A Associação Nacional dos Cuidados Continuados (ANCC) denuncia o que considera serem “entraves colocados para que pessoas com doenças/acidentes graves possam aceder à rede”.
“Nos últimos anos a Associação Nacional dos Cuidados Continuados (ANCC) tem vindo a receber diversos telefonemas e informações por parte de cidadãos anónimos, colegas, amigos e familiares, dos entraves que lhes são colocados para que pessoas com doenças/acidentes graves possam aceder à Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) seja para fazerem a sua reabilitação seja para ter cuidados em fim de vida”, lê-se na nota informativa que nos foi endereçada.
A ANCC refere que “estes entraves vão desde o dificultar do acesso à RNCCI, porque simplesmente há um cartão de cidadão caducado e que precisa de ser renovado até situações de pressão sobre doentes e familiares para que estes sejam levados para casa quando teriam critério para ingressar numa Unidade de Cuidados Continuados Integrados”.
“A esmagadora maioria das pessoas relata estas situações por telefone. No entanto, desta vez, o relato veio por escrito pelo que encaminhamos um exemplo dos vários episódios que referimos”, reforça a ANCC que considera “tal situação muito grave”
“Este episódio que é relatado vai ao encontro do relatório da ERS de 13 de Outubro de 2022, que nos diz que, em 2022, houve um ligeiro aumento de 1,16% na lista de espera de pessoas para aceder à RNCCI face ao ano anterior de 2021 e uma diminuição de 23,21% face a 2019”, acrescenta a ANCC que recorda “é caso para dizer que não nos espanta (embora desconfiemos destes dados) que com esta prática de pressionar doentes e familiares e os impedirem de aceder à RNCCI, a lista diminua”.
A ANCC adverte, todavia, que “no entanto, não deixa de ser no mínimo curioso que, um relatório de Avaliação de Desempenho e Impacto do Sistema de Saúde, apresentado pela Convenção Nacional de Saúde (CNS) menos de 1 mês depois do relatório da ERS, isto é, a 9 de novembro de 2022, nos diga que a lista de espera para doentes na RNCCI aumentou 88% face a 2019, entrando em clara contradição com a ERS que diz que diminui 23,21%”.
“ É uma diferença de mais de 100% que não pode ser negligenciada e que tem de ser esclarecida junto da opinião pública”, sustenta a associação.