Turismo na região com quebras na procura, nas reservas e nas dormidas

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O  presidente da Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP), Luís Pedro Martins. revelou ao Novum Canal que a realidade e os efeitos da crise sanitária no turismo na região do Tâmega e Sousa não são diferentes dos seus efeitos no resto do país.

Apesar dos sinais ténues de retoma, o responsável pela Entidade de Turismo do Porto e Norte de Portugal realçou que na fase de confinamento registou-se quebras na procura, nas reservas e nas dormidas.

“A partir de meados de março assistimos, em todo o território nacional, a quebras quase totais na procura, nas reservas e nas dormidas, sobretudo a partir da Declaração do Estado de Emergência. Estamos agora na fase de desconfinamento, a reiniciar a abertura de todos os espaços e atividades turísticas, preparando os estabelecimentos para reabrirem com as melhores condições de segurança, gerando desta forma confiança junto dos consumidores. O processo de retoma será gradual, mas trará também a estes territórios (Tâmega e Sousa e ao Douro) novas oportunidades, este é o momento para os territórios de baixa densidade assumirem um papel muito relevante na oferta turística”, disse.

O presidente da Entidade de Turismo Porto e Norte de Portugal assumiu que registou-se uma redução da atividade turística na ordem dos 100%.

 “O impacto está muito próximo da redução da atividade turística na ordem dos 100%. As unidades de alojamento, restauração e empresas de animação turística estiveram praticamente todas fechadas. Os resultados do mês de maio deverão apontar, esperamos, para sinais de alguma retoma, embora muito ligeira, com maior enfoque na restauração, devido a uma primeira tentativa de usufruto dos destinos para fins de lazer”, afirmou, confirmando que as medidas enunciadas pelo Governo, a linha da tesouraria do Turismo Portugal e o Lay off simplificado ajudaram a mitigar a situação  no setor.

“Fruto das medidas de apoio tomadas, nomeadamente as linhas de apoio à economia, a linha da tesouraria do Turismo Portugal e o Lay off simplificado, as situações foram sendo mitigadas e minimizadas, mas não podemos esconder que o impacto da Covid19 no turismo é bastante grave e preocupante. Será um ano duro para as empresas, infelizmente será difícil para algumas resistirem, temos por isso que fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para voltar a atrair turistas para o território e dessa forma ajudar a recuperação das empresas”, acrescentou.

“Somos a segunda escolha em termos de visitação internacional do mercado espanhol”

O responsável pelo Porto e Norte de Portugal declarou que os dados que existem ainda não têm desagregação por município e comunidade intermunicipal.

“Mas é possível percecionar que foi um efeito gerado em toda a região e em todo o país, seja pelo encerramento obrigatório dos estabelecimentos de restauração e bebidas, dos parques de campismo e caravanismo, de parte considerável do comércio local, bem como o encerramento das fronteiras e dos voos, o que levou a que toda a cadeia de valor do turismo ficasse comprometida”, referiu, sustentando que a tendência atual, “com o reinicio de negócio, com a aplicação de medidas de apoio para a retoma da confiança dos consumidores, será numa primeira fase com o mercado nacional a liderar a procura, numa segunda fase com o mercado espanhol de proximidade a voltar a viajar até Portugal, considerando que somos a segunda escolha em termos de visitação internacional do mercado espanhol, e numa terceira fase com o mercado internacional de regresso, sobretudo o europeu, decorrente do normalizar das ligações e das condições ideais das ligações aéreas. Quero acreditar que a tendência seja agora inversa em relação ao que se passou nos três últimos meses”, concretizou.

Luís Pedro Martins realçou que todo o processo de retoma no setor tem sido planeado integrando das Entidades Regionais de Turismo, das Agências de Promoção Externa, dos Municípios, mas também com as empresas e com as estruturas representativas das mesmas.

“Todo o processo de gestão da crise sanitária, seja no preparar das respostas aos impactos imediatos da pandemia, seja na preparação das condições de retoma e do planeamento de ações de comunicação e de promoção para a retoma, têm sido trabalhados no envolvimento do Governo, das Entidades Regionais de Turismo, das Agências de Promoção Externa, dos Municípios, mas também com as empresas e com as estruturas representativas das mesmas, concretamente as associações representativas dos hotéis, do alojamento local, do alojamento rural, do autocaravanismo, dos restaurantes, dos eventos, agências de viagens e da animação turística, etc. É essencial essa cooperação. Só conseguimos ultrapassar esta situação com todos a rumarem no mesmo sentido, de forma articulada e a pensar no bem comum. E é isso que temos notado, um envolvimento de todos, porque juntos somos muito mais fortes e muito mais norte. Os municípios são associados da TPNP, temos também por isso uma relação de grande proximidade”, afiançou.

“Somos o território com a menor taxa de cancelamentos a nível nacional e portanto acreditamos que o arranque, em junho, embora tímido, suportará o aumento da procura típica de época alta que se estenderá até outubro”

Questionado se o turismo na região Norte tem sido o mais atingido, o responsável pelo Turismo Porto e Norte de Portugal confirmou que os impactos e os efeitos gerados têm sido idênticos em todo o território nacional.

