A Assembleia Penafidelense vai ser palco, esta sexta-feira, da exposição coletiva de pintura “Arte em Confinamento”, que reúne trabalhos e telas pintadas durante o período da pandemia.
Cristina Coelho, uma das administradoras do grupo online “Arte em Confinamento”, que dá o mesmo nome à exposição, salienta que esta mostra é composta pelos administradores do grupo e algumas crianças, e que o objetivo inicial passava por fazer algo maior e envolver todos, tornar Penafiel como Montmartre, mas que a crise sanitária, que continua a atingir o país, inviabilizou para já.
Ao Novum Canal, Cristina Coelho, destaca que a ideia de avançar com esta mostra resultou da adesão das pessoas ao grupo “Arte em Confinamento”, um grupo privado e um projeto que surgiu a 4 agosto de 2020, no “meio de restrições, clausuras e falta de liberdade”.
“A ideia surgiu resultado da adesão por parte das pessoas ao grupo. Sonhamos fazer uma exposição de rua com todos os artistas que haviam exposto no Arte. Algo do género de Montmartre em Paris. Como tal ainda não é possível devido às regras de segurança e ao Covid, decidimos (os administradores do grupo: Cristina Coelho, Goretti Medon, José Neto e Maria Maia Manuela Santos) expor algumas das nossas telas juntamente com algumas crianças que publicaram assiduamente”, disse, salientando que esta mostra integra cerca de 37 telas.
Cristina Coelho realça que, no âmbito do projeto “Arte em Confinamento”,vai ser feito um mural, ao lado do Tribunal de Penafiel, no parque infantil, baseado nos vários desenhados realizados pelas crianças.
“O mural foi baseado nos desenhos das crianças, fizemos um apanhado de vários desenhos e são precisamente estes que serão desenhados nas paredes do parque infantil, junto ao tribunal. São desenhos cheios de cor e esperança, desenhados durante o confinamento. Dias esses, em que as crianças não podiam ir à escola, sair e brincar ao ar livre (alguns)”, acrescenta.
Falando do “Arte em Confinamento”, Cristina Coelho afirma que o projeto “não tem idades, sexo, religião e nem profissão”.
“Arte em Confinamento pretende ser uma inspiração, motivação, comunicação, terapia, alegria e uma forma de liberdade. É para todos aqueles que se revejam neste grupo, sem preconceitos, medos e respeito por cada um. Foram várias as pessoas que se inspiraram e se sentiram integradas e participativas”, acrescenta, sustentando que o “Arte em Confinamento” “foi uma forma de envolver jovens e adultos, profissionais e amadores com o objetivo de esquecerem o Covid-19, de se lembrarem que é possível fazer algo maior”.
Cristina Coelho reconheceu, por outro lado, que crise sanitária que se fez sentir e continua de alguma forma presente entre nós fez adensar a necessidade de, através da arte, retratar e expurgar o que lhe ia na “alma com cores fortes e vibrantes”.
“No final de março de 2020 quando fomos privados de sair, ficar enclausurados em casa, cheios de medo, privados de liberdade e das coisas mais básicas/banais da vida. Como reagimos cada um de nós? Alguns entraram em estados depressivos, outros ficaram revoltados, outros tiveram que se adaptar. Durante esses meses comecei a pintar, a expurgar o que me ia na alma com cores fortes e vibrantes. Inicialmente interagia com as pessoas com publicações na minha página pessoal até ter criado o grupo em 4/8/2020 e ter convidado quatro pessoas que admiro e respeito muito para administradores. E foi assim que, publicando os nossos trabalhos, convidando pessoas para aderirem, passamos para cerca de 750 membros”, .disse, confirmando que o projeto adquiriu, hoje, uma dimensão e uma visibilidade que não imaginava.
A administradora do grupo assume mesmo que muitas pessoas após o arranque do grupo e das primeiras publicações começaram a sentir o desejo de partilharem e se expressarem através da pintura.
“As pessoas identificaram-se connosco, pelo amor à arte. A necessidade de viver em tribo, de se identificar com ela, livre, sem criticas, com respeito pela identidade de cada um”, avança, manifestando que o projeto tem ainda margem para crescer.
“O projeto tem vindo a crescer e a entusiasmar sobretudo as crianças a pintar. Também serve de exposição para artistas conceituados (caso o pretendam)”, concretiza.
Falando dos projetos que gostaria que concretizar a curto/médio prazo, Cristina Coelho admite que, uma vez resolvida a crise sanitária, gostaria de ter uma rua “cheia de pintores ou fotografias, pintar mais alguns murais em conjunto e até expor nas freguesias”.
“Para já, continuarmos a divulgar, partilhar e no futuro, limpo de Covid, quem sabe uma rua cheia de pintores ou fotografias! Pintar mais uns murais em conjunto, expor em freguesias pequenas, onde várias pessoas nunca viram uma exposição em toda a sua vida!”, manifesta, apontando, também, para a importância de haver “um espaço para exposições individuais/coletivas onde durante o ano, houvesse exposições regulares quer de pintura/fotografia/escultura. O objetivo é divulgar a arte!”.
Sobre a arte, Cristina Coelho declara que é uma forma de “comunicação, liberdade, fazer parte de um conjunto de pessoas nas mesmas condições, dizer que não estamos sós”, sublinhando que “a arte transporta-nos para outro mundo, calmo e criativo”, contribuindo para a “inclusão, a evasão, a liberdade de espírito e a criatividade”, e que pode contribuir para melhorar os estados emocionais.
A mostra vai estar patente ao público até dia 12 de setembro.