A estreia de filme documental, no sábado à noite, na Casa da Cultura, dedicado a Daniel Faria, marcou os 50 anos de nascimento do poeta paredense.

A efeméride ficou, também, marcada pela inauguração da exposição “Daniel, Nome de Poeta” e à apresentação do livro de atas do colóquio realizado em junho, no Marco de Canaveses, numa iniciativa organizada pela “Associação Casa Daniel” e em parceria com a Câmara Municipal de Paredes.

O presidente da Câmara Municipal, Alexandre Almeida, que marcou presença na sessão, realçou que Daniel Faria é o grande poeta de Paredes, constituindo uma figura proeminente do concelho.

“Faleceu muito novo, mas oque é certo é que o legado que deixou em tão pouco tempo é por todos reconhecido e o município não poderia deixar de o reconhecer e é com satisfação que a Casa da Cultura acolhe os trabalhos desenvolvidos pela Associação Casa Daniel e, também, participa no primeiro documentário sobre a vida e a obra do peta que é a maior figura literária de Paredes”, expressou.

O chefe do executivo reconheceu que a obra de Daniel Faria, natural de Baltar, extravasa o concelho, sendo reconhecida a nível nacional, admitindo, ainda, que a sua obra e o seu legado já deveriam ter sido impulsionados.

“O seu nome está já associado a uma escola, mas homenagear o seu legado faz todo o sentido e é isso que nos propomos fazer daqui para a frente”, afirmou.

A vereadora da Cultura, Beatriz Meireles, relembrou que as primeiras influências que o poeta teve, nomeadamente da mãe, foram fundamentais para que tivesse construído muito da sua poesia.

“Muitos dos seus temas, também, apelam à ruralidade, a Capela da Quintã, em Baltar, não fica muito longe da casa onde nasceu e morou,, nos seus primeiros anos de vida. Paredes acaba por ser uma obrigada a acender esta luz por ele. Ele dizia que se acendesse a luz não morreria sozinho, e ele não irá morrer sozinho porque a Câmara de Paredes a Associação Casa Daniel, todos os artistas e oradores que participaram no colóquio no Marco de Canaveses quiseram lembrar Daniel e o autor está no lugar que realmente merece, que é o lugar supremo da poesia. Compete à Câmara de Paredes, a partir daqui, continuar a perpetuar a sua memória, dar-lhe uma casa, talvez, para que consigamos que os mais pequenos e as gerações futuras comecem a saber quem era Daniel Faria”, concretizou, sublinhando que Daniel Faria foi um poeta maior.

“A sua obra enche-nos de orgulho. Fazem 50 anos que nasceu e 20 anos de infelizmente faleceu, mas como referi, cabe-nos manter a luz acesa e não apagada”, afirmou.

Duarte Ribeiro, membro da Associação Casa Daniel, enalteceu a oportunidade conferida pela autarquia paredense por ter acolhido a mostra que reúne vários desenhos de uma residência artística que decorreu em setembro na Associação Casa Daniel, em Tabuaço.

“Nesse fim-de-semana, vários artistas sobre a orientação de Alberto Péssimo puderam retratar Daniel Faria sobre o olhar da arte. O poeta não se cingiu apenas à poesia, ele era um homem de arte, um homem de intimidade e nessa intimidade, ele revelava o seu ser”, precisou, confirmando que a associação teria de lembrar Daniel Faria nos seus 50 anos, salientando que Tabuaço, perto de São Pedro das águias, era o local predileto de intimidade para o poeta. 

“A associação nasce da necessidade de perpetuar o nome de Daniel Faria. O importante não é recordar, mas perpetuar o seu nome e a sua obra”, acrescentou, lembrando que as atas do colóquio que decorreu no Marco de Canaveses integram os textos e testemunhos de pessoas que conviveram com ele no Marco de Canaveses.

“Estamos a falar de pessoas que privaram com ele na sua individualidade. Daniel Faria entrava no coração das pessoas e isso reflete-se na relação que mantinha com os outros. O documentário faz um percurso pormenorizado do Daniel através de entrevistas e pessoas com quem Daniel partilhou muito do seu ser. E, diga-se, que era muito raro Daniel abrir o seu interior às pessoas, somente às pessoas que amava”, atalhou, reconhecendo que este documentário é uma oportunidade única para conhecer Daniel, a sua passagem pela Faculdade de Teologia e de Letras, onde se evidenciou com a publicação dos seus primeiros livros.

Alberto Péssimo, pintor, recordou que homenagear um poeta é sempre um momento de que todos devemos fazer parte.

“É um poeta que morre jovem, que conseguiu uma obra em pouco tempo, o que prova que não é preciso fazer muitas coisas para que uma obra valha e se afirme. Isso não aconteceu apenas com ele, mas com outros poetas igualmente grandes, com obras relativamente pequenas. Estou a lembrar-me do Pessanha e outros. Não é a extensão da obra que faz o poeta”, disse.

Nuno Higino, escritor felgueirense, reconheceu que Daniel Faria era um homem simples.

“O que é simples causa emoção, desafia-nos. Deixou uma obra única do ponto de vista literário e o testemunho da pessoa que ele era. A simplicidade, a forma como estava na vida, como convivia com os amigos, foi o melhor poema que ele deixou”, afirmou, falando em justiça em relação à obra de Daniel Faria.

“Ele é o último grande poeta do século XX. Tudo o que fizermos para invocar a sua obra é de inteira justiça. A poesia dele merece ser conhecida assim como a sua figura. Esta homenagem no município onde ele nasceu faz parte desse reconhecimento”, avançou.

A cerimónia contou, também, com a presença da vereadora Tânia Ribeiro,  o presidente da Assembleia Municipal, José Baptista Pereira, a vereadora da Cultura da Câmara de Penafiel, Susana Oliveira, o presidente da Junta de Freguesia de Paredes, Artur Silva, Fernanda Cunha, mãe de Daniel Faria, Celeste Valério, Diretora do Agrupamento de Escolas Daniel Faria, Alberto Péssimo, pintor, Nuno Higino, escritor, entre outros.