O cinfanense Luís Soares foi distinguido pela Casa de Cidadania que o homenageou e atribuiu o título de cidadão nobre, galardão que contemplou, também, oito outros portugueses.
O título de cidadão nobre tem como objetivos distinguir figuras e personalidades que todos os anos, se notabilizem por ações de valores de altruísmo, despreendimento e caráter, sendo que o concelho institucional é composto pela “Autoridade Nacional para a Proteção Civil, o Corpo Nacional de Escutas, a Direção Geral da Educação, a Direção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo, o Estado-Maior-General das Forças Armadas, a Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, a Fundação para a Ciência e a Tecnologia, a GRACE, o INEM, a Liga dos Bombeiros Portugueses e a Polícia de Segurança Pública”.
A atribuição deste título a Luís Soares, natural e residente no concelho de Cinfães, distrito de Viseu, teve por base o seu percurso “no âmbito da ajuda humanitária voluntária e associativa, mas principalmente a sua última iniciativa de criação e implementação da plataforma “Escola Para Todos”, que proporcionou a inúmeros alunos, equipamentos informáticos, para poderem assistir às aulas online durante a pandemia Covid-19, e que face às suas carências económicas não tinham possibilidade de os adquirir”.

Em comunicado enviado ao Novum Canal, a plataforma Escola Para Todos realça que Luís Soares, além da criação da plataforma, “conseguiu envolver cidadãos e empresas, para concretizar a doação de dezenas de equipamentos informáticos às escolas do concelho de Cinfães, para que estas os cedessem aos seus alunos, possibilitando com esta sua ação, que os alunos mais carenciados ficassem em igualdade de oportunidades no acesso ao ensino e aprendizagem. Todos os computadores doados, foram recondicionados pro bono por duas empresas da área da informática do concelho de Cinfães, encontrando-se por isso, em plenas condições de uso”.
Citado em comunicado, Luís Soares realça que “a ideia de criar a plataforma “Escola Para Todos” surgiu “no panorama pandémico que o País (e o mundo) atravessam e para o qual ninguém estava preparado. Perante a dramática situação de pandemia e de emergência na saúde e social, as famílias mais vulneráveis economicamente, principalmente as do interior do país de onde sou oriundo e onde as assimetrias continuam a existir e se adensam em situações como a que vivemos, face à necessidade de confinamento e suspensão das aulas presenciais, constatei a existência de um entrave sério relativamente aos alunos com menores posses económicas”.

“Eram-lhes facultadas aulas online para darem continuidade à sua formação escolar mas estes, não possuíam equipamentos informáticos, ficando por isso, impedidos de lhes aceder e colocando-os numa situação de absoluta desigualdade relativamente a outros seus colegas. Para além de lhes causar danos irreparáveis no seu percurso educacional. Tendo eu tido a possibilidade e a felicidade de ter desenvolvido a minha formação escolar e académica, não me pareceu justo, nem me sentiria bem comigo próprio, se nada fizesse para que o futuro dessas crianças/jovens ficasse irremediavelmente marcado porque lhes não foi dada a igualdade de oportunidade, decorrente do facto de os seus Pais terem menos condições económicas. Nasceu assim, a “Escola Para Todos”, que como o próprio nome indica, consistiu num pequeno contributo à reposição da igualdade de oportunidades a todas estas crianças/jovens, e um esforço para que a escola seja de todos e para todos, independentemente, de onde são, das suas condições económicas, da sua religião e da sua cor. Na operacionalização da plataforma, o conceito base foi o de recolher equipamentos informáticos novos ou usados e doá-los às escolas do meu concelho – Cinfães, para que fossem cedidos aos alunos que os não tinham, nem condições financeiras para os adquirir. A angariação de equipamentos traduziu-se no clicar do botão “ajudar” na plataforma, sendo imediatamente disponibilizado um formulário para a doação. Por outro lado, quem quisesse ser ajudado, podia clicar no botão “ser ajudado”, refere a nota à imprensa.
Luís Soaria reforça que “a seleção da necessidade de ajuda passava sempre pela aprovação da respetiva escola, profunda conhecedora das necessidades de cada um dos seus alunos e a cujas Direções havia desafiado a serem parceiras para esta iniciativa. Nesse sentido, após os equipamentos serem doados, tendo obtido a colaboração pro bono de duas empresas de informática, estes eram reparados e/ou recondicionados, e entregues às escolas em perfeitas condições de uso, não obstante de serem usados. Estes equipamentos informáticos manter-se-ão sempre nas escolas e poderão vir a servir para situações semelhantes futuras. No processo de doação surgiu a possibilidade de doações monetárias por parte de empresas e cidadãos individuais para aquisição equipamentos novos. Contudo, não foi possível concretizar estas ofertas por escassez de stock’”.

