A Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP) alerta, no âmbito do Dia Mundial do Rim, que se comemora hoje, para o facto de 30% dos casos de doença renal terminal serem causados pela diabetes.
A associação destaca, em comunicado, que “estima-se que haja mais de um milhão de pessoas com diabetes e cerca de 800 mil pessoas com doença renal crónica em Portugal”, salientando que “prevenir e tratar a diabetes ajuda também a proteger a saúde dos rins”.
A APDP reforça que “relativamente ao tratamento, quando o rim deixa de funcionar, as terapêuticas de substituição renal (TSR) têm de ser equacionadas pois a função renal é essencial à vida. A diabetes em Portugal é a causa de doença renal terminal em cerca de 30% dos casos, condicionando a necessidade de tratamentos como a hemodiálise, diálise peritoneal, terapêutica conservadora ou transplante renal”.
Citada em comunicado, a nefrologista da APDP, Patrícia Branco, explica que “a diabetes é uma doença grave que afeta a saúde dos rins e de todos os órgãos porque afeta os vasos. O rim é uma espécie de filtro que remove do organismo as toxinas produzidas diariamente pelo nosso corpo. Na diabetes, os níveis elevado de açúcar danificam este filtro, permitindo que as proteínas como a albumina passem para a urina. Com o passar do tempo estas são eliminadas em quantidades cada vez maiores, o que vai reduzir o funcionamento dos rins”.
“A necessidade de rastreio, realça a especialista, é fundamental: “Este rastreio faz-se pela pesquisa da presença de uma proteína na urina (albuminúria) e por uma análise de sangue para calcular a função renal”, conclui.
Rita Birne, também nefrologista da APDP, avança que “as TSR evoluem no sentido de um tratamento personalizado que corresponda às necessidades clínicas e individuais da cada pessoa. Existem diversos ensaios, alguns deles já em humanos, com avanços inovadores que podem transformar de forma revolucionária as vidas das pessoas com falência renal nos anos vindouros”.

“Equipamentos de tamanho reduzido, que permitam a portabilidade, flexibilidade e continuidade de tratamento, vão aliviar o impacto de um tratamento num tempo reduzido, com benefício na saúde física e mental, bem como permitir uma maior liberdade na vida profissional, familiar e social. O futuro reafirma uma TSR centrada na pessoa, que prioriza as necessidades do doente e a qualidade de vida, e não apenas a melhoria da sobrevida”, projeta a especialista.
Já o presidente da APDP, José Manuel Boavida, acrescenta que “a associação entre a diabetes e a doença renal crónica é uma realidade que comprova, uma vez mais, a necessidade de promover a articulação entre especialidades médicas quando lidamos com uma doença crónica como a diabetes. Há uma elevada prevalência de insuficiência renal nas pessoas com diabetes e tememos que, devido à pandemia e ao consequente atraso de diagnósticos atempados, a deterioração do funcionamento dos rins poderá ser acelerada”.
“A doença renal crónica consiste numa lesão com perda progressiva e irreversível da função renal. Estima-se que em Portugal mais de 800 mil pessoas sofram desta doença. Todos os anos são registados 2.200 novos casos com necessidade de TSR, existindo atualmente 13 mil pessoas dependentes de diálise. Pode atingir todas as idades e géneros, embora a sua incidência seja maior nos adultos e idosos”, afirma a APDP que acrescenta que a “diabetes, a obesidade e a hipertensão arterial são os três fatores que mais contribuem para que no futuro os números possam ser ainda mais altos, razão pela qual o diagnóstico e o tratamento precoce são fundamentais”.