(C/ VÍDEO) Greve nacional da administração pública agendada para hoje

Greve nacional da administração pública agendada para hoje

A Frente Comum convocou para, esta sexta-feira, uma greve nacional da administração pública, manifestação que poderá ter impactos nas escolas e noutros serviços.

A Frente Comum, a maior e mais representativa organização de Trabalhadores da Administração Pública, justifica esta manifestação nacional pela “valorização dos salários, das carreiras e o reforço dos serviços públicos”, criticando  o que considera ser a “falta de resposta do Governo” e a “degradação dos serviços públicos para dar espaço aos grupos privados”.

A Frente Comum crítica, ainda, no seu site, numa alusão às razões que motivaram este protesto nacional, “a falta de resposta do Governo em responder às questões que preocupam os trabalhadores da Administração Pública, como é o aumento geral dos salários, a revogação do sistema integrado de gestão e avaliação do desempenho na Administração Pública. SIADAP, a correção da Tabela Remuneratória Única (TRU), a valorização das carreiras e o reforço dos serviços públicos”.

A Frente Comum advoga, na sua publicação oficial, que “é possível aumentar salários, valorizar carreiras e reforçar os serviços públicos, recordando que face ao “aumento do custo de vida, os trabalhadores têm cada vez mais dificuldades de fazer com que o seu salário estique até ao final do mês”, sendo que a opção do Governo passa por “manter a opção de não aumentar os salários e valorizar o trabalho”.

Com o objetivo de fazer valer os seus direitos, a Frente Comum criou uma petição pública online, tendo como destinatário o Presidente da Assembleia da República, com a designação “Pela valorização dos salários, pela relevância de  todos os pontos e progressividade na carreira, pela proporcionalidade  dos níveis da Tabela Remuneratória Única “, em que afirma que “…o governo  está a impor a interpretação de que a atribuição do salário de 635,07€  implica a subtração dos pontos detidos pelos trabalhadores, sendo-lhes  vedada a progressão”.

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Fotografia: Frente Comum

Na petição, a Frente Comum considera, tal facto “uma atroz injustiça e uma  grosseira violação de um direito consagrado no artigo 156.o da Lei Geral  do Trabalho em Funções Públicas (LTFP)…”.

Na petição a Frente Comum declara, ainda, que “com tal imposição, o governo insiste em violar aqueles preceitos de leis  da Assembleia da República, fomentando procedimentos de uma atroz  injustiça, proibindo, na prática, a evolução profissional de milhares de  trabalhadores, em muitos casos com mais de duas dezenas de anos de  serviço, tratando-os, para esse efeito, como se acabassem de ser  admitidos. Em conjunto com os cortes e congelamentos nos salários e nas  carreiras de que estes trabalhadores foram alvo e a inflação, os  trabalhadores da Administração Pública continuam a ser os mais  prejudicados”.

A Frente Comum avança que o “recente aumento da remuneração base para €635,07 foi uma forma  enganosa que o Governo encontrou para distribuir os 50 milhões de euros  anunciados e prometidos, mas não justificados, ignorando deliberadamente  os trabalhadores que auferiam um salário inferior, com base no qual  foram sujeitos a avaliação de desempenho, tendo em vista a respetiva  progressão remuneratória: os trabalhadores que detinham remuneração  inferior (o salário mínimo em 2018 era de €580,00), por força da  presente alteração, ficam na mesma posição remuneratória dos  trabalhadores recém-contratados. Ou seja, trabalhadores com 10, 20 ou  mais anos de antiguidade, ganham o mesmo que um trabalhador contratado  em 2019”.

“Por outro lado, verifica-se que a posição remuneratória nível 4, a que  correspondem os €635,07, é a que antecede a primeira posição  remuneratória da carreira de assistente técnico, a qual se inicia na 5a  posição da tabela remuneratória única – €683,13, provocando forte  distorção do espírito e regime de carreiras gerais instituído em 2009,  ao aproximar os salários das carreiras de assistente operacional e  assistente técnico”, lê-se na respetiva petição.

A Frente Comum declara, ainda, que “meste contexto, os signatários, inconformados com a perversidade das  referidas posições do governo, reclamam que a Assembleia da República  ponha cobro a tamanha ignomínia e, consequentemente, tome as medidas que  justamente se impõem, nomeadamente no seguinte sentido: relevância de todos os pontos obtidos na respetiva avaliação de  desempenho, para todos os efeitos, nomeadamente de progressão, reformulação da TRU, formatada com níveis salariais que respeitem a proporcionalidade imposta pelo artigo 147.o da LTFP, cujo valor inicial seja superior ao salário mínimo nacional, como também impõe o artigo 148.o da mesma LTFP, reivindicando-se, para o efeito, que esse valor inicial se fixe em € 650,00”.

A Frente Comum defende, também, a “eliminação das injustiças salariais e respeito os direitos constitucionalmente consagrados de retribuição do trabalho, segundo a quantidade, natureza e qualidade,  observando-se o princípio de que para trabalho igual salário igual, de  forma a garantir uma existência condigna….e na valorização profissional enquanto condição essencial da  dignidade no trabalho com a abertura urgente de um processo negocial e legislativo que culmine no  restabelecimento da justiça salarial, do direito à progressão na  carreira de todos os trabalhadores da Administração Pública, da  progressividade dos níveis atenta a carreira e experiência”.