A invasão da Ucrânia pela Rússia fez já inúmeras baixas entre militares, civis e até crianças, as mais vulneráveis, que acabam por sofrer na pele as consequências de um conflito que a maioria da comunidade internacional considera injustificado e de consequências nefastas.
Existem várias organizações que apontam para um número elevado de baixas entre os civis e crianças, o elo mais fraco neste tipo de operações militares.
Por outro lado, todos os dias somos confrontados com imagens que nos remetem e veiculam para uma realidade que muitos de nós julgaríamos impensáveis em pleno século XXI.
A psicóloga Marina Ferreira Silva reconhece, em declarações ao Novum Canal, que, nestas situações e contextos, é determinante “moderar a nossa exposição face à informação constante e rápida que vai surgindo sobre o conflito”.
“As notícias, as imagens e as conversas sobre a guerra estão por todo o lado, e mostram-nos um cenário que nos deixa, no mínimo, perplexos”, refere, salientando que “pode ser também natural e expectável que as pessoas sintam alguma ansiedade face ao que está a acontecer e sejam reforçados sentimentos de incerteza e imprevisibilidade não só “no futuro, no curto prazo — o que irá acontecer —, mas também num futuro a médio prazo, relacionado, por exemplo, com possíveis perdas económicas e dificuldades associadas àquilo que é uma rotina de vida”.
Face a esta situação, Marina Ferreira Silva considera mesmo que “pode ser útil centrarmo-nos naquilo que podemos controlar em relação à situação, para que a ansiedade não seja difusa”, avançando que é “relevante entender que a ansiedade pode ter uma dimensão positiva”, sendo esta “que nos motiva a adotar comportamentos de proteção”.
Esta especialista em psicologia clínica e da saúde reforça, ainda, que “é essencial saber desligar, ou moderar a nossa exposição face à informação constante e rápida que vai surgindo sobre o conflito”, podendo o telespetador reservar períodos do dia para procurar a informação.
“Apesar de ser um acontecimento que não esperávamos e que é muito complexo, é um acontecimento temporário. As guerras também terminam”, concretiza, sublinhando que a “esperança deve sempre existir!”.
Marina Ferreira Silva adverte, ainda, para a importância de complementar a torrente e o vórtice de imagens que nos são veiculadas diariamente, contextualizando-as de forma a que as crianças possam ter uma perceção do que está a acontecer.
A psicóloga avança mesmo que importa que os pais e encarregados de educação, perante este turbilhão de imagens não receiem explicar o que se está a passar até porque “por curiosidade a criança poderá ir procurar informação noutras vias, que podem gerar mais dúvidas e medos”.
Marina Ferreira Silva relembra, por outro lado, que com o cadência de imagens que nos são veiculadas diariamente sobre este conflito militar é “praticamente impossível querer proteger ou afastá-la das imagens que são exibidas”, sem que esta se interrogue sobre o que está a visualizar.
Marina Ferreira Silva declara que “não dar respostas como ‘estes assuntos não são para ti’ ou ‘não penses nisso’, com o excesso de informações veiculadas sobre o tema, torna-se praticamente impossível dada a cadência com que o tema é apresentado, o que impede que a criança não dê conta ou não pense sobre o que está a ser veiculado.
Esta especialista considera, igualmente, fundamental proteger as “crianças de exposição a imagens violentas que “podem afetar”, por exemplo, o “sono ou a estabilidade emocional dos menores”.
A especialista em psicologia Clínica e da Saúde relembra que este momento de maior conflitualidade deve ser encarado, também, como pretexto para valorizarmos valores e princípios como a gratidão, focar-nos “na esperança” e agradecer diariamente o que temos.
“A cama quente onde dormimos, a casa que nos abriga, os alimentos que nutrem o nosso corpo. Ter esperança e gratidão mostra-nos o quão bem estamos. Nem sempre temos perceção disso”, acrescenta.