Passado mais de 30 (um minuto já era humanamente intolerável…) sombrios dias desde o início da inaceitável intervenção militar da Rússia contra Ucrânia, isto é, da guerra de poder, de aviltamento do Direito Internacional e da coabitação pacífica entre nações soberanas, assisto com enorme pesar que todos os passos dados, por todos os atores, sejam direitos ou indiretos, se firmam num viés de confirmação totalmente “balcanizado”.
Traduzindo, tanto Vladimir Putin (Rússia) e seus acólitos dependentes, como, Volodymyr Zelensky (Ucrânia) e seus aliados que assistem no sofá, tapados com mantas de ceda bordadas a ouro, à beligerância sem derramamento de qualquer gota do seu sangue “puro e casto”, procuram de modo inconsciente, apenas evidências que confirmem aquilo em que acreditam, tendendo a ignorar ou minimizar informações que contrariem suas crenças e convicções.
Como disse Lee Iacocca, ex-presidente da IBM “Bom senso é a qualidade das pessoas que pensam como nós”, resumia de forma simples, assertiva e com muito humor esse viés, que tem uma relação direta com a teimosia.
Não tenho dúvidas que estamos perante situações complexas cuja informação disponível não permite concluir holisticamente sobre os caminhos que deverão ser percorridos para o cessar imediato da carnificina que sempre se associa à guerra, sempre injusta, iníqua, horrenda, humanamente intolerável.
Assistimos hoje em dia, a uma produção massiva e incessante de informação jornalística, com 99% dos enviados recolhidos e abrigados em terras da Ucrânia, verberando sobre a intervenção Russa e os danos causados naquele território.
A liberdade de informação não pode ser confundida como propagação de propaganda!
Quando calámos ostensivamente a informação produzida na Rússia, colidimos com o direito universal da liberdade de expressão e de acesso à informação.
Deixámos que os Russos sejam eles também manipulados pela “propaganda Russa” em virtude de silenciarmos o seu direito de acesso à informação, matando sementes plantadas a montante que poderiam permitir transformar uma cleptocracia Russa numa democracia onde povo, esse o povo, tenha os instrumentos de escolha e opção sobre o seu futuro, obrigando a impor uma democracia naquele território.
Quando estamos perante pessoas extraordinariamente manipuladoras como Vladimir Putin dever-se-á SEMPRE evitar confronto, sarcasmo, hostilidade e humilhações.
Indivíduos com personalidades agressivas estão sempre na busca de uma desculpa para entrar em guerra; interpretando todo tipo de hostilidade como um “ataque” e sentir-se-ão justificados para colocar em ação quaisquer agressões.
Só há mesmo uma solução – NEGOCIAÇÃO !!!
Esta deverá ancorar-se numa proposta de um acordo sensato, com metas concretas, passíveis de comprovação e execução. Estando a Ucrânia e aliados da UE e NATO preparados para honrar compromissos, certificando-se de fazer apenas propostas que possam cumprir, sem pedir contrapartidas que sabem de antemão que não receberão, ou que os possa deixar em risco de serem manipulados.
A Vladimir Putin, indivíduo de personalidade agressiva, deverá ser proposto o maior número possível de cenários em que todos saiam ganhando, sendo esta a chave, para a resolução eficaz do conflito armado.
A humilhação e o encurralamento gerarão mais e maior desespero e todos sabemos que estes sentimentos primários são inimigos da racionalidade e sobretudo da PAZ!!!
Não sendo eu especialista em geoestratégica militar (hoje derivamos todos de epidemiologistas para estrategas militares…) uma questão para mim é óbvia:
1 minutos de censura ao livre acesso à informação é 1 minutos a menos nas nossas liberdades.
1 Minuto de guerra é 1 minuto de morte da civilização tolerante que todos ambicionámos.
1 morte na guerra é uma parte do mundo que desaba que jamais se reconstituirá.
Paz na terra, inclusive na Ucrânia!
Por: Paulo Lopes
