Esta iniciativa pretende avivar a memória dos mais jovens e recordar tempos antigos vividos pelos mais velhos sobretudo na agricultura. A inspiração para este projeto nasceu da falta de aproveitamento da lã, uma matéria-prima que era, em tempos, fortemente usada para fazer casacos, mantas e meias e que hoje é sobretudo, desperdício.
Rosa Pomar, reconhecida artesã, de fio de lã, esteve presente nesta ação e salientou a importância deste trabalho manual, que se tem vindo a perder ao longo de gerações. “Houve uma vontade de fazer desaparecer os trabalhos manuais do ensino, porém ao erradicar do nosso ensino tudo o que nos faça lembrar aquilo que fomos estamos a cometer um erro, porque lembrarmo-nos do que fomos só nos orienta para sermos outras coisas, sem esquecer a preservação da nossa identidade”.
Ao longo da aula, as avós presentes contaram aos netos as suas vivências, histórias e memórias, onde salientaram a forma de trabalhar a lã, o trabalho árduo da agricultura, as dificuldades e as alegrias, tempos desmarcadamente diferentes mas muito inspiradores.
Leonel Castro, professor de português, e autor deste projeto, rendeu-se à forma como a iniciativa foi acolhida. “Conhecemos a Rosa Pomar aquando da nossa participação com as raças autóctones no Fundão, a partir desse contacto achamos que faria todo sentido tê-la connosco neste projeto. Um projeto enriquecedor, que cria laços e fomenta a nossa identidade”.
A ação contou também com a presença da vereadora da Educação da câmara municipal de Celorico de Basto, Maria José Marinho, que valorizou a iniciativa, “uma ação muito pertinente e que assegura este preservar tão necessário das nossas memórias. Só posso felicitar todos aqueles que se envolveram neste projeto, um projeto integrador, comunitário, capaz de olhar para o futuro sem esquecer o passado”.
Para Fernando Fevereiro, Diretor da Escola Profissional Agrícola Engenheiro Silva Nunes, “este é mais um projeto centrado nos nossos alunos, porque eles são e serão sempre o nosso foco e, é nossa missão encontrar as melhores estratégias para os continuar a motivar e a aliciar para este mundo tão interessante e fundamental da nossa economia, a agricultura e as suas potencialidades”.
Esta é uma forma dos alunos serem capazes de agarrar nas vivências do passado para, com elas, construir um futuro que se agarra às raízes sem medo ou preconceito, onde a vertente económica e sustentabilidade se aliam de forma natural, é ter uma visão próspera e empreendedora.