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(C/ VÍDEO) Duas mulheres com profissões que eram tradicionalmente exercidas por homens

Duas mulheres com profissões que eram tradicionalmente exercidas por homens

São cada vez mais as mulheres que ocupam e desempenham funções que tradicionalmente eram ocupadas pelos homens.

No dia em que se assinala o Dia internacional das Mulheres, o Novum Canal, ouviu duas mulheres que trabalham em duas dessas profissões e que são o exemplo de como as diferenças e as barreiras entre homens e mulheres começam, cada vez mais, a esbaterem-se.

Catarina Cerqueira, 32 anos, camionista há três anos, residente em Penafiel, assume que é hoje uma mulher realizada profissionalmente, confirmando que sempre teve uma paixão pelos camiões.

“Sou camionista desde 2019. É uma profissão que sempre gostei. Já na empresa onde trabalhei antes, durante nove anos, exercia a função da manobradora de empilhadores e pelo que sempre tive uma ligação aos camiões. Decidi tirar a carta de pesados e não estou arrependida, pelo contrário”, disse, salientando que ser camionista permitiu-lhe ter uma liberdade que não encontra noutras profissões.

“Gosto muito do que faço. É um trabalho que me permite estar sempre em movimento e levanto-me sempre bem-disposta, apesar deste ser um trabalho solitário e sobretudo para os camionistas que fazem longas distâncias”, admitiu, afirmando que o companheirismo é uma presença constante para quem trabalha nesta área.

“Passo muitas horas ao telefone com outros colegas de profissão e isso acaba por compensar, de alguma forma, o facto de passarmos muito tempo no camião”.

“Transporto cargas para Penafiel, Gaia e Feira. O meu dia-a-dia em termos profissionais varia muito”. Catarina friza ainda que para um camionista não existem horários definidos, que são sempre incertos.

Sobre a profissão que desempenha, Catarina Cerqueira reconhece que esta deveria ser mais valorizada.

“Enquanto camionista não somos valorizados. Não nos dão o valor que deveríamos ter. Enquanto mulher, não tenho nada a dizer. Existe companheirismo e tenho colegas que estão sempre disponíveis para me ajudar. Muitos destes foram os que me apoiaram sempre que quis desistir. Inicialmente fiz transporte internacional, mas quando vim para a empresa quis desistir. Foram os meus colegas que me incentivaram a ficar e estiveram sempre a apoiar-me”. Catarina afirma que nunca se sentiu ter sentido discriminada ou desvalorizada no seu trabalho.

“Sou uma pessoa humilde, quando tenho alguma dificuldade ou dúvidas pergunto e procuro ajuda. Os meus colegas estiveram sempre comigo e sempre manifestaram apoio na hora de me ajudar”, concretizou, admitindo que o pior na sua profissão são os diferentes pesos, as manobras e os pneus que muitas vezes rebentam.

“Já sabia que era difícil, é um trabalho diferente, exige mais concentração. O tamanho do reboque também interfere mas temos que nos adaptar”.

Questionado sobre se é possível conciliar esta atividade com uma vida familiar e o ter filhos, Catarina Cerqueira avança que apesar dos inúmeros fazeres não põe de lado a possibilidade de criar família. Profissionalmente, afirma ser feliz com aquilo que faz.

Ana Leal, 37 anos, professora de educação física e treinadora da equipa sénior de futsal do Centro Cultural e Desportivo da Ordem que milita na Associação de Futebol do Porto Divisão Elite II Fase, série 2, é também uma das mulheres a exercer uma atividade que continua a ser predominantemente exercida por homens.

Ana Leal confessa que a paixão pela atividade física e pelo desporto esteve desde muito cedo presente na sua vida.

“Ser professora de educação física sempre foi uma paixão desde criança. Pratiquei vários desportos, fui federada e vim para o futsal tardiamente. Sou treinadora há 14 anos. Fiz a formação, fiz três anos de juniores e agora estou com os seniores. Sempre treinei equipas masculinas”, avançou, reconhecendo que o facto de treinar uma equipa sénior masculina colocou-lhe inicialmente alguns desafios.

“Trouxe alguns atletas que já conhecia e que sabiam da minha forma de trabalhar, mas foi uma tarefa difícil. Fui contratada pela direção e fui de alguma forma imposta à equipa. Só depois de iniciarmos o trabalho e dos resultados começarem a surgir é que começaram a aceitar melhor. Quando cá cheguei o plantel estava formado, passado uma semana perdi seis atletas. Tive de reconstruir a equipa”. Ana Leal afirma que internamente sempre foi uma treinadora e uma pessoa respeitada.  

Já externamente à realidade do clube, a treinadora declara que existem homens que não conseguem imaginar serem liderados por uma mulher.

“Para quem está de fora, há homens que têm dificuldade em aceitar esta situação”, concretizou, salientando que quanto entra nos pavilhões há pessoas que pensam que é diretora ou fisioterapeuta, mas nunca treinadora.

“Todos os meus colegas de outras equipas me respeitam, parabenizam-me pelo meu trabalho. Agora, para outros participantes na atividade, esta realidade ainda é difícil. Em termos de arbitragem, se falar mais alto sou mais castigada relativamente aos meus colegas treinadores”, sublinhou.

Ana Leal declarou que é a paixão pelo futsal e o desafio em competir e a evoluir, que a fazem continuar a querer ser treinadora.

“Felizmente a minha direção é extremamente corajosa, conheciam o meu trabalho na formação e sempre acreditaram em mim para liderar uma equipa que está num patamar que é dos mais competitivos e numa associação é das mais desafiantes do país”, manifestou.   

Quanto ao futuro, a treinadora esclareceu que a sua prioridade passa por vencer jogo a jogo.

“Penso semana a semana, fazer o máximo que conseguir”, acrescentou, deixando, ainda, uma palavra de apreço para os seus atletas pela entreajuda e entrega que colocam em cada jogo, mas, também, pela colaboração naquilo que é a preparação e a planificação das partidas.

“Não é qualquer jovem que aceita que lhes diga isto ou aquilo. No fundo acabam também por ter um sentido de proteção em relação à minha pessoa”, admitiu.

Ana Leal reconheceu, por outro lado, que as mulheres têm uma sensibilidade diferente da dos homens na abordagem e na forma como planificam os jogos.

“Aceitam mais a opinião dos outros. Nunca decido sozinha. Os meus atletas decidem comigo, partilham a minha estratégia. Decidimos tudo em conjunto e isso é uma vantagem”, declarou, assumindo que a competência não escolhe o sexo.  

“Nesta modalidade, ninguém teria esta coragem. Também treino equipas de sub-7 e nesse escalão vejo muitas mulheres porque não há a preocupação em ganhar. Nos outros escalões a pressão é maior e não se veem tantas mulheres, mas a base é tão importante como os outros escalões mais acima”, retorquiu.

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