Carlos Coelho, motorista de transportes internacionais, residente em Paço de Sousa, concelho de Penafiel, há vários anos que participa nas dádivas e campanhas de recolha de sangue da Associação de Dadores de Sangue Terras do Vale do Sousa, sendo um dos muitos dadores que acorre com frequência ao Hospital de S. João, no Porto, para dar sangue.
Ao Novum Canal, Carlos Coelho, dador de sangue há cerca de sete anos, confessou que o ato de dar sangue além de ser um dever cívico é também um gesto simples que pode fazer a diferença entre viver ou morrer.
Carlos Coelho confessou que a decisão de começar a dar sangue começou no clube os BTT Kunalama ADPortela – Rota do Românico em BTT, grupo criado e fundado no verão de 2008, por um grupo de amigos do concelho de Penafiel, por influência dos colegas de equipa e do presidente do próprio clube que o desafiaram a dar sangue.
“Eles já eram dadores de sangue e acabaram por me desafiar. Aceitei o desafio e desde então que dou sangue e participo quer nas campanhas da Associação de Dadores de Sangue Terras do Vale do Sousa, quer deslocando-me ao Hospital de S. João. Tenho inclusive um diploma que me foi atribuído pelo hospital”, disse orgulhosamente, salientado que dar sangue além de ser um gesto altruísta é algo que o faz sentir-se bem consigo próprio.
“Quando estou a dar sangue penso sempre que estou a ajudar alguém que me pode ajudar no futuro. Não o faço porque seja uma obrigação, nem me sinto obrigado a fazê-lo”
“Muitas vezes passamos uma vida inteira ao lado de coisas como esta, mas não há nada mais nobre do que dar sangue e poder ajudar a salvar vidas. De repente tudo muda. Foi o meu caso. Fui influenciado pelo meus amigos e tornei-me dador. Além de me sentir bem comigo mesmo, é algo que gosto de fazer, é um gesto de amor e solidariedade”, confessou, confirmando que felizmente é uma pessoa saudável, que tem muito sangue para dar e que não lhe faz falta.
“Quando estou a dar sangue penso sempre que estou a ajudar alguém que me pode ajudar no futuro. Não o faço porque seja uma obrigação, nem me sinto obrigado a fazê-lo. Faço-o, como disse, porque me faz sentir bem comigo mesmo e sei que estou a contribuir para ajudar alguém. O meu gesto pode salvar alguém ou simplesmente contribuir para minimizar o problema de saúde de alguma pessoa”, atalhou.
Carlos Coelho revelou, também, que depois de ter começado a dar sangue já influenciou outras pessoas a fazerem o mesmo.
“Felizmente já consegui influenciar outras pessoas da família, uma irmã, a minha cunhada e a minha namorada. Sinto-me bem com isso”, acrescentou.
Ao Novum Canal, o camionista de transportes internacionais confirmou, também, de entre os dadores que conhece, a maioria situam-se na faixa etária dos 30-50 anos, sendo que apenas uma pequena parte dos dadores são jovens.
“Não quer dizer que não haja dadores de sangue jovens. O que verifico é que a maioria dos dadores se situam na casa dos 30-50 anos”, afirmou.
Questionado sobre o facto das dádivas de sangue terem caído durante a fase da contenção, Carlos Coelho admitiu que nesta fase sentiu algum receio em dar sangue, um receio, atestou, aliás, partilhado por outros dadores de sangue, que durante o período de confinamento optaram por não dar sangue.
“Na fase do confinamento confesso que tive algum receio e não fui dar sangue. Felizmente que a situação no nosso país não atingiu a dimensão verificada noutros países, com o número de mortes e contágios a registarem valores elevados”, disse, manifestando, no entanto, ter algum receio que a curva epidemiológica e os valores que parecem estar a diminuir de forma consistente possam voltar a subir.
“Sinceramente temo que possa haver uma segunda vaga, como se fala, e as reservas de sangue que presentemente estão mais ou menos estáveis possam descer para níveis de há uns meses atrás”, assegurou, recordando que em Portugal apesar da Covid-19 não estar de todo resolvida, há pessoas que continuam a adotar comportamentos de risco que poderão colocar em causa todo o trabalho e esforço realizados por muitos portugueses até à data, salientando que a realização de manifestações em Lisboa, de diferentes índoles, é uma prova de que os portugueses deixaram de ter medo.
Sobre a Covid-19, Carlos Coelho avançou mesmo que enquanto não existir uma vacina, esta é uma situação com a qual as pessoas terão de conviver.
Refira-se que este domingo se assinalou o Dia Mundial do Dador de Sangue, data instituída pela Organização Mundial de Saúde que tem como propósito apelar à consciência de todos para a necessidade de aumentar os componentes sanguíneos seguros e enaltecer o contributo dos dadores de sangue que de forma voluntária contribuem para salvar vidas.