Vão fechar o ano sem derrotas. A receita dos homens do leme

futebol 1 | NOVUM CANAL
Ser invicto. Que proeza tamanha, só ao alcance de muito poucos. Mas alcançável. Que o digam Amarante FC, Aliança de Gandra e Aparecida FC. Todos estes emblemas vão fechar o ano sem qualquer derrota para o campeonato, na atual época desportiva.

Amarante, cavalgante!

Os amarantinos lideram o Campeonato de Portugal, série B, destacados, com 31 pontos, mais 6 do que o S. João Ver,, que é segundo classificado. A juntar a este percurso nesta competição destaque ainda para o percurso da Taça de Portugal, onde já eliminaram o Sertanense, a Académica e o USC Paredes. Segue-se agora o Gil Vicente, equipa de primeira liga.

Renato Coimbra, o treinador de 47 anos, natural de Amarante, é o líder dos alvi-negros. Questionado sobre a chave do sucesso, o mister escolheu uma palavra: “continuidade“.

RENATO COIMBRA | NOVUM CANAL“Na minha opinião, não há nenhuma fórmula, não há nada que eu possa comprovar cientificamente que é isso que está a dar as vitórias ao Amarante. Agora, olhando e analisando, para mim, é a continuidade do trabalho. Na época passada, quando cheguei ao Amarante, comecei com 22 jogadores no plantel e não conhecia nenhum jogador. Conhecia um ou outro de vista, mas não tinha relação, nem profissional, nem de amizade, com nenhum jogador. Foi uma coisa nova para todos.”, disse Renato Coimbra.

O técnico atribui também importância à manutenção de alguns jogadores e uma avaliação com mais critério.

“No meu primeiro ano de Amarante, também tive a possibilidade de escolher, mas foi uma escolha sem um conhecimento objetivo de cada um dos jogadores e, este ano, não. Os jogadores que renovaram, eu conhecia-os, de trabalhar com eles 10 meses. Conhecia o caráter deles, a atitude deles, a forma de pensar e de estar em grupo, o que eles nos podiam dar em jogo. Foi feita uma avaliação de uma forma diferente. Depois, a partir daí, das renovações, é claro que também o meu conhecimento do campeonato de Portugal é diferente e o recrutamento, talvez, também tenha sido feito com mais critério, dentro daquilo que precisávamos, pelo conhecimento que eu já tinha de um ano de trabalho. Não posso dizer que a base do sucesso está nos que continuaram ou nos que vieram. Acho que aqui o conjunto das duas coisas é que está a permitir termos uma equipa equilibrada”, explicou Renato Coimbra.

Objetivo não era a subida

Olhando para a época imaculada que o Amarante está a fazer, ninguém diria que o objetivo inicial passava pela manutenção. Mas era essa a meta. Palavra de Mister.

“Entraram várias equipas no campeonato com o objetivo de subir. O nosso objetivo sempre foi a manutenção num primeiro momento, acho que está próximo de ser alcançado. Depois, se a conseguíssemos alcançar, íamos ter um segundo objetivo. Eu digo que o mais difícil está para vir, porque o que está feito, está feito. As segundas voltas são sempre campeonatos muito mais difíceis, porque as equipas começam a ver os seus objetivos a fugir, começam a jogar mais para o ponto. As equipas são as mesmas, mas com caraterísticas diferentes. Sabemos que, na segunda volta, vai ser uma luta muito grande. E depois sabemos que o Amarante ainda não perdeu, que há muitas equipas que nos querem ganhar, que querem ser a primeira equipa a vencer-nos e, cada jornada que passa, enquanto o Amarante não perder, vai ser sempre muito difícil. Também há a motivação dos adversários”

Se o Renato tiver sucesso…

RenatoCoimbra 2023.01.12 1024x680 1 | NOVUM CANALA época que Renato Coimbra está a conseguir com o seu Amarante não está a passar despercebida. Aliás, o técnico foi até já destaque no canal 11. A continuar este percurso, terá o mister à sua espera, no final do caminho, um trampolim?

“Se o Amarante tiver sucesso, toda a gente que está no clube poderá ou não tirar dividendos disso. Refiro-me aos treinadores, jogadores, à própria direção, aos próprios adeptos, que se o Amarante tivesse sucesso e subisse à Liga 3, iriam ter aqui equipas melhores, com mais nome, jogos na televisão, um campeonato já semi-profissional. Daria mais visibilidade à cidade e o Renato não foge à regra. Se o Amarante tiver sucesso, com certeza que algum retorno o Renato também irá ter”, explicou o técnico amarantino.

 

 

Taça de Portugal? Se fosse em Amarante…

Dia 10 de janeiro, o Amarante desloca-se a Barcelos para jogar com o Gil Vicente, equipa que está na Primeira Liga. A luta é desigual, diz Renato Coimbra, mas existe a esperança.

