No dia 27 de março assinalou-se o Dia Mundial do Teatro. A companhia Teatro Regional da Serra do Montemuro foi uma das instituições que na região aproveitou para assinalar a data com a promoção de espetáculos e várias atividades.
Eduardo Correia, diretor artístico e ator do Teatro Regional da Serra do Montemuro, uma das companhias cuja visibilidade e notoriedade é sobejamente conhecida entre os seus pares, em declarações ao Novum Canal, relevou a importância da data, enaltecendo, também, o facto de muitas companhias que foram afetadas pela Covid-19 estarem já com várias produções artísticas, num sinal claro de retoma dos espetáculos.
“Obviamente que não estamos alheios ao que se passa no mundo, mas a nossa atividade tem que continuar. Tínhamos um conjunto de atividades que foram realizadas este domingo, no âmbito do Dia Mundial do Teatro, nomeadamente uma estreia que vem na sequência de um conjunto de lendas que estamos a recrear no município de Arouca. Também tivemos duas representações no município de Viseu”, disse, salientando que o grupo tem na sua génese e como objetivos a produção de produções artísticas e que continua apostar na criação de textos originais contemporâneos.
“Tentamos com as diferentes instituições fomentar cursos na criação, apresentação e divulgação de novas obras artísticas”, expressou.
Falando do desertificação e das dificuldades inerentes ao teatro no interior e em territórios de baixa densidade, o diretor artístico do Teatro Regional da Serra do Montemuro confirmou que a desertificação do interior é uma realidade à qual o grupo já se habituou, mas que não pode servir de impedimento à apresentação e divulgação de novas obras artísticas.
“Essa é uma realidade à qual estamos habituados e isso não nos retira a motivação. Estamos a contribuir para a fixação de pessoas. É possível criar projetos sólidos em territórios onde as artes supostamente não teriam a mesma força. Não é uma questão geográfica, os projetos acontecem em qualquer região do país”, adiantou, reconhecendo que este é um esforço acrescido, mas em nada altera aquilo que são os objetivos da companhia.
O ator reconheceu que a crise sanitária criou dificuldades e, à semelhança do que aconteceu com outras áreas, potenciou novos desafios e fez com que o grupo tivesse que se reinventar.
“Como aconteceu com outras atividades, tivemos de parar com as produções artísticas que tínhamos agendado. Com esta abertura, o regresso à normalidade, deparamo-nos com um volume intenso de trabalho. Estamos a esmiuçarmos para dar respostas a tudo o que são solicitações. Tem sido um trabalho gratificante perceber que o público também estava ávido das nossas produções”, avançou.
Referindo-se àquilo que são os objetivos mais imediatos do grupo, Eduardo Correia destacou que o Teatro Regional da Serra do Montemuro tem uma estreia já este domingo, no âmbito deste Lendas Mil, promovido pela ADRIMAG em parceria com o Município de Arouca, assim como várias digressões, com espetáculos, já este mês, em Castro de Aire, Arouca e Viseu.
Em abril, o Teatro Regional da Serra do Montemuro irá participar num projeto em coprodução do Teatro Banco, que contempla uma temporada de cerca de um mês, em Palmela, além do acolhimento das residências artísticas e da programação inerente ao espaço do grupo.
Eduardo Correia admitiu que o Teatro Regional da Serra do Montemuro é, hoje, uma referência no contexto das companhias da região.
“O Teatro Regional da Serra do Montemuro construiu o seu espaço no território, no país e a nível internacional. Isso deve-se a todo um trabalho, à relação com as comunidades e a outros grupos. Isso faz com que se crie uma corrente e isso tem-nos dado essa visibilidade. Temos também articulado com as autarquias. Somos uma companhia pequena e itinerante”, atalhou, assumindo que o grupo tem um público heterógeno.
“Sabemos onde estamos, conhecemos a nossa realidade e o público que queremos atingir. Criamos espetáculos abrangentes. Todos os nossos projetos são originais”, afiançou, sublinhando que os apoios só se conseguem com o trabalho realizado no território.
“O paradigma do teatro de Montemuro tem vindo a mudar. Somos uma companhia itinerante, mas estamos a intensificar o trabalho na região e isso deve-se à articulação que temos mantido com as instituições locais”, precisou.
Eduardo Correia esclareceu que o Teatro Regional da Serra do Montemuro iniciou a sua atividade em 1990, trabalhando inicialmente de uma forma experimental até 1995.
“Em 1995 tivemos primeiro apoio do Estado e passamos a ser um grupo profissional. A companhia tem sete pessoas permanentes, mas há uma corrente de atores, cenógrafos, encenadores que colaboram connosco e mantemo-nos fiéis à nossa matriz. Hoje somos um grupo um local de referência na criação, difusão e programação artística”, confessou, salientando que o grupo continua a apostar numa programação diversificada, assente na criação de textos originais e mantendo a sua matriz e identidade artística com base nas vivências rurais.