No que se reporta à atividade político-governativa, essa prioridade tem que obrigatoriamente estar presente – Pés assentes na terra, partilhar as dores e anseios da população e entender as necessidades de quem partilha este chão comum.
Sempre pensei que seja qual for o detentor de cargo político, nenhum tem qualquer prazer em ter a população contra si. Muito pelo contrário! A ação governativa tende a procurar satisfazer as reivindicações das pessoas, sendo exigido que se faça uma ponderação do que é necessário e o que é possível fazer, dentro de uma postura séria, frontal e justa.
Estamos num tempo em que todos os partidos começam a preparar as suas propostas para apresentarem aos Portugueses e, acima de tudo, espero que principalmente o meu partido e a sua nova liderança, consiga reinventar-se, explicar as opções do passado, corrigir o que terá sido menos conseguido e transpor uma imagem de esperança, futuro, desenvolvimento e credibilidade às próximas gerações.
A função governativa nunca é fácil. Jamais se consegue agradar a todos, ainda para mais quando as necessidades são muitas e os recursos são poucos, mas como ponto prévio, se houve mérito do governo que agora cessa funções, é o facto indesmentível e completamente inquestionável de ter colocado as contas públicas em ordem, reduzindo a dívida, o défice e colocando Portugal com Superavit Orçamental.
Isto, sendo mais importante do que possa parecer, também é o mote para abordar um assunto que merece reflexão.
Estamos a viver tempos absolutamente extraordinários com explosões sociais recorrentes na maioria dos países, transformações profundas e, Portugal não escapa a essa corrente, apesar de sermos tradicionalmente “um país de brandos costumes à beira-mar plantado”.
Com 50 anos de Democracia, é preocupante vermos algumas situações que se começam a multiplicar. O descontentamento de classes ou setores chave no nosso sistema democrático deve merecer uma absoluta atenção dos responsáveis políticos de forma a cumprir o desiderato inicial “do povo para o povo”.
A recente manifestação promovida pelos polícias é absolutamente justificada e, em traços gerais, também as suas restantes reivindicações.
Para o comum cidadão, não se entende como se poderá atribuir um determinado suplemento remuneratório (suplemento de missão) a uma parte das forças de segurança (PJ) e não ser atribuído às restantes (PSP, GNR, Guardas Prisionais, etc), ainda que todos saibamos que existem graus de complexidade diferentes, mas criando um compreensível sentimento de justiça face ao risco e penosidade inerentes a estas funções.
Outro tema que desgasta o Estado como figura central no serviço aos cidadãos em particular na área das forças de segurança, são as condições de trabalho destes profissionais nos seus postos. Problemas de manutenção do edificado são constantes e merecem uma superior atenção, mas sugiro desde já que se possa criar um mecanismo de proximidade como existe com os Centros de Saúde, ou seja, financiar as autarquias locais para ficarem responsáveis pela manutenção do edificado das forças de segurança. Seria mais um encargo à longa lista de responsabilidades dos autarcas, mas certamente não recusaríamos este papel de auxílio e promoção dos nossos territórios e melhoria das condições dos serviços das nossas populações e profissionais.
Este sentimento transversal que também afeta os profissionais de educação e saúde, entre outros, há muito que existe no seio das forças de segurança e até forças militares.
É absolutamente essencial criarmos soluções e respostas a estes problemas e não continuarmos a achar que estes manifestantes estão todos instrumentalizados por partidos extremistas ou são todos perigosos fascistas, tentando diminuir as suas reivindicações ou conotá-las como combate político. Não! Na manifestação de quarta-feira, estavam presentes profissionais das forças de segurança das mais diversas origens apenas com um objetivo comum: o respeito pela sua profissão que é um baluarte no nosso sistema democrático.
A “nossa” falta de resposta a estas exigências é que empurram facilmente as pessoas para outros caminhos ou respostas que, provavelmente outrora, jamais concordariam e muitos deles não se revêm.
Temos de dar esperança e respostas credíveis a estes Portugueses que defendem a nossa pátria, garantem a nossa segurança e atuam diariamente em prol de um bem comum. Ignorar não é bom. Empurrar o problema é pior.
Urge fazer algo… mas estou confiante que vai ser feito!
Nelson Oliveira