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Presidente da República recorda Jorge Sampaio como um “grande senhor da democracia” e da “nossa pátria comum”

O Presidente da República referiu-se, esta sexta-feira, a partir do Palácio de Belém, numa curta declaração, a Jorge Sampaio como um “grande senhor Democracia” e  da “nossa pátria comum.”, a propósito da morte do ex-chefe de Estado.

Marcelo Rebelo de Sousa rotulou o ex-presidente da República como um defensor da “liberdade e da igualdade”

“Portugueses, Acabei de exprimir à família do Presidente Jorge Sampaio, em dor, o pesar de todos vós. Lutando, mas serenamente, nos deixou hoje o Presidente Jorge Sampaio. Lutando serenamente. Como sereno foi o seu testemunho de vida, ao serviço da liberdade e da igualdade. Sereno na sua luminosa inteligência. Sereno na sua profunda sensibilidade. Sereno na sua paciente, mas porfiada coragem. Jorge Sampaio nasceu e formou-se para ser um lutador e a causa da sua luta foi uma: a liberdade na igualdade”.

Marcelo Rebelo de Sousa relembrou o papel nuclear que o ex-estadista teve na luta contra o Estado Novo.

“Na carismática afirmação, no movimento estudantil do início dos anos 60. Na defesa, em tribunais plenários, dos presos políticos durante a ditadura. Na representação externa da democracia nascente. Na construção de pontes, década após década, entre formações diversas, no seu hemisfério político e para além dele”, disse, referindo-se à sua “adesão ao Partido Socialista, de que viria a ser deputado, líder parlamentar e líder nacional”, assim como “na formação da primeira e mais vasta coligação pré-eleitoral de esquerda da nossa História democrática”.

O chefe de Estado relembrou a sua presidência na Câmara Municipal de Lisboa, “após uma rara campanha de ideias, com visão estratégica, prioridade aos mais pobres e excluídos, preocupação com as pessoas, os seus sonhos, os seus dramas, a sua realidade”, assim como na “devotada e prestigiante Presidência de Portugal”.

Presidente da República recorda Jorge Sampaio como um “grande senhor Democracia” e da “nossa pátria comum”
Fotografia: Rui Ochoa/Presidência da República (foto arquivo)

Marcelo Rebelo de Sousa não esqueceu que foi Jorge Sampaio que lançou “a Cimeira de Arraiolos, com todos os Chefes de Estado europeus eleitos não presidencialistas”, criou a “ COTEC, com empresários portugueses, espanhóis e italianos, pela inovação e responsabilidade social”.

Na sua declaração, o atual Presidente da República declarou que foi, também, Jorge Sampaio que recriou “as presidências abertas do seu antecessor, com a constante presença de Maria José Rita”.

“Podendo ter-se resignado ao caminho mais fácil do jurista respeitado, da quietude da sua origem social, do natural ascendente da sua cultura, do seu pensamento, da sua oratória, escolheu o caminho mais ingrato, da solidariedade para com os que mais sofriam, do convívio com o concreto, da privação da sua saúde, frágil, em exaustivos e desgastantes labores”, afirmou, ainda, sustentando que “ninguém esquecerá momentos únicos dessa entrega”, “as intervenções decisivas desse furacão ruivo na Alameda da Universidade de Lisboa, em 1962” assim como a “madrugada da libertação dos detidos em Caxias, após o 25 de Abril”.

Marcelo Rebelo de Sousa recuperou a “conversa com Álvaro Cunhal, antes da segunda volta da eleição de Mário Soares, em 1986”, assim como a “travessia, em noites de vendaval, dos bairros de lata da capital, que, com o Governo de então, conseguiu extinguir”.

O Chefe de Estado referiu-se, ainda, ao trabalho efetuado por Jorge Sampaio em Belém, por “causa de Timor-Leste”, à “oposição à intervenção no Iraque”, à “dedicação à saúde pública global – herança do magistério paterno – e ao diálogo entre religiões, culturas e civilizações”, assim como o “exemplar acolhimento dos refugiados sírios, fugidos das tragédias das guerras”.

O mais alto magistrado da nação recordou que Jorge Sampaio era “um homem bom, na partilha da alegria tal como da dor alheias”.

“Jorge Sampaio deixou-nos hoje com um duplo legado. Duplo – porque feito de liberdade, mas também de igualdade. Duplo – porque feito de inteligência, mas também de sensibilidade. Porque provou que se pode nascer privilegiado e converter a vida na batalha pelos não privilegiados. Sempre lutando, mas com serenidade. Aquela serenidade que une a força das convicções ao respeito por cada um e por todos os demais. De bem com todos e todos de bem com ele. A corajosa serenidade de um grande Senhor da nossa Democracia, de de um grande Senhor da nossa Pátria comum”, frisou.

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