Fotografia: Câmara de Lousada
Reiniciam esta segunda-feira as aulas através do ensino à distância, em regime não presencial, depois do governo ter decretado em Conselho de Ministros de 28 de janeiro de 2021 a suspensão das atividades educativas e letivas dos estabelecimentos de ensino públicos, particulares e cooperativos e do setor social e solidário, de educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário até ao dia 5 de fevereiro de 2021.
Refira-se que no dia 4 de fevereiro, o Conselho de Ministros aprovou um decreto-lei que estabelecia medidas excecionais e temporárias na área da educação para 2021, no âmbito da pandemia da doença Covid-19, tendo como propósitos “assegurar a continuidade das atividades educativas e letivas, de forma justa, equitativa e de forma mais normalizada possível, as medidas definidas são aplicáveis à educação pré-escolar e às ofertas educativas e formativas dos ensinos básico e secundário, ministradas em estabelecimentos de ensino público, particular e cooperativo de nível não superior, incluindo escolas profissionais, públicas e privadas”.
Com o objetivo de perceber quais as expectativas que os estabelecimentos têm relativamente a este novo arranque, depois de uma interrupção letiva de cerca de 15 dias ditada pelo novo confinamento, e quais os reajustes que as escolas tiveram que realizar no sentido de se adaptarem ao ensino à distância, o Novum Canal auscultou a opinião de dois diretores de dois estabelecimentos de ensino na região.
O diretor da Escola Secundária de Paços de Ferreira, José Valentim, assumiu que foram entregues 499 kits no âmbito do programa Escola Digital, kits esses compostos por computadores, hotspots de internet, mochilas e headphones e um cartão SIM.
Recorde-se o programa Escola Digital prevê o fornecimento de computadores, auscultadores e hotspots de ligação à internet”, assim como a “capacitação dos professores e a criação de recursos pedagógicos digitais”.
O programa prevê, também, que os alunos abrangidos pelo escalão A da ação social escolar, a frequentar o ensino secundário, que não disponham de computador em casa, farão parte do grupo prioritário a receber este equipamento.
Além do computador, o programa atribuiu um conjunto de dispositivos que permitem garantir a conectividade a partir de qualquer ponto do país.
Sobre os dispositivos técnicos que cada aluno tem, José Valentim avançou não antever dificuldades adicionais, vincou que ao nível dos alunos do Secundário os discentes já estão familiarizados com este tipo de ensino, manifestando, por outro lado, que, no ano transato, mesmo os alunos que afirmaram não ter computador, dispunham de outros equipamentos como tablets e telemóveis.
O diretor da Secundária de Paços de Ferreira destacou que a maior dificuldade, poderá prender-se com os alunos do terceiro ciclo e do ensino básico.
Falando ainda da retoma das atividades letivas, José Valentim concretizou que o mais difícil será monitorizar as aprendizagens dos alunos, sustentando que estando em casa é mais difícil ficar a saber o que aprenderam e assimilaram.
O diretor da Secundária de Paços de Ferreira manifestou, por outro lado, que a decisão de suspender das atividades educativas e letivas dos estabelecimentos de ensino públicos e outros, nesta fase, acabou por comprometer o trabalho de consolidação de conhecimentos que estava a ser realizado, defendendo teria sido preferível adiar o regresso à escola depois do período do Natal.
“E&D não substitui o ensino presencial”
Fernando F. Sampaio, diretor da Escola Secundária de Amarante, mostrou-se igualmente otimista quanto ao retomar do ensino à distância, definido pela tutela, para segunda-feira.
“Em março do ano passado conseguimos uma resposta aceitável sem qualquer preparação prévia. Agora só pode correr melhor”, disse, sustentando que o estabelecimento de ensino, ainda que com menor incidência, continua a ter falta de equipamentos.
“Ainda que com menor incidência, continuaremos a ter falta de equipamentos; os alunos menos empenhados poderão, ainda, aumentar o seu desinteresse; o E&D não substitui o ensino presencial”, frisou, reiterando que a escola irá encontrar soluções para fazer face a esta situação.
“Como referi anteriormente, embora com menor peso, o problema da falta de equipamentos subsiste. Contudo, se no ano passado foi possível encontrar soluções, também agora, por maioria de razões, isso irá acontecer”, adiantou, sustentando que os meios existentes na escola são suficientes para garantir o regresso através do ensino à distância.
“Nesta escola estamos muito próximos disso”, acrescentou.
Questionado se considera que vai ser possível recuperar os cerca de 15 dias que os alunos estiveram em casa privados de aprendizagens, Fernando F. Sampaio sublinhou que o novo calendário escolar prevê essa recuperação, recordando, no entanto, que “as interrupções extemporâneas e as diferentes modalidades de ensino em prática, E&D e presencial, não favorecem a qualidade”.
Já quanto às alterações e reajustes que o Ministério da Educação fez quanto ao calendário escolar, o diretor da Secundária de Amarante concordou que mudança de calendário é um “contratempo de menor importância”.
“Todos temos de fazer a nossa quota parte para dar a melhor resposta às contingências que a pandemia nos coloca. A mudança de calendário é um contratempo de menor importância. Importa é aproveitar bem as oportunidades que a pandemia deixa escapar”, precisou.
Saliente-se, ainda, que o Conselho de Ministros aprovou uma resolução que possibilita a “compra imediata de mais 15 mil computadores, que vão somar-se aos 100 mil kits já distribuídos às escolas no 1.º período letivo e aos 335 mil equipamentos comprados no âmbito do programa Escola Digital, com recurso a fundos comunitários”.
Segundo o Gabinete do Ministro da Educação, a resolução do Conselho de Ministros, que “autoriza uma realização de despesa adicional de 4,5 milhões de euros”, irá permitir “responder à oportunidade de mercado que surgiu nos últimos dias”.
O gabinete informa, também, que Governo tem vindo a trabalhar com as “empresas fornecedoras para procurar garantir que a entrega dos 335 mil computadores já comprados aconteça dentro dos prazos contratualmente previstos”.
Numa nota à comunicação social, o Governo esclarece que foram, também, “abertas quatro linhas de financiamento do PT2020, no valor de 14 milhões de euros, que permitem aos municípios adquirir equipamentos informáticos, como já tem sido prática, complementando o trabalho de dotação de equipamentos e conectividade no âmbito da Escola Digital”.