“O que o Amarante poderá fazer em Barcelos ou não vai depender muito daquilo que o Gil Vicente nos deixar fazer. Temos que assumir isso, são 3 divisões de diferença. Em termos de motivação, eu tenho a certeza que os meus jogadores vão estar muito motivados. Em termos físicos, vamos estar em desvantagem também, porque não estamos minimamente preparados para jogar num domingo e na quarta-feira a seguir. Tenho a certeza que vamos dar o nosso melhor contra uma equipa de primeira liga. Os nossos jogadores, equipa técnica, vão estar muito focados e concentrados. Temos esperança, mas se fosse em Amarante, no nosso terreno, talvez pudéssemos dificultar mais a tarefa do Gil Vicente. É uma luta desigual, mas vamos encará-la com muita seriedade, com muita honestidade, dignificando o Amarante e tentando tirar do jogo o melhor possível”

Mas que “Gandra” época

WhatsApp Image 2023 12 28 at 17.16.39 | NOVUM CANALO Aliança de Gandra, equipa do concelho de Paredes, também está a fazer um campeonato irrepreensível: 17 jogos, 15 vitórias e 2 empates, na divisão de elite pro-nacional, serie 2 . Digno de registo.

Marcos Nunes é quem comanda a equipa gandarense. O treinador de 48 anos considera que a chave do sucesso da sua equipa se resume numa palavra: união.

“Eu acho que vem muito da união da nossa equipa. Realmente, eles são muito unidos. Penso também que o facto de 23 dos 24 jogadores já terem jogado a titulares faz com que eles percebam que vale a pena estarem unidos, porque cada um tem a sua oportunidade e, por isso, eu penso que o grande segredo tem sido mesmo a união e, claro, a qualidade, porque eles treinam muito bem, têm apresentado muita qualidade nos jogos. E mesmo quando estivemos a perder, que já aconteceu 5 vezes, a equipa mantem-se tranquila e consegue dar a volta aos resultados. Por isso, eu penso que numa palavra só, a união do grupo tem sido fundamental”, avançou o mister.

Grupo faz acreditar na subida

Tal como em Amarante, o objetivo do Aliança de Gandra também não era a subida de divisão. Mas, os números fazem com que não se possa pensar noutra coisa.

“O objetivo era participar no novo campeonato que a Associação de Futebol do Porto vai criar, mas este grupo faz-me acreditar que tudo é possível. Nós, até agora, ainda não vimos nenhuma equipa melhor do que a nossa. Esse objetivo (a subida) não era o objetivo do grupo, nem do clube e penso até que o clube tem de se organizar, se a subida vier a acontecer. Mas eu, sinceramente, acredito na promoção, porque os jogadores têm dado uma resposta muito positiva, a equipa está cada vez mais motivada e a jogar melhor. No entanto, nós sabemos que no play-off, começa toda a gente com zero pontos e a margem de erro é muito curta, porque são só seis jogos. Mas, a continuar com esta cultura de vitória, com esta ambição que eles têm demonstrado jogo a jogo, tudo é possível”, explicou Marcos Nunes.

Taça? Foi uma promessa ao presidente

Marcos Nunes já sabe o que é ganhar a Taça AF Porto. Ora, e adivinhe lá, contra que equipa o mister a conseguiu vencer? Contra o seu atual clube, Aliança de Gandra. O treinador de 48 anos treinava o Vilarinho, em 2018-2019, e levou a melhor nos penáltis, depois do 1×1 final. Agora, do lado do Gandra, a taça foi logo promessa ao presidente do clube.

“Eu já ganhei a Taça AF Porto e curiosamente foi contra o Aliança de Gandra e, no primeiro dia em que eu cheguei a este clube, prometi ao presidente que tudo iria fazer para ganhar esta competição, que me diz muito. Nós não vamos facilitar nada, vamos sempre, nesta taça, jogar com a melhor equipa possível e tentar ganhar. É muito importante para o clube, é um sonho do presidente, e nós queremos dar-lhe muito esta prenda, que ele bem merece pelo trabalho que tem feito.”

Invencibilidade, seja bem Aparecida

WhatsApp Image 2023 12 28 at 17.05.16 | NOVUM CANAL17 jogos, 16 vitórias e apenas um empate, com muitas, muitas goleadas à mistura. Faltam adjetivos para descrever a caminhada do Aparecida FC este ano na divisão de Honra, série 2 da AF Porto.

É primeiro classificado, com uma distância de uns impressionantes 15 pontos para o FC Termas de S. Vicente. José Oliveira, que curiosamente já teve como adjunto Renato Coimbra, é o comandante dos aparecidenses. Sucesso vem da verdade, garante o treinador de 45 anos, natural de Amarante.

