Fotografia: Câmara de Lousada
O professor universitário e sociólogo João Teixeira Lopes defendeu, esta quarta-feira, data em que se assinala o Dia Internacional da Juventude, que é urgente apostar na qualificação e num novo paradigma do mercado de trabalho que permita fazer face aos desafios e dificuldades com que os jovens estão confrontados na sequência da crise sanitária que continua a atingir o país.
Questionado sobre o alerta feito pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) que veio avisar para a necessidade de proteger a geração mais jovens para o que considerou ser os efeitos “devastadores” provocados pela crise pandémica, nas vertentes do emprego, da formação, mas também da saúde mental, João Teixeira Lopes realçou que são os jovens que vivem na cultura da precariedade e da incerteza, estando sujeitos a uma instabilidade estrutural.
“Seria fundamental apostar na qualificação e num novo paradigma do mercado de trabalho. Na verdade, os jovens adultos de hoje viveram já duas crises terríveis: a crise económica de 2008-14 e a atual crise sanitária. São os jovens que vivem na cultura da precariedade e da incerteza, sujeitos a uma instabilidade estrutural; ao trânsito constante entre estatutos efémeros (entre emprego, desemprego, subemprego, economia informal, com entradas e saídas do sistema de ensino)”, disse.

O sociólogo defendeu que a escolaridade obrigatória “deveria ter mais apoio ao nível das escolas (turmas mais reduzidas; escolas melhor apetrechadas; equipas multidisciplinares de acompanhamento dos percursos mais vulneráveis, maior ligação ao território e às suas forças vivas)”.
João Teixeira Lopes manifestou, também, que “do lado do mercado de trabalho, a legislação laboral não pode ser facilitista nos falsos recibos verdes, no período experimentaL,nos contratos a prazo e nos despedimentos”.
“A cultura de precariedade não permite aos jovens adultos completarem as suas transições para a vida adulta: não conseguem ter casa própria, estabelecer relacionamentos conjugais e ter filhos, se assim o entenderem, o que leva à emigração (cada vez mais qualificada) e à baixa da fecundidade e da natalidade”, acrescentou, sustentando que a ”precariedade e a incerteza não permitem uma relação saudável com o futuro. Os jovens sentem-se aprisionados numa eterna moratória – o que leva a problemas graves de saúde mental (aliás, o ramo mais pobre do nosso SNS)”.
Refira-se que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) defendeu, também, a implementação de medidas urgentes no sentido de minimizar os impactos negativos do desemprego, a inversão do paradigma da precariedade que possibilite garantir melhores perspetivas laborais aos jovens, também, afetados por esta crise sanitária.