O deputado penafidelense, António Cunha, eleito pelo círculo eleitoral do PSD Porto à Assembleia da República realçou, esta terça-feira, numa audição da Secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Ana Paula Zacarias, a Cimeira Social do Porto, que decorreu no último fim de semana, na Alfândega, teve um caráter “essencialmente proclamatório”.
“A Cimeira do Porto teve, de facto, um ponto positivo, que foi colocar a questão social na agenda europeia. Mas convenhamos que foi essencialmente proclamatória, sem metas vinculativas e que, por isso, depende da vontade individual e da capacidade de cada Estado-membro atingi-las. Contudo, a realidade portuguesa e os nossos empresários alertam-nos para uma carga fiscal que nos vai matando aos poucos, avisam-nos que Portugal não cresce há 20 anos”, disse, salientando que a dívida pública mantém-se em valores elevados.
“A dívida pública está nos 137% do nosso PIB e as suas taxas de juro já começaram a subir, há um PRR que mais parece uma lista de despesas para investimento público em serviços, equipamentos e infraestruturas públicas, mas que deliberadamente esquece a génese, o ponto de partida para a construção do PRR, que foi uma economia devastada, e esquece também a dimensão da recuperação face à crise que se abateu sobre nós”, frisou.

O deputado penafidelense destacou que sem uma economia forte, o pilar social fica comprometido.
“Ora sem o alicerce de uma economia forte, resiliente e geradora de emprego não há pilar social que aguente e acabará por ruir. O emprego é o elemento central para combater a pobreza e a exclusão social ainda mais potenciada pela crise. Em breve, com a supressão gradual das medidas de apoio de emergência é quase certo que se registará um aumento da pobreza, da exclusão social e das desigualdades. Aliás, o nível de intervenção pública no apoio à recuperação, em Portugal, foi e volta a ser, este ano, menor do que na Europa, porque foi essa a escolha do Governo”, atalhou, recordando que “Portugal caminha paulatinamente para ser dos mais pobres da Europa e não se vislumbra vontade nesta governação socialista para fazer reformas estruturais para contrariar esse caminho”.

“Quando é que, em favor também do nosso pilar social, se implementarão as necessárias reformas estruturais, com vista ao reforço da produtividade, da competitividade, do crescimento e do pleno emprego? Ou queremos estar sempre de mão estendida para a Europa?”, questionou, numa pergunta direcionada à secretária de Estado dos Assuntos Europeus.