A Academia Profissional do Vale do Sousa promoveu, esta quinta-feira, uma conferência dedicada ao tema “O futuro da economia: contextos e desafios” que contou com a presença do ex-ministro das Finanças, Teixeira dos Santos.
A Academia Profissional do Vale do Sousa promoveu, esta quinta-feira, uma conferência dedicada ao tema “O futuro da economia: contextos e desafios” que contou com a presença do ex-ministro das Finanças, Teixeira dos Santos.
Fernando Teixeira dos Santos, docente da Porto Business School e ex- Ministro das Finanças do XVII Governo Constitucional, destacou, em declarações ao Novum Canal, que vivemos uma conjuntura desafiante, com o país, a economia europeia e o mundo estavam a começar a ultrapassar esta crise, quando o mundo foi confrontado com um guerra.
Estávamos já a ver a luz ao fundo do túnel, quando esta guerra veio agravar as perspéticas de evolução da economia europeia e do mundo. Este conflito gera um ambiente de incerteza que acaba por ter um ambiente negativo para a atividade económico e é muito natural que a par do aumento dos preços que estamos a assistir se assiste, também, a uma desaceleração da atividade económica que poderá vir a ter consequências ao nível do emprego”, disse, salientando ser crucial fazer face a este momento de dificuldade conjuntural.
“Este é um mundo que está a enfrentar grandes mudanças a nível climático, mudanças tecnológicas e a nível social, das desigualdades, da inclusão. Esperamos que o nosso modelo de desenvolvimento económico, ultrapassada esta guerra, possa focar-se naquilo que é importante, que é o progresso do país”, referiu.
Teixeira dos Santos relevou a importância deste evento e a necessidade de informar as pessoas sobre o que se está a passar e sobre este aumento de preços.
“As pessoas reagem a este aumento, sentem que este aumento tem consequências nos seus orçamentos familiares. Poderá haver medidas de política, ajudas do Governo que permitam ultrapassar esta situação. O Governo pode ajudar a ultrapassar essas dificuldades, implementar medidas no sentido de mitigar as dificuldades das famílias e das empresas, mas não elimina os obstáculos, pelo que teremos de ser capazes de fazer face a estas adversidades”, frisou.
Teixeira dos Santos reconheceu que a situação que se verifica na Ucrânia levanta, também, a questão da dependência energética, assim como da dependência alimentar, uma vez que existe uma dependência relativamente aos cereais de Rússia e da Ucrânia.
“Necessitamos de regressar a um ambiente de normalidade entre nações, onde as relações comerciais entre países se possa desenvolver. Temos de mitigar as nossas dependências. Temos de ser interdependentes. Nuna economia global, onde os países não estão fechados sobre si próprios, é uma economia de interdependências. Penso que isto ficou ainda mais evidente com esta crise e há que fazer um esforço de diversificarmos as fontes de abastecimento das nossas empresas, no domínio energético e nas matérias-primas. Essa diversificação vai ter de ser feita. Eventualmente a Europa terá de acelerar a sua política energética, procurar desenvolver a descarbonização e as energias alternativas. A Europa também tem de pensar no seu próprio modelo de industrialização. Temos de assegurar uma forte componente de abastecimento interno de coisas que são estratégicas para o desenvolvimento das nossas economias”, expressou.
O presidente da Câmara de Paços de Ferreira e da Profisousa, Humberto Brito, reconheceu que a conjuntura que o país e o mundo vivem faz com que os cidadãos e as próprias empresas estejam perante um conjunto de novos desafios sobre o futuro da economia.
“Daí este ciclo de conferências integrarem personalidades e figuras tão relevantes da sociedade e da economia nacional. Existem temas que se levantam como a inflação e os efeitos que poderá ter na economia nacional. O país e o mundo vive uma Guerra que tem efeitos na vida das empresas e foi, também, com esse objetivo que estas conferências foram implementadas”, explicou, esclarecendo que estas conferências contarão, também, como convidados diversos speakers, profissionais experientes ligados à economia e ao setor industrial que irão partilhar estratégias e soluções inovadoras e diferenciadoras.
“Queremos que os nossos empresários possam debater estes temas uns com os outros, e possam privar, debater e ver as suas dúvidas esclarecidas, com figuras e personalidades que têm provas dadas em diferentes domínios”, avançou.
O ex-governante, antes da conferência, foi recebido nos Paços do Concelho e assinou o livro de honra do município.
Criada por um consórcio de instituições locais, a “Academia Profissional do Vale do Sousa, surge com o intuito de preparar as pessoas para as empresas da região e alinhar as suas competências com os requisitos tecnológicos”.
Entre muitas das suas atividades, o “Business Club é um dos pilares da Academia” e resulta do “protocolo estabelecido em setembro de 2019 com 26 empresas ligadas ao cluster do mobiliário, nomeadamente produtores, armazenistas, prestadores de serviços de apoio à indústria, fornecedores de matérias-primas e outras componentes”.
Refira-se que a Academia Profissional do Vale do Sousa promoverá um ciclo de conferências temáticas, durante quatro meses, que decorrerão, nos meses de abril, maio, setembro e novembro de 2022.