A Associação Dignitude, instituição particular de Solidariedade Social, que tem como missão o desenvolvimento de programas solidários que fomentem a qualidade de vida e o bem-estar dos portugueses, confirmou, em declarações ao Novum Canal, que no espaço de um ano ((julho/19 a julho/20), os pedidos de apoio no acesso ao medicamento aumentaram em mais de 50%.
A instituição reconheceu que são cada vez mais doentes que não têm condições económico-financeiras para adquirirem a sua medicação.
Joana Carvalho, gestora de projetos da Associação Dignitude, admitiu que os dados nacionais de que a instituição dispunha antes da pandemia mostravam que um em cada dez portugueses não tinha dinheiro para comprar a medicação de que precisa.
“Temos essa perceção e os nossos números permitem-nos essa leitura, já que no espaço de um ano (julho/19 a julho/20), os pedidos que nos chegam de apoio no acesso ao medicamento aumentaram em mais de 50%. Os dados nacionais de que dispúnhamos antes da pandemia mostravam que um em cada dez portugueses não tinha dinheiro para comprar a medicação de que precisa, uma informação que é corroborada por dados internacionais, da OCDE e da União Europeia, que revelam que os portugueses estão entre os cidadãos que mais têm de despender do seu bolso para aceder aos cuidados de saúde. A crise sanitária causada pelo SARS-CoV-2, que se tornou entretanto numa crise económica e social, veio agudizar muito esse cenário. Os esforços de contenção da COVID-19, com o encerramento de serviços e empresas, obviamente trouxeram dificuldades acrescidas a quem já, em circunstâncias anteriores, convivia com enormes constrangimentos económicos, ficando assim exposta a fragilidade de muitas mais famílias, numa dinâmica que tememos que se venha a agudizar”, disse, salientando que a instituição lançou, entretanto, o Emergência abem: COVID-19, de modo a conseguir alargar o apoio a mais pessoas.

“Por isso lançámos a Emergência abem: COVID-19, de modo a conseguirmos alargar o apoio a mais pessoas. Esta iniciativa estende o auxílio no âmbito do acesso ao medicamento, produtos e serviços de saúde a pessoas referenciadas pelas entidades locais nossas parceiras como tendo necessidades específicas resultantes da pandemia e que previamente não precisavam do apoio deste Programa. São já beneficiárias centenas de pessoas, um número que perspetivamos vir a crescer exponencialmente nos próximos tempos, e por isso criámos um Fundo Solidário específico e exclusivamente dedicado a esta iniciativa, o Fundo Emergência abem: COVID-19. Este arrancou com os donativos de empresas e conta igualmente com a generosidade dos portugueses, que podem contribuir através do site www.abem.pt , MBWAY (932 440 068) ou por transferências bancárias (IBAN PT50.0036.0000.99105930085.59). Contámos também com uma oferta solidária do Cristiano Ronaldo, que nos doou uma camisola da Juventus, autografada, para leiloarmos, evento que terminou recentemente, permitindo-nos angariar 3.520 euros. Todos os contributos são importantes e podem fazer a diferença, especialmente numa altura de incerteza extraordinária para muitas famílias”, frisou.
Refira-se que o Abem é o primeiro programa solidário da Associação Dignitude.
“Os últimos dados estatísticos referem-nos que pelo menos 1 em cada 10 portugueses não consegue comprar os medicamentos que lhe são prescritos“
Falando da situação dos doentes na Região do Tâmega e Sousa, Joana Carvalho realçou que a associação tem dois municípios parceiros do Programa abem: Rede Solidária do Medicamento, são eles o município de Felgueiras e o Município de Lousada, tendo ambos até à data referenciado um total de 135 beneficiários.
“Os últimos dados estatísticos referem-nos que pelo menos 1 em cada 10 portugueses não consegue comprar os medicamentos que lhe são prescritos. Diariamente fazemos esforços para crescer em número de parceiros locais e consequentemente no número de beneficiários referenciados. No que concerne à região do Tâmega e Sousa, temos neste momento dois municípios parceiros do Programa abem: Rede Solidária do Medicamento, são eles o Município de Felgueiras e o Município de Lousada, tendo ambos até à data referenciado um total de 135 beneficiários”, acrescentou, reconhecendo que a necessidade de apoio no acesso ao medicamento é transversal em todo o país.