Falando da sua participação em toda a plataforma, Luís Soares avançou que o seu papel foi dos mais variados.
“Na plataforma online idealizei o conceito e funcionamento. O design e a programação ficou totalmente a cargo do meu grande amigo (de todas as horas) Filipe Santos, que desafiei a ajudar-me e com quem já havia trabalhado quando liderei um projeto no movimento associativo estudantil na universidade. Na operacionalização, fiz de tudo um pouco, desde a recolha dos equipamentos em casa das pessoas, entrega-los e recolhe-los nas empresas de informática (Strongiga e Cinftec) que gratuitamente os recondicionavam, e transportá-los até às escolas, para que os mesmos fossem cedidos aos alunos”, disse, sustentando que sempre foi solidário.
“Gratamente em minha casa e na escola sempre me foram incutidos valores como a solidariedade. Diria até que na comunidade que me rodeia, e em geral os portugueses a solidariedade é quase uma questão cultural. Pessoalmente, pratico-a e defendo a ideia que essa deve ser sempre regra e nunca a exceção”, afirmou, sustentando que os valores da solidariedade sempre o acompanharam.

“Desde que me lembro de ser gente, na escola primária, no ciclo e na secundária sempre me envolvi em ações de ajuda ao próximo. Sempre gostei muito de ver todos a sorrir de igual forma. Na idade adulta e com uma maturidade diferente, foi maior a consciencialização do quanto uma pequena atitude, um pequeno gesto, uma coisa tão insignificante para nós, pode ser tudo para quem mais precisa. Na Universidade envolvi-me muito no movimento associativo académico e aí tive a honra e a possibilidade de liderar alguns projetos na defesa intransigente dos estudantes, tendo, inclusive, integrado o órgão máximo de gestão da Universidade que é o Conselho Geral. A minha envolvência em tudo isto, permitiu-me promover para além de outras coisas de relevância, diversas iniciativas sociais, que foram desde a recolha de sangue, de medula óssea, de bens e alimentos para ajudar outros estudantes, instituições e a Cruz Vermelha Portuguesa, até à recolha de rações para animais de associações que passavam dificuldades ou a procura de lares para esses animais”, adiantou.

Na mesma nota à imprensa, Luís Soares assume-se como um defensor das assimetrias e da coesão territorial.
“Nasci, cresci e vivo no interior do país, onde por vezes e principalmente nos tempos conturbados que vivemos, as assimetrias mais se notam a todos os níveis e onde as consequências sociais são dramáticas. Não podemos baixar os braços e devemos sim, retirar ensinamentos e olhar, para as inúmeras oportunidades que daqui nos podem surgir para evitar repetições futuras”, confessou, enaltecendo o Conselho Institucional da Nobre Casa de Cidadania pela atribuição desta distinção que o galardoou.

“…de facto, esta homenagem deve ser feita antes a vocês, e às pessoas que compõe as instituições que representam, pelos serviços que altruisticamente e entrega todos os dias nos prestam”, acrescentou, reforçando que “tudo isto, serve de motivação, para continuar de uma forma humilde, desprendida e descomprometida a fazer mais e melhor pela nossa sociedade e por todos nós”.