2020 fez o seu curso pautado por um vírus (SARS-Cov2). 2020, um ano incomum, um ano atípico que nos desafiou a humanidade e encerrou em si oportunidades de crescimento pessoal, emocional e relacional. Mudou-nos? Transformou-nos? Deixou marcas indeléveis, isso é certo…
2020 colocou o mundo, inicialmente em epidemia, e rapidamente em contexto de pandemia (11 de março de 2020) – o vírus não tinha fronteiras; não sabíamos muito bem o que nos esperava… raras vezes tínhamos ouvido estas palavras e ainda menos vezes as utilizávamos no quotidiano. Nos manuais de história estes vocábulos são claros, quando tratam a gripe pneumónica, ocorrida em 1918/19, o último ano da I Guerra Mundial, século passado portanto…
Há um ano atrás, estávamos longe de imaginar que este vírus tornar-se-ia um maestro a orquestrar as nossas vidas, ao ritmo de uma qualquer música, que não foi por nós escolhida, a ditar e a restringir a nossa liberdade, a condicionar as nossas ações e escolhas, a marcar distâncias entre gerações, a afastar-nos fisicamente uns dos outros, a impedir abraços quentes e a esconder sorrisos, e até mesmo a impossibilitar um gesto tão banal como um aperto de mão, num cumprimento matinal do colega de trabalho, a mostrar-nos afinal, o quão vulnerável somos…
2020 confinou-nos, isolou-nos, fechou-nos em casa. O mundo parou à ordem de um vírus. Cresciam sentimentos de medo, incerteza, insegurança, ansiedade e sobretudo sentimentos imprevisibilidade perante o desconhecido, face à dimensão mundial que o vírus alcançava.
Em 2020, a escola veio para casa, inicialmente num misto de incertezas e dúvidas (Ensino à distância, E@D) e o conceito da tão velhinha telescola foi recuperado; o trabalho fez-se em casa e bem, num conceito que já ia sendo ensaiado em algumas empresas (teletrabalho); fomos ensaiando competências em áreas, que não havíamos ainda experimentado e/ou até então adormecidas, e/ou por falta de tempo sistematicamente proteladas – cozinha, jardinagem, bricolage, trabalhos manuais… estou certa de que fomos muitos os que ensaiaram as receitas de pão que proliferavam na internet! Tivemos mais tempo em família;
Em 2020, as tecnologias salvaram-nos, com todo o potencial que agregam. Tudo passou a acontecer em frente a um ecrã.
Muitos de nós fomos atingidos por este vírus, ou pelo menos algum familiar, amigo próximo, um vizinho ou conhecido…muitos estarão a lidar com perdas significativas, em vários domínios (morte de um familiar, amigo, colega; desemprego, perda de rendimentos, ou outras dificuldades), que estas festividades e datas comemorativas acentuam ainda mais prolongando sentimentos de desesperança.

2020 ensinou-nos também muitas coisas.
2020 ensinou-nos, sobretudo, que precisamos uns dos outros; ensinou-nos a cuidar e a saber que necessitamos de ser cuidados; mostrou-nos a falta que nos faz um abraço, um sorriso; clarificou-nos o significado de palavras (tão nossas) saudade e liberdade.
Ensinou-nos também, não obstante as emoções negativas experienciadas, a sermos resilientes, a ter esperança e a acreditar. Que juntos somos mais fortes, em qualquer que seja o campo da nossa ação (saúde, educação, ciência, etc); reforçou-nos o sentido de união e de pertença, da mesma forma que nos incutia o sentido de responsabilidade social (auxílio aos mais frágeis e dependentes) de cidadania e de dever cívico (o dever de proteger os outros e nós próprios, ao cumprir regras básicas).
2020 termina com a ESPERANÇA de que tudo vai melhorar; a ciência trouxe-nos esta expetativa com a chegada da vacina e por isso 2020 foi também o ano da ciência, mostrando a capacidade do conhecimento científico.
2020 foi (é) o ano da pandemia. Mas, sobretudo, foi o ano em que cada um de nós teve a oportunidade de realizar aprendizagens a nível pessoal, social e relacional.
Desejo que o novo ano, seja uma oportunidade para colocar em prática todas as aprendizagens realizadas em 2020.
Hoje, e uma vez que a noite será por casa e em família, sugiro que cada um partilhe uma reflexão sobre o impacto e significado de 2020, na sua vida e/ou da família, nas várias esferas da nossa ação.
Um Bom Novo Ano!