Penafidelense Beatriz Vinha participa em encontro online com empreendedores do oceano

A penafidelense Beatriz Vinha participa, esta segunda-feira, entre as 19 e as 20h00, no webinar, série de inauguração do Ocean Hub Portugal, num encontro online de empreendedores do oceano, com o título “Oceano Profundo e Florestas Marinhas”.

Além de Beatriz Vinha, a iniciativa conta com a convidada especial Raquel Gaião Silva, bióloga marinha ativa na divulgação e sensibilização.

O Ocean Hub Portugal intitula-se como um grupo criativo de jovens ambientalistas, estudantes e empreendedores que pretendem criar uma nova cultura do oceano em prol de um futuro sustentável em Portugal.

O grupo tem como missão incentivar o empreendedorismo em Jovens Líderes do Oceano, com o apoio de campanhas da Sustainable Ocean Alliance (SOA) e através da criação de Eventos, Workshops, Seminários e outras Ações Educacionais.

Ao Novum Canal, Beatriz Vinha destacou que este ciclo de webinars é o primeiro evento oficial organizado pelo Ocean Hub Portugal e pretende apresentar o Hub.

“Com este evento pretendemos também trazer ao público geral uma diversidade de temas relacionados com o Oceano, com a sua conservação e desenvolvimento sustentável. O webinar que apresentarei dia 22 de Junho “Oceano Profundo e Florestas Marinhas” é já o segundo deste ciclo. Os próximos eventos serão apresentados por outros membros da equipa Ocean Hub Portugal e contarão com a participação de vários convidados especiais. Serão divulgados nas próximas semanas através das nossas páginas oficiais (IG e FB @oceanhubportugal)”, disse.

“O Ocean Hub Portugal é formado por uma equipa criativa de jovens ambientalistas, estudantes e empreendedores que pretendem criar um nova cultura do Oceano e em prol de um futuro sustentável, em Portugal”

Questionada como surgiu esta atividade, Beatriz Vinha referiu que a atividade surgiu como evento de inauguração do Ocean Hub Portugal.

“Com a atual situação pandémica, tivemos o desafio de repensar o nosso evento de abertura para o online e achamos que um ciclo de webinars seria uma forma pertinente de dar a conhecer a missão do Ocean Hub Portugal e de capacitar o público com conhecimento sobre o Oceano”, expressou, salientando que o Ocean Hub Portugal é um “Hub” da Sustainable Ocean Alliance (SOA), uma organização norte americana que promove a liderança jovem pelo Oceano.

“Desta forma, o Ocean Hub Portugal é formado por uma equipa criativa de jovens ambientalistas, estudantes e empreendedores que pretendem criar um nova cultura do Oceano e em prol de um futuro sustentável, em Portugal. Tem assim como missão incentivar o empreendedorismo e educação ambiental em Jovens Líderes do Oceano, com o apoio de campanhas da SOA e através da criação de Eventos, Workshops, Seminários e outras ações educativas”, sustentou, esclarecendo que o  Ocean Hub Portugal foi criado recentemente, no início deste ano, e foi fundado pela Ana Vitória Tereza e pela Eugénia Barroca.

“Mais tarde fui convidada a juntar-me à equipa e atualmente somos já uma equipa de seis jovens mulheres de diferentes áreas de atuação pelo o oceano”, concretizou.

Beatriz Vinha declarou que o SOA Ocean Hub Portugal tem com principais propósitos inspirar os jovens portugueses a criar novos caminhos sustentáveis e a tornarem-se jovens líderes do Oceano em Portugal, e a conectá-los à comunidade SOA.

“Queremos formar uma plataforma de apoio e empoderar os jovens, ao facilitar o acesso à educação ambiental e literacia do oceano. Por isso, aproveito a oportunidade para convidar todos os jovens interessados, com idades entre os 15 e 35 anos, a nos contactar para serem parte desta comunidade por um Oceano sustentável em Portugal”, avançou.

A jovem penafidelense assumiu que a equipa está já a preparada outras atividades para o Ocean Hub Portugal , tendo sempre com propósito criar um nova cultura do Oceano e em prol de um futuro sustentável, em Portugal.

“Temos muitas atividades planeadas para o Ocean Hub Portugal. Nos próximos meses serão provavelmente atividades online, mas assim que se reúnam as condições favoráveis, apresentaremos também vários eventos presenciais. Basta só seguir as nossas redes sociais para estar a par das novidades e dos próximos eventos”, afirmou.

“Portugal tem a terceira maior Zona Económica Exclusiva da União Europeia e uma das maiores do Mundo”

Ao Novum Canal, Beatriz Vinha admitiu que urge criar uma nova cultura do oceano em prol de um futuro sustentável em Portugal.

“Sem dúvida! Portugal tem a terceira maior Zona Económica Exclusiva da União Europeia e uma das maiores do Mundo. E muita da cultura de Portugal está relacionada com o Mar. É necessário olhar para o Mar português não só como um recurso económico mas também como recurso importantíssimo de biodiversidade e capaz de fornecer vários serviços ecossistémicos e de regulação do Planeta”, concretizou.

“Considero que ainda há muita coisa a fazer no que toca a políticas de pesca sustentável, criação de áreas marinhas protegidas e na atuação contra as alterações climáticas”

Em matéria de ação política, a jovem com o mestrado Internacional em Biodiversidade e Conservação Marinha, admitiu que tem existido mobilização publica, mas realçou ser necessário mais atuação política.