“Os impactos e os efeitos gerados pela pandemia atingiram todo o País, mas apesar dos números, possuímos um dado animador. Somos o território com a menor taxa de cancelamentos a nível nacional e portanto acreditamos que o arranque, em junho, embora tímido, suportará o aumento da procura típica de época alta que se estenderá até outubro, se bem que longe dos números que seguramente atingiríamos caso não existisse esta crise sanitária. O Norte tem um sem número de atrativos naturais – parques, geoparques, serras, rios, albufeiras, praias -, que vão ao encontro das necessidades dos turistas nesta retoma de atividade. O único efeito positivo desta pandemia será, por ventura, esse mesmo: levar os portugueses a conhecerem melhor todo o território nacional, dispersando a atividade turística por toda a região, a partir dos territórios de baixa densidade. Mas mesmo os meios urbanos do nosso destino, concretamente as cidades grandes e médias possuem, neste contexto, capacidade de satisfazer a procura turística internacional, porquanto a pressão turística destas atrações turísticas é bem menos sentida do que em muitos dos destinos urbanos tipicamente preferenciais do turista europeu”, acrescentou.

Quanto ao futuro do setor e à expectativa de a curto/médio prazo as entidades e os vários atores e agentes ligados ao turismo inverterem a fase menos positiva registadas na fase de confinamento, Luís Pedro Martins assumiu estar confiante que o turismo vai voltar a atingir a dinâmica que registou no período antes da crise sanitária.

“É para isso que trabalhamos e estamos muito confiantes de que vamos conseguir colocar o turismo nos patamares em que estava no período anterior à pandemia, sabendo que há um longo caminho a percorrer. Temos um plano a dois anos para a retoma do setor, que vamos começar a implementar no imediato, e que assenta em três eixos: Norte mais qualificado; Norte mais atrativo; Norte com mais energia. O primeiro eixo do plano de recuperação, o “Norte mais qualificado”, tem o objetivo de repensar todo o produto turístico, tendo em conta as novas necessidades do turista, relacionadas com a pandemia. “Vender” o Porto e Norte de Portugal como uma região absolutamente segura, potenciando a perceção já existente a nível mundial sobre o nosso destino, uma vez que ela será decisiva quando o turista estiver a fazer as suas escolhas. Já com o “Norte mais atrativo” pretendemos intensificar a comunicação do destino, com muitas ações direcionadas para os portugueses, mas também ao mercado espanhol, e, naturalmente, para o restante mercado internacional. Por último, o “Norte com mais energia”, que se irá desenvolver até 2022, prende-se com o reforço da promoção de eventos que consideramos estratégicos, com capacidade de atração de turistas internacionais ao território. Apostaremos também numa comunicação de revivalismo, que até então não tinha sido prioridade, como sejam as viagens de carro, mota e autocaravanas por estradas fantásticas como EN2, EN 222, EN 103 ou a Rota do Românico”, assegurou.

“O Governo tem vindo a criar medidas de apoio, com vários modelos”

 Questionado sobre a necessidade do  setor ser apoiado pelo Governo, o presidente do Turismo Porto e Norte de Portugal destacou que o Governo tem vindo a criar medidas de apoio, com vários modelos.

“Numa primeira fase para responder aos impactos imediatos do setor, através da criação de linhas de apoio à tesouraria, seja das microempresas, seja das PME. Numa segundo fase, com o Programa ADAPTAR, permitindo as condições ideais para a reabertura dos estabelecimentos, seja para as microempresas, seja para as PME, gerando condições de confiança junto da procura turística, sendo ainda de referir a importância do selo Clean & Safe para este objetivo. A TPNP está ainda, em articulação muito próxima com o Governo a preparar medidas para gerar melhores condições para que as empresas possam manter a sua atividade, apostar nas novas condições que o pós-COVID vai gerar, de forma a mais rapidamente atingirmos a plena retoma do setor, do universo empresarial e da empregabilidade do setor. Estão ainda em curso negociações no âmbito da União Europeia que podem reforçar as verbas disponíveis para a reanimação económica e do turismo em particular. Acredito que, não havendo nova vaga da pandemia, a Páscoa de 2021 possa ser o momento de viragem e o regresso à normalidade, conforme a conhecíamos antes da pandemia”, confessou, garantindo estar convicto que com o desconfinamento, a reabertura da economia, o setor do turismo possa vai voltar a ganhar a visibilidade que já teve e ser apelidado como o motor da economia portuguesa.

“Temos plena convicção que assim vai ser, seja pela já atrás referida resiliência de todo o setor, seja pela grande capacidade que temos tido na resposta a desafios que nos são colocados. O Turismo em Portugal é uma atividade sustentada em condições excecionais de riqueza e de recursos com um valor turístico muito significativo, com empresas ágeis, modernas, mas também muito focadas no desenvolvimento dos seus negócios, dos seus territórios, agentes de modernização e focalização da economia. Apostamos num Norte mais Forte, daí o nosso plano para a retoma procurar assentar na valia que o nosso Destino e as nossas Empresas nos conferem, mas também nas novas abordagem que temos todos de procurar nos nossos mercados e em novos mercados emissores. Um destino como o nosso, que apenas há alguns meses atrás recebia os maiores elogios e um enorme reconhecimento internacional, não é esquecido em tão pouco tempo. Vamos regressar e vamos de novo vencer”, declarou.