A Confraria do Presunto e da Cebola do Tâmega e Sousa premiou, esta quarta-feira, os produtores de cebola, no tradicional concurso que decorreu no palco tradições e que consagrou como vencedora Adelaide Cunha, de Croca, concelho de Penafiel.
Ao Novum Canal, Adelaide Cunha destacou ser motivo de orgulho e um alento ter voltado a ser premiada numa edição tão importante como a Agrival.

“Sinto-me feliz por ter ganho o concurso, uma vez mais. É o resultado de todo um trabalho árduo, num ano difícil e exigente”, disse, reconhecendo que a sua cebola foi merecedora do primeiro prémio.
Falando da cebola garrafal, esta produtora reconheceu que esta é uma cebola de características únicas, muito procurada na região.

Aludindo à produção de cebola este ano, a premiada adiantou que, ao contrário de outros produtores, conseguiu garantir uma produção farta e escoar até a quantidade de cebola que colocou à venda na Avenida Gaspar Baltar.
“Sei que houve pessoas que devido à escassez de água tiveram problemas e viram a sua produção afetada, o que não foi o meu caso”, concretizou, sustentando produzir hectare e meio de cebola e estar a vendê-la a 1,50 cêntimos.
“É um preço razoável, dadas as dificuldades que este ano os produtores estão a sentir. Existem inúmeras dificuldades em produzir cebola. Está tudo muito caro, os químicos aumentarem e a mão-de-obra igualmente”, atalhou, sublinhando que vive da produção de cebolas e de outras culturas.

“Já os meus pais produziam cebola e passei, também, a produzir cebola e outras culturas. É o meio de sobrevivência”, asseverou.
O grão-mestre da Confraria do Presunto e da Cebola do Tâmega e Sousa, Ferreira de Barros, admitiu que a Feira de São Bartolomeu e das Cebola é um momento impar da Agrival, que nasceu da feira, que premeia os produtores e contribui para a promoção da cebola.
No dia em que a Feira São Bartolomeu festeja os 281 anos de existência, o grão-mestre da Confraria do Presunto e da Cebola do Tâmega e Sousa admitiu que este foi um ano difícil para os agricultores devido à escassez de água, com quebras de 50%.
“Muitos produtores não conseguiram vingar a cebola, mas 50% dos produtores conseguiram fazê-lo. As quebras foram significativas na ordem dos 50%. As temperaturas elevadas prejudicaram a produção. Os agricultores que conseguiram vingar a sua produção tiveram que regar a cebola todos os dias”, avançou, afirmando que a edição deste ano contou com 50 produtores.

No que concerne à cebola garrafal, o responsável da confraria esclareceu que a semente da cebola garrafal está já certificada a nível nacional e europeu, estando a confraria a certificar a cebola no campo.
Ferreira de Barros recordou que foram os capuchinhos da Misericórdia de Penafiel que inicialmente produziram a cebola como meio de subsistência.
“Presentemente temos menos agricultores, porque há poucos jovens que queiram produzir cebola, mas urge continuar a apoiar a sua produção e preservar esta tradição”, avançou.

O presidente da Câmara de Penafiel, Antonino de Sousa, admitiu que a Feira das Cebolas tem quase três séculos de história, reconhecendo que , este ano, devido ao calor, vários produtores viram a sua produção condicionada, o mesmo, tendo acontecido com outras culturas, como o melão de cascas de carvalho.
“Ainda assim a qualidade mantém-se. A cebola tem dimensão mais reduzida, o que não é pior no consumo doméstico, mas são as vicissitudes do mundo rural e deste tempo das alterações climáticas que estamos a viver. Queremos manter viva esta tradição”, avançou, sublinhando que a Feira das Cebolas é visitada por inúmeras pessoas de vários pontos do país.

O chefe do executivo manifestou, ainda, que a feira de São Bartolomeu é uma feira centenária, funcionando como um reconhecimento para todos os produtores e para os agricultores os jovens.