“Temos visto muita mobilização pública para a conservação do Oceano em várias áreas de atuação, por exemplo como as alterações climáticas e até redução do uso de plástico. E isto não é só em Portugal mas no Mundo Inteiro. No entanto, para esta mobilização pública ser eficiente é necessária atuação política. A proibição dos plásticos de único uso até 2021 por parte das União Europeia é uma grande vitória. E entre 2021-2030 será a Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Estes são exemplos de passos muito importante para a Conservação dos Oceanos, no entanto, considero que ainda há muita coisa a fazer no que toca a políticas de pesca sustentável, criação de áreas marinhas protegidas e na atuação contra as alterações climáticas. Os próximos anos serão decisivos para o futuro do Oceano e a atuação política é muito importante para garantir esse futuro”, afiançou.

Questionada se o mar tem sido encarado como um potencial ativo económico, Beatriz Vinha defendeu que esse potencial económico não tem vindo a ser gerido da melhor forma, uma vez que nem sempre tem em consideração a garantia da sustentabilidade do Oceano.

“Na minha opinião, este potencial económico não tem vindo a ser gerido da melhor forma, uma vez que nem sempre tem em consideração a garantia da sustentabilidade do Oceano. Agora com toda esta situação relacionada com a Covid-19, temos uma oportunidade crucial para alinhar a recuperação da economia com a regeneração, conservação e sustentabilidade de todos os ecossistemas tanto marinhos como terrestres. É uma oportunidade importante para descarbonizar a nossa economia, atuar na transição energética e olhar para os serviços ecossistémicos e para a biodiversidade como aliado na recuperação económica”, manifestou. 

Confrontada sobre o trabalho que tem sido realizado ao nível da consciencialização e da educação ambiental, a jovem penafidelense recordou que têm existido avanços e estão a surgir vários projetos de conscientização neste domínio.

“Lembro-me que durante todo o meu percurso até ao ensino secundário foi muito pouca a informação que recebi sobre os ecossistemas marinhos e a sua Conservação. E apesar de não ter passado assim tanto tempo, acho que hoje em dia há uma melhora significativa nesse sentido. Neste momento estão a surgir vários projetos de conscientização para a educação ambiental, o que é ótimo! Sou bastante otimista e acho que o movimento ambiental está em fase de ascensão e espero que em breve vamos ter uma geração inteira que considere que a única saída possível é viver um estilo de vida que respeite e que esteja em sintonia com o Planeta”, acrescentou.

“Tenho vindo a trabalhar em vários projetos relacionados com a pesca artesanal e também em outros relacionados com mamíferos marinhos”

Falando dos projetos que já desenvolveu, Beatriz Vinha  lembrou que dentro da Biologia Marinha há várias áreas de atuação e investigação, assumindo ter interesse em diversas áreas.

“Acho que isso se deve à enorme paixão que sinto pela conservação da biodiversidade marinha, em geral. Por isso, tenho vindo a trabalhar em vários projetos relacionados com a pesca artesanal e também em outros relacionados com mamíferos marinhos. No entanto, a área de investigação que tenho mais interesse, e onde realizei trabalhos mais relevantes, é relacionada com o Oceano Profundo e com a biodiversidade da megafauna bentônica neste ecossistema (como Corais de Água Fria e Esponjas Marinhas). Foi nesta área que fiz a minha tese de mestrado e é também sobre isto que vou falar no webinar de amanhã. O Oceano Profundo é fascinante! Há ainda muita falta de informação científica e, infelizmente, ao mesmo tempo, sofre também com diversas pressões antropogénicas e precisa, por tudo isto, de especial atenção”, asseverou.

A jovem penafidelense atualmente está a trabalhar como guia e coordenadora científica numa empresa de ecoturismo sustentável relacionada com a observação de cetáceos.

“Muito do meu trabalho está relacionado com a comunicação científica para sensibilizar as pessoas para a conservação destes animais e do habitat marinho. Sou também a “Science and Conservation Manager” do Ocean Hub Portugal, e estou a adorar fazer parte desta equipa tão dinâmica! Recentemente fui uma dos 100 jovens de todo o mundo selecionada para participar no Water Innovation Labs (WIL) da ONG canadense Waterlution, um programa de liderança e desenvolvimento para a inovação na água. Esta tem sido uma experiência de aprendizagem muito enriquecedora e está ser muito útil no desenvolvimento de projetos relacionados com o Ocean Hub Portugal mas também num projeto pessoal de comunicação científica que pretendo lançar brevemente. Por último, um dos meus próximos objetivos é começar o doutoramento e por isso tenho vindo a preparar um projeto científico e estou, neste momento, no processo de candidatar-me a várias bolsas para conseguir financiamento”, adiantou.

Beatriz Vinha iniciou o seu percurso formativo fazendo a licenciatura em Biologia Marinha na Universidade do Algarve. Fez o Mestrado Internacional em Biodiversidade e Conservação Marinha, um consórcio entre várias universidades europeias entre elas a Universidade Sorbonne, na França, e a Universidade de Gent, na Bélgica.

Depois de terminar este ciclo académico, tem vindo a enriquecer o seu percurso profissional com outros projetos de investigação científica e de comunicação de conservação do oceano.