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“Desconfinar a correr por causa dos números destes dias será tão tentador quanto leviano”, afirma Presidente da República.

Fotografia: Página oficial Presidência da República Portuguesa

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou, esta noite, em mensagem ao país, na sequência da oitava renovação da declaração do estado de emergência, que “planear o futuro é essencial, mas desconfinar a correr por causa dos números destes dias será tão tentador quanto leviano. Até porque nós sabemos os números sobem sempre mais depressa do que descem”.

O Chefe de Estado destacou que indicador de propagação do vírus atingiu os valores mais baixos num ano nesta quinzena.

“Reduzimos, nesta quinzena, significativamente, o número de infetados e o número de mortos. E o indicador de propagação do vírus atingiu os valores mais baixos num ano. Tudo, comprovando a Vossa lucidez, determinação e coragem. Nesta situação, é muito tentador defender que há que abrir e desconfinar o mais rápido possível. E as escolas seriam o setor mais proposto para o início dessa abertura. As razões invocadas, todos as conhecemos. A evolução positiva já não teria recuo e, se tivesse, não seria para os valores de há um mês. A economia e a sociedade sofrem uma crise profunda. Cultura, movimento associativo, desporto jovem, restauração, hotelaria e muito comércio sofrem ainda mais. A saúde mental está crescentemente abalada. As escolas e as crianças e os jovens, em particular, – veem segundo ano letivo atropelado”, disse, sublinhando que “só importaria garantir a existência de vacinação mais rápida e ampla. Que cobrisse o que se fosse abrindo. Começando pelas escolas, vacinando, mais cedo, nas escolas. Só importaria, ainda, assegurar testagem e rastreio mais amplos e virados para o mais urgente. No caso das escolas, com testes simples, rápidos, mas fiáveis”.

Marcelo Rebelo de Sousa concordou que “com a dupla segurança de vacinas e testes, seria possível desconfinar, por fases, sem os riscos corridos no passado”.

“Estas as razões de quem quer ou de quem espera o anúncio de passos imediatos para acabar com o regime do último mês. Tudo o que fica dito tem lógica, corresponde ao que pensam muitos Portugueses e é sedutor. É mesmo o mais sedutor, perante o cansaço destas exigentes semanas”, acrescentou, sustentado por outro lado, “há, porém, um outro prato na balança”.

“O número de internados ainda é quase o dobro do indicado por intensivistas, que estão no terreno a tratar do mais grave. O número de cuidados intensivos é mais do dobro do aconselhado, para evitar riscos de novo sufoco. Nunca se pode dizer que não há recaída ou recuo e os números que nos colocaram no lugar de piores da Europa e de piores do mundo não são de há um ano ou de há meses, são de há um mês, tal como de há três semanas são as filas de ambulâncias à porta dos hospitais. Pior do que o que vivem agora a economia, a sociedade, a saúde mental e as escolas, só mesmo se tivermos de regressar ao que acabámos de viver, daqui a semanas ou meses”, expressou.

Fotografia: Página oficial Presidência da República Portuguesa

O Presidente da República reconheceu que o atraso na entrega de vacinas, não permitirá garantir, no próximo mês, mês e meio, vacinação, tudo o que se quer garantir, com destaque para a reabertura das escolas.

“Sabemos que por atraso na entrega de vacinas, não haverá, provavelmente, no próximo mês, mês e meio, vacinação, que garanta tudo o que se quer garantir, desde logo nas escolas. Sabemos que testar e rastrear, em escassíssimas semanas, nos termos que permitam a segurança necessária, poderá ser complicado, mesmo só para as escolas. Estas razões opostas, que fazem pensar duas vezes em criar-se expetativas de aberturas apressadas, por muito sedutoras que sejam”.

Na sua intervenção, Marcelo Rebelo de Sousa questionou: “ Qual é então o desafio que se coloca a quem tem de decidir?”

“A resposta é simples. Decidir deve basear-se na consciência de quem decide, e não na preocupação de seguir a opinião de cada instante. Ora quer fechar por medo, ora quer abrir por cansaço. Decidir em consciência é fundar-se em critérios objetivos e claros, como são os de indicadores da gravidade da pandemia, da pressão nas estruturas de Saúde, da vacinação, da testagem, do rastreio e deve ter presentes os sinais certos a dar aos Portugueses. Decidir supõe, nesta pandemia, a solidariedade institucional e a solidariedade estratégica entre o Presidente da República, a Assembleia da República e o Governo. Com um único fim – enfrentarem, juntos, a causa comum. Assim tem sido. Assim continuará a ser. Sendo certo que o Presidente da República é, pela própria natureza das coisas, o principal responsável”, atalhou.

O Chefe de Estado reiterou a importância de ganharmos a Páscoa.

“Temos de ganhar até à Páscoa o verão e o outono deste ano. Por outras palavras, a Páscoa é um tempo arriscado para mensagens confusas ou contraditórias. Como por exemplo a de abrir sem critério antes da Páscoa, para nela fechar logo a seguir, para voltar a abrir depois dela. Quem é que levaria a sério o rigor pascal? É, pois, uma questão de prudência e de segurança manter a Páscoa como o marco essencial para a estratégia em curso. Pode isto significar mais mobilidade, por saturação? Pode. Mas um sinal errado de facilidade mal-entendida, também pode. Ou pode mais. Implica isto mais umas semanas de sacrifícios pesados e, por isso, que o Estado vá mais longe em medidas de emergência e de apoio ao futuro arranque? Implica. Mas a alternativa poderia ser ter de tomar mais tarde as mesmas medidas multiplicadas por dois ou por três. Em resumo, que se estude e prepare com tempo e bem o dia seguinte. Mas, que se escolha melhor ainda esse dia, sem precipitações, para não se repetir o que já se conheceu. E nunca se confunda estudar e planear com desconfinar. Sendo mais claro: planear o futuro é essencial, mas desconfinar a correr por causa dos números destes dias será tão tentador quanto leviano. Até porque nós sabemos os números sobem sempre mais depressa do que descem”, afiançou, citando um quase clássico: “Um povo que não conhece a sua História, está condenado a repeti-la”.

“Nós conhecemos bem a História deste ano de pandemia. Não cometeremos os mesmos erros. E temos a esperança – a esperança não, a certeza – de que, se formos sensatos, o pior já passou”, manifestou.

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