Humanista e Lousadense!