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“Depois do Medo”, novo livro de Marta Moreira aborda obsessão com o tempo e a relação com a memória

“Depois do Medo”, novo livro de Marta Moreira aborda obsessão com o tempo e a relação com a memória

“Depois do Medo”, assim se intitula o mais recente livro de Marta Moreira, escritora, artista multidisciplinar e professora do Ensino Artístico Especializado da Música, natural de Lousada, mas a residir em Braga.

A autora destaca, em declarações ao Novum Canal, que esta obra resulta da “adaptação para teatro de um conto homónimo, publicado no ano passado no primeiro volume da coletânea “humanário” (que integrou a coleção 12catorze das Edições Húmus, com curadoria de Francisco Guedes”.

“O conto retratava a forma como alguém que já vivia em autoimposto confinamento acaba por assumir uma certa resistência ao jugo do medo, inserindo-se obviamente numa veia de literatura sobre a pandemia que vivemos. Nesta adaptação para Teatro procurei perceber o que viria a seguir ao medo, o que aconteceria à sociedade depois de um intenso período de peste. A resposta a que cheguei serve-me de premissa para toda a peça: depois do medo, vem a loucura (infelizmente em consonância com o que hoje estamos a viver, embora na altura naturalmente não o pudesse prever)”, disse, salientando que o “personagem que conhecemos antes aqui já é bastante mais velho e encontramo-lo internado numa instituição psiquiátrica onde o tentam convencer de que alucinou a peste”.

“Ele, numa recusa que continua a ser a metáfora que encontro para uma resistência que julgo necessária, demonstra uma obsessão com o tempo e a sua relação com a memória, tudo temas que atravessam o meu trabalho e sobre os quais me debruço com regularidade”, refere.

Fotografia: Marta Moreira (DR)

A escritora e responsável pela direção artística da Plataforma do Pandemónio admitiu que a sua mais recente obra tem um percurso bastante engraçado.

“Eu senti desde logo uma vontade muito grande de aprofundar o conto que tinha escrito e o Teatro pareceu-me uma trajetória muito natural. Levar certos temas para cima do palco tem o condão de nos ajudar a colocá-los em perspetiva, algo que outros veículos artísticos não alcançam tão facilmente (ou de forma tão transversal)”.

“Ganhei uma admiração imensa pelo trabalho do encenador Manuel Tur, que é meu amigo e ganhei coragem para lhe mostrar o conto, procurando perceber se este seria viável numa adaptação para Teatro. A partir daí, o Manuel foi inclemente na forma como me instigou a efetivamente escrever o texto teatral por intermédio de diferentes incentivos para participar em concursos literários. Por isso, acabei por lá escrever o texto para participar nesses concursos. Ainda fiz um ou dois, já não me recordo bem, e não fui selecionada (isto no início do ano passado). De repente há um dia em que me cruzo com um outro concurso, uma chamada de trabalhos para autores portugueses da Editora Urutau, editora cujo trabalho eu já vinha admirando há algum tempo, e pensei que não tinha nada a perder. Foi com muita surpresa que alguns meses mais tarde (creio que ali em Junho ou Julho de 2021) recebi a notícia de que tinha sido selecionada e de que a obra iria ser publicada!. A partir daí começamos o trabalho de edição (que a generalidade das pessoas não sabe, mas é bastante lento e moroso) e agora finalmente saiu a público”, acrescentou.

Fotografia: Marta Moreira (DR)

Questionada se a sua mais recente obra vai ser apresentado em algum concelho da região do Tâmega e Sousa, Marta Moreira referiu estar ocupada com outros projetos e criações, mas não deixou de parte a possibilidade de o apresentar em Lousada e conseguir levá-lo a sítios em que ainda não esteve.

“Para já, como tenho a agenda do primeiro semestre deste ano bastante preenchida com outros projetos e criações, só tenho previsto o seu lançamento, que irá acontecer a 26 de Abril na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva (em Braga). Tenho estado muito focada em garantir condições para que este texto possa ser posto em cena, e a sua estreia prevê-se em Janeiro do próximo ano, em coprodução com a Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão. Este processo é algo bem mais difícil do que se julga, porque implica concorrer a diferentes programas de financiamento e qualquer processo de candidatura engloba horas e horas de trabalho. De todo o modo, tenho muita vontade de o apresentar “em casa”, assim como noutros pontos do país, embora me interesse muito conseguir levá-lo a sítios em que ainda não estive e sobretudo, num contexto onde pudesse simultaneamente aliar as diferentes atividades de mediação cultural (oficinas, workshops, tertúlias) que tenho desenvolvido nesta área”, avançou.

Fotografia: Marta Moreira (DR)

Confrontada com uma das muitas publicações que partilhou na sua página oficial sobre o digital e o peso que passou a ter nas nossas vidas e na sociedade, Marta Moreira assumiu que este assunto da transição digital é algo que a tem levado a refletir bastante.

“Muito do trabalho que tenho desenvolvido procura encontrar um equilíbrio que vejo ausente (como disso é exemplo a PULSAR – uma revista, uma revista multidisciplinar que fundei o ano passado com os meus colegas Jefferson Rib e Sara F. Costa e que tem conseguido afirmar-se no meio literário com bastante assertividade)”, sustentou.

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