Artigo de Opinião | Desejos Populares

HUGO GONCALVES | NOVUM CANAL
Com o Ano Novo à porta, a Distrital do Porto da Juventude Popular lançou um vídeo com 12 desejos para o Ano de 2024

Neste vídeo, disponível nas redes sociais desta instituição (JP Distrital Porto), a mensagem é clara no que toca às preocupações e prioridades:

“Eu quero saúde e um SNS quando precisar.”

“Eu quero que a escola me prepare para a vida sem me impor como a devo viver.”

“Eu quero não ter que imigrar para receber um salário digno quando acabar a faculdade.”

“Eu quero criar a minha empresa sem me afogar em impostos.”

“Eu quero que ser professor possa ser um projeto de vida.”

“Eu quero uma justiça séria e célere.”

“Eu quero um país aberto à imigração, mas de forma planeada e digna.”

“Eu quero sair de casa antes dos trinta.”

“Eu quero mais apoios e mais condições para quem nos alimenta.”

“Eu quero uma geração preocupada com o ambiente, mas mais responsável na forma como o demonstra.”

“Eu quero que a geração mais bem preparada de sempre seja também a mais bem-sucedida.”

“Eu quero ter direito à reforma quando chegar a hora de a gozar.”

A estes desejos juntam-se muitos outros, igualmente importantes, mas acredito que todos os portugueses se sentirão mais felizes se alguns destes desígnios se concretizem até ao fim da legislatura que se iniciará nos próximos meses.

Com os 8 anos revolucionários do Partido Socialista, onde aprendemos que nem sempre quem vence governa, que a melhor forma de fazer esquecer escândalos é desviar as atenções para novos escândalos, e que a política deve ser feita para satisfazer as necessidades aparentes do presente, distribuindo dinheiro para tapar as deficiências governativas de falta de soluções para a raiz dos problemas, todos nós no dia 10 de março temos a opção de escolher entre dois projetos.

À esquerda, com políticos que não querem que os jovens aprendam sobre política e finanças, que não querem pagar dívidas e que se apresentam como humildes netos de sapateiros que sabem o que custa a vida, mas que depois vão tranquilamente para a sua mansão de Porsche.

Em alternativa, temos uma aliança de partidos que não maquilham nem mascaram a realidade deprimente que atravessamos, que sempre foram os partidos que nos tiraram do abismo em que ficamos após governações socialistas, que se preocupam com o presente mas têm visão de futuro.

Podemos também optar pela terceira opção de dar força ao voto de protesto. Mas não estamos já mal o suficiente para dar força a partidos que hoje dizem uma coisa e amanhã o seu contrário, estão mais preocupados em criar conteúdo para as redes sociais do que apresentar soluções de governabilidade estáveis ou que se implodem em guerras internas nos jornais, descartando alguns dos seus ativos com melhor qualidade e conteúdo?

O resultado desta terceira opção só tem um de dois desfechos: ou dá mais força ao PS e teremos um novo ciclo que em nada me admiraria se terminasse com a 4ª intervenção do FMI em Portugal (todas com o alto patrocínio socialista para este desfecho), ou então cairemos num novo impasse político, com novas eleições em breve porque a recebemos a fatura da irresponsabilidade de votar contra “o sistema” (seja lá isso o que for) ou por acharmos piada a quem transforma a Assembleia da República num autêntico tasco.

A Aliança Democrática, quer nos seja apresentada sob este nome ou não, reflete o espírito de um conjunto de líderes e altas figuras políticas que querem pôr travão a esta decadência. O Programa Eleitoral não tardará a ser apresentado, mas uma das prioridades é certa – o combate à maior carga fiscal de sempre. O PS enquanto se preocupa em redistribuir, esquece-se que se não incentivar a produção, vai estar a distribuir ar e vento. Se não houver uma recompensa pelo trabalho e pelo esforço, uma possibilidade de mobilidade social e uma visão com metas a alcançar a médio longo prazo, vamos continuar a ser ultrapassados por países que considerávamos subdesenvolvidos no leste da Europa. Não preciso de entrar em grandes reflexões ideológicas sobre que regime deixou esses territórios nesse estado. Apenas acrescento – mérito deles, demérito nosso. Está na altura de reverter esta tendência e forma de estar relaxadamente na cauda da Europa. Está na hora da direita democrática poder governar e reformar o país como já não o faz há quase três décadas! Desde Cavaco Silva, tivemos Durão Barroso com a herança da chamada “crise da Zona Euro” e Passos Coelho com a herança da intervenção do FMI e da grande recessão. Não contabilizo Santana Lopes pela curta duração do seu governo no célebre episódio em que Sampaio pôs a militância no PS à frente do cargo de Presidente da República para o qual os portugueses o elegeram.

Para terminar, aos doze desejos eu acrescento mais dois para este ano: que estas sejam as eleições com a maior taxa de afluência às urnas (de forma informada) e que, no fim de dia 10, possamos todos estar mais descansados pois terá terminado mais um episódio negro da história política em Portugal.

 

Hugo Gonçalves