O dirigente do São Pedro da Cova, Vítor Catão, desmente ter agredido o árbitro do encontro no jogo com o São Lourenço, a contar para os oitavos de final da Taça da Associação de Futebol do Porto, que decorreu no Estádio Coronel Moura Bessa e que foi interrompido pelo árbitro da partida aos 60 minutos, por desacatos, numa altura em que o São Lourenço do Douro vencia por 1-0.
Refira-se que os ânimos se exaltaram assim que a formação da casa fez o primeiro golo, o que suscitou o protesto da formação de Gondomar e do seu dirigente, Vítor Catão, que acabaria expulso.
Na sequência deste episódio, o árbitro do encontro apercebendo-se da falta de condições para dar continuidade ao jogo, optou por interromper o mesmo.
Em declarações ao Novum Canal, Vítor Catão afirma que entrou no recinto do jogo apenas com o objetivo de refrear os ânimos e os ímpetos dos seus atletas que não se conformavam com a forma como o encontro estava a ser conduzido.
“Quero deixar claro que o São Lourenço do Douro não tem a ver com isto. Depois o presidente do São Lourenço é que se meteu nisto. Esta guerra não é do São Lourenço”, disse, reiterando não ter agredido em momento algum o árbitro da partida.
“Da minha parte, não tive qualquer comportamento violento para com o árbitro. Na confusão se houve um jogador meu a tentar dar um empurrão, eu não vi, caso contrário, não teria problemas em dizer que sim. Ando no futebol porque gosto. Não ando no futebol porque preciso”, referiu, sustentando que ele e os demais elementos que estavam no banco do São Pedro da Cova, quando entraram no recinto do jogo, foi com o objetivo de serenar os ânimos e evitar que os ânimos se exaltassem ainda mais.
“O golo do São Lourenço do Douro nasce de uma falta e os meus jogadores juntaram-se à beira do árbitro e eu, o meu massagista e o treinador fomos a correr para puxar os jogadores para trás”, confessou, admitindo ter-se dirigido, nesta altura, para o árbitro da partida dizendo-lhe que não estava de acordo quanto à forma como estava a prejudicar a sua equipa.
“Para além do lance que precede o golo do São Lourenço do Douro, o árbitro do encontro não marcou uma grande penalidade a favor da minha equipa, perdoou uma expulsão ao guarda-redes da formação da casa por entrada mais dura sobre um jogador da minha equipa. Temos as filmagens do que se passou. Temos tudo para mostrar à Associação de Futebol do Porto. Somos um clube pobre, mas somos muito profissionais. Temos advogados. O advogado do clube estava neste jogo a assistir à partida e a pessoa que se vê no vídeo a entrar, com roupa de cor castanha, é o advogado do clube. Fomos acalmar a situação porque sabíamos que o árbitro queria expulsar os jogadores”, afirmou.
O dirigente do São Pedro da Cova fez duras críticas ao árbitro do encontro, afirmando mesmo que o golo da formação da casa é precedido de uma falta a favor da sua equipa que não foi assinalada.
“A minha equipa neste jogo foi prejudicada a cem por cento. Temos diretores e presidentes de clubes que já me ligaram e que me disseram que o árbitro da partida não esteve bem. Depois o árbitro terminou o jogo sem dizer nada aos fiscais de linha”, disse, sublinhando que o árbitro é que tentou agredir um adepto.
“No domingo, no jogo com o Clube Desportivo de Sobrado, o árbitro da partida fez uma excelente arbitragem. O São Pedro da Cova não tem casos. Não quer ser beneficiado, nem prejudicado”, expressou, destacando que não lhe passa pela cabeça que a Associação de Futebol do Porto não determine que os trinta minutos em falta não venham a ser jogados.
“Se o São Pedro da Cova não jogar não há mais taça. Iremos até onde for necessário. Não estou com medo de ir a São Lourenço jogar os trinta e tal minutos que falta jogar. Queremos ir ao São Lourenço vencer o jogo. Entramos em todo o lado com o espírito de vencer e ganhar os três pontos. Não temos nada contra as pessoas de São Lourenço. Temos sim, contra o seu presidente que falou demais”, manifestou, reiterando que a sua equipa irá jogar os 33 ou 34 minutos que estão em falta.
