Fotografia: Rui Taipa
O jovem cantautor de Freamunde, Rui Taipa, acaba de lançar mais um disco, com o título “Sala Calada”, um EP de quatro temas.
O press de apresentação do novo trabalho do músico freamundense refere que “Sala Calada” nasce da sensação de isolamento que todo este novo “viver” nos trouxe. A nova realidade inspira este disco e é ela também responsável pelo mesmo. Um trabalho que surge em tempos incertos, todavia que nos assegura de que realmente haveremos de ultrapassar o horizonte e novamente nos deixar levar pela magia que a música nos traz”.
Ao Novum Canal, Rui Taipa confirmou que este EP foi o recuperar várias músicas que se encontravam na gaveta e que necessitavam de ser trabalhadas.
“São músicas que estavam na gaveta à espera de serem trabalhadas. Falo muito de crescer e sair debaixo das saias da mãe; de sair da minha terra e conseguir lidar com as “boquinhas” de quem pensa que não és da terra se não optas por lá viver mas no fundo é uma mensagem de esperança também por estes tempos mais tenebrosos que vivemos durante a pandemia”, disse.
“Sala Calada” tem início com «do mundo» que começa de leve mas que nos abraça num carinho sem igual e num refrão que desde logo nos cativa para cantarolar. Uma canção que retrata o sair da zona de conforto, crescer e fazermo-nos ao mundo. «deles» segue-se e consigo traz um retrato de um sentimento tão vulnerável como que belo, a poesia toma forma nos versos e na voz e na sonoridade que nos leva a um lugar feliz”, alude, ainda , o press de apresentação do novo trabalho do músico.
Rui Taipa confirmou que desde que o trabalho foi apresentado, no dia 14 de Agosto, o feedback tem sido positivo.
“Escrevo e canto em português. Quanto ao estilo, isso é só um rótulo. Nos meus três trabalhos dá para se notar uma certa versatilidade nesse sentido”

“Tenho tido o melhor feedback de todos os três discos que já lancei. Sinto que as pessoas gostam mais quando abordo um registo mais aconchegante. Talvez fosse o que as pessoas mais precisavam nesta fase”, adiantou, salientando que nunca coloca expectativas, simplesmente faz a sua parte.
Questionado sobre como se define musicalmente, Rui Taipa assumiu ser um cantautor.
“Escrevo e canto em português. Quanto ao estilo, isso é só um rótulo. Nos meus três trabalhos dá para se notar uma certa versatilidade nesse sentido”, expressou, afirmando que o seu disco “berro” tem influências do folk, indie, funk e rock alternativo, mas atualmente o seu som é um pouco mais folk.
“Ia beber a esses estilos sim. Com o passar do tempo fui deixando isso um pouco de lado para me agarrar mais à canção um pouco mais folk se quiserem chamar. O berro foi um disco que eu queria fazer há muito tempo por nunca ter tido a experiência de ter uma banda. Comecei sozinho”, acrescentou.
“Todo o cidadão que apenas vive da sua arte, se já vivia mal, agora com toda esta situação, pior ainda. Deixe-me só acrescentar que é VERGONHOSO casos como aquele que há pouco aconteceu que vários artistas só receberam o apoio por parte da segurança social porque a provedora da justiça acabou por intervir”
Interpelado se a crise sanitária teve alguns impactos na sua carreira, o cantor declarou que não tinha concertos marcados por encontrar-se em fase de pré-produção de um novo disco com a banda, desde o início do ano.
Sobre os impactos da Covid-19 na área da música, o cantautor recordou que à semelhança do que aconteceu noutras áreas, também a música e os músicos, de uma forma geral, estão a sentir os efeitos da crise sanitária.
“Isso é óbvio. Todo o cidadão que apenas vive da sua arte, se já vivia mal, agora com toda esta situação, pior ainda. Deixe-me só acrescentar que é VERGONHOSO casos como aquele que há pouco aconteceu que vários artistas só receberam o apoio por parte da segurança social porque a provedora da justiça acabou por intervir”, sustentou, sublinhando que as dificuldades sentidas no domínio da cultura e da música não são de agora.
“ A esperança é a última a morrer. Mas num modo geral, com ou sem covid, a cultura é muito menosprezada no nosso país”, acrescentou.
Mais do que os apoios que o Estado possa dar, Rui Taipa concordou que a aposta na educação para a cultura terá impactos naquilo que é a formação das crianças e no “consumo” da cultura.
“Está a lembrar-me uma entrevista ao Nuno Lopes que me fez todo o sentido e com cujas palavras concordo plenamente. Considero que o sistema de ensino devia ser remodelado de forma a que as crianças saibam desde cedo o que é o ler o livro sem ser por obrigação do professor de português; o que é ir ao teatro sem ser ao da escola, …Se educarmos as crianças para o “consumo” da cultura, um dia mais tarde eles vão ser adultos interessados em cultura. Vai haver procura, consequentemente vai haver mais oferta, vai gerar-se dinheiro e aí finalmente o Estado vai acordar e dizer “espera lá, estes artistas até dão dinheiro (as pessoas se calhar não têm bem a noção da quantidade dinheiro que a cultura pode gerar). Conclusão, claro que o estado devia apoiar mais a cultura. Estamos nos 0,4%. Arredondado, dá zero. Mas isto é um trabalho a longo prazo”, manifestou.
Em matéria de espetáculos, Rui Taipa confirmou que até ao final do ano tem alguns concertos em negociação que, assim que confirmados, irá dar a conhecer todos os pormenores através das suas redes sociais, referindo, por outro lado, que a curto/médio prazo gostaria de implementar uma escola ambiental.
Sobre a forma como os freamundenses olham para o seu trabalho, o músico manifestou que a comunidade local não tem obrigação de gostar do que faz só porque é de Freamunde, embora se senta feliz por perceber que o seu trabalho é reconhecido pela comunidade local.
Entre os cantores de eleição de Rui Taipa estão, Jorge Palma, Sérgio Godinho, António Variações, Zeca Afonso, Capitão Fausto, Linda Martini, Luís Severo, Ornatos Violeta.
Quantas a bandas estrangeiras, o cantor apontou como sendo as suas preferidas os The National, Arcade Fire, Vulfpeck, Radiohead, Arctic Monkeys, …
Rui Taipa estreou-se, em 2014, a solo com o seu primeiro EP, sendo que em 2017 lançou o primeiro álbum com banda de suporte.