“Acho que a palavra verdade e, acima de tudo, mantermos essa coerência da verdade, tem sido a base do nosso trabalho. Foi felicidade e, como em tudo na vida, é preciso ter sorte, de encontrarmos uma estrutura diretiva que acredita em nós e nos deu a liberdade para a equipa técnica poder trabalhar da melhor forma possível. Condições muito acima da média para a divisão em que nos encontramos. E depois, foi um trabalho árduo, em que escolhemos atletas que nós entendíamos que teriam as caraterísticas necessárias para a nossa forma de jogar. Felizmente, os golos também surgem muito, porque nós potenciamos muito isso.”, declarou José Oliveira, que realçou que a equipa acredita muito no que lhes é transmitido.

“É fruto de um trabalho de um grupo de jogadores, que acredita muito naquilo que vamos dizendo e superam-se de treino para treino, de jogo para jogo. Todos os dias querem ser melhores do que foram já no Domingo passado, no treino passado. Tem sido uma viagem muito apaixonada. Estamos completamente focados e apaixonados uns pelos outros, o que nos leva a que tenhamos mais vontade em trabalhar. Conseguimos, no final de um dia de trabalho difícil para toda a gente, chegar ao treino e ter ainda essa harmonia”, atirou José Oliveira.

 

 

Adeptos que impressionam

O Aparecida FC é conhecido por ter uma vasta massa adepta, que apoia o clube incondicionalmente. O mister José Oliveira está rendido.

“Nós quando abraçámos este projeto, entendemos que tínhamos de estudar um bocadinho o que era o clube, os 92 anos de história do Aparecida FC. Quando percebemos que tinham uma massa adepta fervorosa, que assiste a todos os jogos … assistiram aos jogos de pré-época! Uma coisa que eu nunca tinha vivido e felizmente já estive em muitos e grandes clubes. Nós fomos jogar a Chaves, a Mesão Frio, à Régua, tivemos deslocações em que eles nos acompanhavam e nós sentíamos que eles tinham que ser também compensados com as vitórias, mas também com alguma qualidade e brilhantismo. Felizmente, estamos a dar-lhes essa compensação, aos adeptos que são incríveis, que nos apoiam desde o primeiro dia. Eu não sou da Aparecida, mas rapidamente fiquei a gostar. Tenha isto o final que tiver, dificilmente deixarei de sentir algo diferente.”, disse o técnico.

Oliveira encontra inspiração em … Oliveira

Vítor Oliveira ficou conhecido no Mundo do futebol como o “rei das subidas”. Foram 11 promoções à primeira Liga. José Oliveira admite que sempre admirou o técnico.

“Eu sou José Oliveira e o Vítor Oliveira é um dos treinadores que eu admirarei sempre, toda a vida. Eu fui sempre uma pessoa que valorizou muito o mister Vítor Oliveira, porque tinha a certeza que os discursos dele eram muito coerentes e muito assertivos. E depois, os trabalhos, falavam por si só. Também tenho Oliveira e também tenho já várias subidas no currículo. Não sou melhor do que ninguém, mas julgo que sou o único treinador que conseguiu ir a duas finais seguidas da taça AF Porto. Algumas subidas de divisão, várias consecutivas também no Marco. Mas, isto é tudo fruto de conseguirmos ser verdadeiros.

Restruturação profunda no plantel

d18de01d 0eab 4121 802a f5fc9f7d73fd | NOVUM CANALAquando da sua chegada ao clube, José Oliveira procedeu a uma reformulação profunda do plantel, não tendo ficado com a grande maioria do plantel da época passada. O técnico explica

“Nós não dispensámos ninguém. Os jogadores, a este nível, só têm contratos de um ano, são contratos de ano a ano. Nós, no final da época, não dispensámos, só tentámos escolher jogadores para uma ideia de jogar. Não é pelo caráter, pelo trabalho. Nós temos de saber aquilo que queremos e temos de ter um plano estratégico. Quando correr mal, quem vai levar por tabela é o treinador. Então, se é o treinador, por que é que não é o ele a fazer a equipa? Quando se ganha, todos fazem parte e quando se perde, toda a gente foge”, atirou José Oliveira.

 

Taça AF Porto também é para ganhar

Quando o assunto foi Taça AF Porto, José Oliveira atirou para cima da mesa alguns números seus enquanto treinador e garantiu que quer ganhar o troféu.

“Nós quando nos inserimos nas competições, é sempre para ganhar. Sou o único treinador que consegue ir a duas finais seguidas. A Taça diz-me muito. Perdemos o ano passado a final em penaltis, tínhamos ganho a outra final. Eu estou há duas épocas, mais esta época, sem saber o que é perder durante os 90 minutos para a Taça AF Porto. É provavelmente um recorde e há-de durar algum tempo. Tenho um grupo que acredita muito no trabalho, mas também sabemos que do outro lado existem equipas que pensam como nós. E nós vamos respeitá-los. No dia em que não respeitarmos o adversário, sabemos que estamos mais perto de perder. E aquilo que temos feito sempre é respeitar o adversário, mas pensando muito em nós”