A Organização Mundial da Saúde estima que existam, atualmente, 360 milhões de pessoas, em todo o mundo, com perda auditiva e, com grandes probabilidades de apresentarem perturbações ao nível físico, mental e social.
Os indivíduos com perda auditiva têm grandes dificuldades na perceção da fala, principalmente na presença de ruído, o que compromete significativamente a comunicação. Esta dificuldade comunicativa tem consequências extremamente negativas na vida social e emocional do indivíduo, levando-o, maioritariamente, ao isolamento. A perda auditiva é uma das doenças crónicas mais comuns nos idosos e existem evidencias científicas que comprovam que a dificuldade em ouvir potencia a demência e o declínio cognitivo.
Os indivíduos com suspeita de perda auditiva devem ser submetidos a testes auditivos rigorosos com um Audiologista e avaliados por um médico Otorrinolaringologista.
Caso a perda não tenha tratamento médico, seja irreversível e tenha indicação para a reabilitação auditiva com próteses auditivas, deve recorrer a um Audiologista da sua extrema confiança e certificado com cédula profissional
Atualmente e, como consequência do grande avanço tecnológico dos sistemas de amplificação sonora é possível responder especificamente às necessidades de cada individuo percebendo, pelas suas reações, comportamentos qual o melhor caminho a percorrer para conduzir ao sucesso.
No entanto, selecionar e adaptar próteses auditivas na população idosa não é uma tarefa simples e implica constantes desafios para o profissional de saúde responsável por todo o processo, pois esta população para além de ter a plasticidade neural diminuída, também pode apresentar alterações ao nível da motricidade fina e do sistema visual que podem dificultar o processo.
As próteses auditivas são dispositivos médicos, com um elevado avanço tecnológico, que devolvem ao paciente, quase na sua totalidade, durante a utilização, a audição que perdeu.
Estes aparelhos eletroacústicos encontram-se cada vez potentes, mais pequenos em tamanho, a sua versatilidade é cada vez maior na versão digital. O funcionamento depende de uma bateria recarregável ou de uma pilha. As próteses são programadas tendo como base os exames efetuados ao paciente. Estão habilitadas com Bluetooth permitindo a ligação direta ao telemóvel, televisão e portátil. Com a ligação ao telemóvel o paciente consegue ouvir em streaming permitindo uma nitidez mais rigorosa de som e, paralelamente, fazer alterações na programação a partir seu próprio dispositivo.
Podem assistir a programas de televisão, rádio, participar em atividades de grupo, deslocarem-se a um profissional de saúde, a uma instituição sem interlocutor, porque vão conseguir ouvir o que lhe é dito. As evidências demonstram que as próteses auditivas são eficazes para melhorar a qualidade de vida relacionada com a saúde específica da audição, a qualidade de vida relacionada com a saúde geral e a capacidade de audição em adultos com perda auditiva.
Assim, é possível que os pacientes beneficiem de uma melhor comunicação podendo interagir em sociedade e nas suas famílias, diminuindo o risco de depressão, isolamento, demência e declínio cognitivo.
É importante também referir que também estão mais seguros porque detetam as fontes sonoras de emergência (ambulâncias; carros; polícia; campainhas, toques, etc.).
A ciência, também, demonstra que em pacientes com demência, a evolução desta pode ser mais lenta, uma vez que diversas estruturas cerebrais estão a ser estimuladas com a utilização das próteses auditivas.
Atualmente as próteses auditivas estão preparadas para auxiliar os utilizadores, que tenham zumbidos, atenuando este sintoma que é cada vez mais vulgar em idades avançadas.
De seguida, descrevo alguns sinais de perda auditiva a que deve estar atento:
- Ouve, mas não entende o que lhe é dito;
- Coloca o som da televisão/rádio muito alto;
- Pede repetidamente para repetir o que foi dito;
- Dificuldades em ouvir na presença de ruido;
- Presença de Zumbidos;
- Faz esforço acrescido para ouvir.
Caso se identifique com alguma das situações apresentadas anteriormente, deve procurar, com carácter urgente, uma equipa multidisciplinar (Audiologia e Otorrinolaringologia) para ter uma resposta assertiva e segura ao seu problema.
Procure, sempre, profissionais de confiança e devidamente certificados que o consulte, oriente e acompanhe com profissionalismo e empatia.
Maria Alexandra Salvador,
Audiologista