Artigo de Opinião | O rótulo de “mero dormitório do Porto”

PAULO-GANDRA-OPINIÃO
O concelho de Gondomar é, cada vez mais, procurado por aqueles que laboram num concelho vizinho e que, por sua vez, se terão sentido dissuadidos em lá residir, face à relação custo-benefício ali disponibilizada.

Por apresentar uma relação custo-benefício mais favorável quando comparado a outros concelhos limítrofes – relação essa motivada pela respetiva localização privilegiada e próxima ao centro do Porto, pela panóplia de bens imóveis disponíveis com valor apetecível, e pelos ótimos e rápidos acessos -, o concelho de Gondomar é, cada vez mais, procurado por aqueles que laboram num concelho vizinho e que, por sua vez, se terão sentido dissuadidos em lá residir, face à relação custo-benefício ali disponibilizada.

Apesar do número acentuado de habitantes que trabalham ou estudam num concelho limítrofe, a origem do rótulo de “mero dormitório do Porto” não poderá ser imputada, exclusivamente, à dinâmica dos mercados imobiliário e laboral – também as políticas adotadas pelo atual e anteriores executivos municipais ao longo dos respetivos mandatos deverão ser equacionadas neste sentido.

De todo o modo, o abandono desta conceção dependerá, sempre, do conjunto de medidas adjacentes que o atual e futuros executivos municipais deverão adotar doravante, e que, por conseguinte, se reflitam num aumento gradual na qualidade de vida dos gondomarenses e num reforço da ligação destes com o concelho no qual residem.

Assim, com maior preponderância que as recentes inaugurações de “Parques Urbanos” pelo concelho – medida que, aos olhos de muitos gondomarenses, é tida como a principal “pegada” do atual/anterior executivo municipal – deverão ser adotadas políticas fiscais mais favoráveis aos contribuintes gondomarenses (mormente, em sede de I.M.I.) e às empresas que aqui se visam estabelecer, sem esquecer, naturalmente, a redução da tarifa da água (atualmente, uma das mais caras do país), a aposta contínua na habitação social – seja através da manutenção das habitações existentes, seja através da construção de novas – e a situação da rede de transportes públicos rodoviários, partilhada pelos demais concelhos limítrofes a Gondomar, que se arrasta desde o início de dezembro do ano passado, e que teima em ser resolvida.

Em suma, apenas com um paradigma orientado para os gondomarenses, que verdadeiramente os priorize e se foque nas suas verdadeiras necessidades, se alcançará um concelho volvido para os seus habitantes, e o abandono de um estigma provindo do século passado.

 

Paulo Santos Gandra