Vítor Catão crítica, ainda, Luciano Gonçalves, presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), pedindo a sua demissão.
Refira-se que o presidente da APAF condenou, na sua publicação oficial online, os incidentes e a agressão ao árbitro da partida.
Após a divulgação pública deste caso, Luciano Gonçalves, recorreu à sua página oficial, para condenar este episódio.
“É vergonhoso o que estamos a deixar fazer ao futebol de base, a passividade e impunidade das instituições desportivas e dos tribunais é gritante e revoltante. Estou corado de vergonha, por fazer parte e estar de mãos e pés atados. Até quando? Vamos ficar todos com as mãos manchadas de sangue!!!”, escreveu.
O São Lourenço do Douro, em nota de esclarecimento, que partilhou, à data, na sua publicação oficial, confirmou que este encontro foi interrompido por “desacatos” alheios ao clube e imputa responsabilidades à formação de Gondomar.
O clube marcuense destaca, ainda, que “devido à impossibilidade da presença policial neste jogo, facto alheio ao nosso clube, a segurança do jogo foi feita segundo as diretrizes enviadas pela AF Porto, seguindo exatamente à risca tudo o que foi solicitado com os 4 ADR´S”.
A formação do concelho do Marco de Canaveses reforçou que “juiz da partida, devido às ameaças dos elementos do S. Pedro da Cova, decidiu que não estavam reunidas as condições de segurança para continuar o jogo e suspendeu o mesmo”.
O emblema do Marco de Canaveses avança, ainda, que quando o árbitro do encontro “se dirigia para o balneário, foi agredido com um murro, e empurrado, com extrema violência, pelas escadas abaixo, que só por muita sorte não resultou numa tragédia muito maior”.
“O S. Lourenço do Douro orgulha-se de ser um clube que se rege dentro do futebol e na sociedade, por princípios de boa educação, camaradagem, solidariedade e acima de tudo por um espírito de Fair-Play, anti violência e respeito por todas as pessoas. Acima de qualquer resultado desportivo, cabe a todos nós lutar por um futebol melhor, sem violência e, por isso mesmo, pedimos que este tipo de atitudes sejam, severamente, castigadas e que estas pessoas que incentivam a violência e estragam o verdadeiro futebol sejam irradiadas, de uma vez por todas”, escreveu o clube na sua publicação.
Recorde-se, ainda, que em declarações ao JN online de 31 de março, o dirigente do São Lourenço do Douro, António Pereira, afirmou que quando o juiz do encontro estava no túnel de acesso aos balneários foi agredido com um soco.
Ainda de acordo com o JN online o árbitro terá sido “levado de ambulância para uma unidade hospitalar perto do recinto de jogo”.
O Novum Canal, previamente a estas declarações, contactou os dois dirigentes com o objetivo de ouvir ambos sobre o que se tinha passado no Estádio Coronel Moura Bessa. Inicialmente não obtivemos qualquer feedback, tendo, já numa fase posterior, voltado a contactar os referidos dirigentes. Inicialmente, o presidente do São Lourenço do Douro mostrou-se disponível para prestar declarações, o mesmo acontecendo com o dirigente do São Pedro da Cova que após agendamento para esta segunda-feira, acabou por efetuar a gravação, via zoom, apenas esta terça-feira.
Refira-se, ainda, que o presidente do São Lourenço do Douro, contactado, novamente, pelo Novum Canal, declinou o convite para gravação das suas declarações, afirmando que dado o processo estar a decorrer e os factos terem acontecido na semana passada, não fazia sentido voltar a falar sobre os mesmos, sem que houvesse novidades.
O Novum Canal deixa a “porta aberta” a uma eventual reação do presidente de São Lourenço do Douro, às declarações proferidas pelo dirigente de São Pedro da Cova.