“Desde o inicio do Programa abem:, em Maio de 2016, que o mesmo já se encontra em todos os distritos dos país, incluindo as regiões autónomas, estando atualmente presente em 156 concelhos, com 186 Entidades referenciadoras. Com a ajuda dos Parceiros já apoiámos mais de 16.445 beneficiários. Desde julho de 2019 a agosto deste ano, o nº de beneficiário aumentou de 10.236 para os atuais 16.445”, frisou.
“Os últimos dados consolidados disponíveis são os referentes ao mês de agosto, e mostram-nos que, até ao dia 31, estávamos a dar apoio no acesso ao medicamento a 16.445 beneficiários, o que se traduz numa abrangência de 9.124 famílias“
Referindo-se à rede da Abem, Joana Carvalho declarou que são mais de 16 mil os beneficiários que usufruem do apoio da associação.
“Os últimos dados consolidados disponíveis são os referentes ao mês de agosto, e mostram-nos que, até ao dia 31, estávamos a dar apoio no acesso ao medicamento a 16.445 beneficiários, o que se traduz numa abrangência de 9.124 famílias. Já foram dispensadas 670.672 embalagens de medicamentos ao abrigo do Programa abem”, recordou, confirmando que há doentes crónicos que não cumprem a terapêutica prescrita pelo médico por razões meramente económicas.
“Não só é verdade, como foi essa constatação um dos motivos na origem do Programa abem:. Diversas instituições sociais locais e as Farmácias são nossas parceiras neste projeto, e essa é uma realidade com a qual conviviam e ainda convivem diariamente. A falta de adesão às terapêuticas prescritas por motivos meramente económicos é indiscutível e comprovada – 1 em cada 10 portugueses não consegue comprar os medicamentos de que precisa porque não tem dinheiro para os pagar”, acrescentou.
A gestora de projetos da Associação Dignitude realçou que a rede de parceiros locais (IPSS’s, Cáritas, Misericórdias e Autarquias) são determinantes para que a missão da instituição.

“O Programa abem: assenta numa parceria inovadora do setor social (Cáritas Portuguesa e Plataforma Saúde em Diálogo), com o setor da saúde (Associação Nacional das Farmácias e Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica) e pretende mobilizar toda a sociedade civil. Sendo um apoio inclusivo, a sua missão é garantir que nenhum cidadão se veja diminuído na sua dignidade por não ter dinheiro para adquirir a medicação de que precisa para viver. A referenciação das famílias em dificuldade é efetuada através de uma rede de parceiros locais – IPSS’s, Cáritas, Misericórdias e Autarquias – que, através de uma Condição de Recursos, identificam os cidadãos em situação de carência económica. Os nossos Parceiros e a sua colaboração são mais do que determinantes, são estruturais. São os parceiros do terreno que conhecem realmente as pessoas, são próximas delas e das suas reais necessidades. Depois de referenciados, os beneficiários recebem o seu cartão abem:, com o qual se podem dirigir a qualquer Farmácia abem: do país e aceder à medicação sujeita a receita médica e comparticipada pelo Serviço Nacional de Saúde.No Programa abem: os objetivos de uns são os objetivos de todos. Queremos contribuir para que todos os portugueses, mesmo os mais carenciados, tenham um acesso digno aos medicamentos de que necessitam. O abem: trabalha com base em redes colaborativas permitindo união de esforços, promovendo sinergias e tornando os processos mais eficientes. O trabalho em rede é fundamental para conseguirmos acionar respostas rápidas e seguras a necessidades que possam surgir, com foi o caso do desenvolvimento da Iniciativa Emergência abem: COVID-19”, precisou.
“Sabemos que os recursos do Estado não são ilimitados. Defendemos que a sociedade organizada pode e deve ter um papel na resposta ao próximo“
Questionada se existe uma resposta abrangente, nacional e de inclusão social, que assegure o acesso ao medicamento a todos os portugueses, Joana Carvalho declarou que recursos do Estado não são ilimitados, sublinhando que a sociedade organizada pode e deve ter um papel na resposta ao próximo.
“Sabemos que os recursos do Estado não são ilimitados. Defendemos que a sociedade organizada pode e deve ter um papel na resposta ao próximo, porque, especialmente no caso da saúde, cuidar de um é cuidar de todos. E é isso que procuramos fazer enquanto Instituição Particular de Solidariedade Social, colaborando sempre com todas as entidades, inclusive as do Estado, para uma melhoria efetiva no acesso ao medicamento dos portugueses mais carenciados”, avançou.
A Associação Dignitude nasce da parceria entre o setor social, Cáritas Portuguesa e Plataforma Saúde em Diálogo e o setor da saúde, Associação Nacional das Farmácias e Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica.