O atual Governo, e logo na sua primeira Legislatura, assumiu de forma determinada e necessária, com o Programa de Apoio à Redução Tarifária nos Transportes Públicos (PART), o objetivo de combater as externalidades negativas associadas à mobilidade, nomeadamente a exclusão social, a emissão de gases de efeito de estufa, a poluição atmosférica, o congestionamento, o ruído e o consumo de energia. Deste modo, procurou-se, e bem, atrair passageiros para o transporte coletivo, apoiando as autoridades de transporte com uma verba anual, que lhes permite operar um criterioso ajustamento tarifário e da oferta, no quadro das competências que lhes são atribuídas pela Lei n.º 52/2015, de 9 de junho, na sua redação atual.
Tem sido várias as medidas implementadas, das quais destaco na nossa região, o passe “Andante”, que tem permitido efetuar viagens integradas e articuladas por um preço substancialmente inferior ao praticado no modelo anterior. Através do Fundo Ambiental, tem sido possível financiar grande parte desta iniciativa, permitindo uma substancial redução tarifária para o utilizador. Temos exemplos de poupança de montantes superiores a 100€ por mês e por utilizador. Nesta transformação importante e profunda, temos ainda um conjunto de investimentos avultados e estratégicos ao nível da mobilidade no País e nas grandes áreas metropolitanas, que tornam necessário analisar e estudar o melhor modelo de estabelecer as ligações diárias das regiões mais periféricas com os territórios de maior densidade populacional, como é o caso do Grande Porto.
Neste enquadramento de mera participação cívica, apresento também o meu modesto contributo, que carece naturalmente de maior densidade especializada de dados estatísticos, de fluxos, de estudos e de debate, e que vem na sequência do que já abordara, em 2018, para referir e sublinhar a importância estratégica para a nossa região da melhoria e da eficácia do acesso ao transporte público a sul do Grande Porto.
Vila Nova de Gaia e Santa Maria da Feira estão a assumir como prioridade a melhoria da mobilidade em transporte público, nomeadamente com o comboio e o metrobus, a Sul do Grande Porto. São ótimas iniciativas, que devem ser potenciadas para a sua utilidade maior para todo o território. Assim, ganharão todos, com maior poupança e melhor ambiente.
Nesse sentido, continuo a defender que o “interface de transportes e de negócios” junto à zona do nó da A32 e A41, faria todo o sentido ser ponderado e estudado. Teríamos condições infraestruturais de efetuar a verdadeira transição do transporte particular para o público de forma cómoda, segura, económica, frequente, sustentada e integrada no acesso ao Grande Porto.
Seriam asseguradas melhores condições de acessibilidade, aos cuidados de saúde através dos hospitais centrais, às universidades e a todo um conjunto muito vasto de serviços que existem na área urbana do Porto, criando-se um eixo de mobilidade mais rápido e eficaz para todos.
Castelo de Paiva, por exemplo, teria muito a ganhar com esta iniciativa, quando a ligação da Variante EN222 a Canedo estiver concretizada.
Admito que se trata de um projeto para se pensar, numa perspetiva de futuro, considerando ser um sonho, mas deve ser também uma ambição que suscite o debate e o interesse para ser incluído na agenda e quem sabe, ver uma oportunidade de financiamento, como, por exemplo, no Fundo Ambiental.
Por: Gonçalo Rocha